Vai nevar: Brasil terá semana de frio muito intenso e com 'chuva congelante'

Quem gosta de frio pode comemorar. O Brasil terá uma semana com baixas temperaturas, geada e até neve em algumas cidades, conforme previsão divulgada por meteorologistas para a próxima segunda-feira (16) e dias seguintes. Em São Paulo, por exemplo, haverá mínima de 7°C e para outros estados há expectativa de "chuva congelante".

"Para quem está sentindo frio agora, digo que o frio ainda nem começou", prevê o meteorologista do Clima tempo, César Soares. "Esse pode ser o episódio de frio mais intenso deste ano."

Na internet, algumas pessoas vêm classificando a previsão de frio como "erupção polar histórica". Mas o especialista explica que o termo não existe na literatura da meteorologia e que, tecnicamente, o que vai ocorrer é uma "massa polar muito intensa". Veja abaixo as mínimas previstas para as capitais do País na próxima semana:

Temperaturas mínimas

Fonte: Climatempo

O frio mais intenso será entre os dias 16 e 22 e todos os estados do Centro-Sul do Brasil devem ser impactados. De acordo com César, o frio da próxima semana se destaca devido ao deslocamento da massa de ar polar que vai coincidir com a passagem de um ciclone extratropical, o que vai trazer umidade e possibilitar a ocorrência de eventos menos comuns: queda de neve e precipitação da chamada "chuva congelante". O texto conta com informações do "g1".

Neve e chuva congelante

A chuva congelante é um evento raro no Brasil. O meteorologista explica que, a princípio, a chuva ocorre de forma normal, mas a gotícula de água se congela ao tocar uma superfície. 

"(Quando ocorre uma chuva congelante), você vê as gotas caindo, mas olha as pessoas na rua e as pessoas não se 'molham', porque a gota congela quando toca a superfície", explica o meteorologista. 

Já a neve é um fenômeno mais comum em algumas cidades brasileiras mais altas: os flocos são formados já na nuvem e chegam ao solo no mesmo estado. A neve deve cair em municípios da Serra Gaúcha e algumas cidades da região central de Santa Catarina na terça-feira (17) e quarta-feira (18). 

Frio abaixo de 10ºC em SP

Um dos destaques na previsão da próxima semana são as temperaturas abaixo de 10°C no estado de São Paulo. A previsão mais recente traz possibilidade de mínimas em torno de 7 a 9°C. 

A título de comparação, em 2016, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) na estação do Mirante de Santana, a oficial da capital São Paulo, a temperatura de 9,5°C, uma das mais baixas do histórico recente.

O que já é considerado muito frio para alguns paulistas, pode ser ainda mais gelado para moradores de Urupema, em Santa Catarina, onde a previsão é de que os termômetros cheguem a marcar -8°C.

Geada em vários estados

Uma camada de gelo deve se formar em superfícies expostas ao ar live. O fenômeno conhecido como geada também está previsto para a próxima semana em algumas localidades brasileiras. Há previsão de geada em várias áreas entre os dias 19 e 22 de maio (quinta a domingo). 

A probabilidade é maior nos estados do Sul, no sul e oeste paulista, em Mato Grosso do Sul e no sul de Minas Gerais. Até mesmo a capital paulista tem chances de experimentar o fenômeno na semana que vem, segundo o meteorologista César Soares. 

"Dessa vez, no Sul, não só as áreas mais altas devem registrar geada, mas até em Curitiba a chance é bastante alta", aponta a Climatempo. 

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, o frio intenso vai afetar também estados do Norte do País. "No Acre e em Rondônia, o frio deve causar o segundo episódio de friagem do mês", afirma o Inmet, citando que o primeiro episódio ocorreu entre os dias 4 e 5.

La Niña mais intensa

O fenômeno La Niña, cuja principal característica é o esfriamento das águas do Oceano Pacífico, está ocorrendo de forma incomum no ano de 2022. O fenômeno provoca invernos rigorosos e secas severas, sendo que a região Sul costuma ter mais chuvas e as regiões Norte e Nordeste acabam tendo menos precipitações.

Conforme análise do serviço de meteorologia MetSul, o atual comportamento do La Niña não é regular. "O episódio que se iniciou em agosto do ano passado normalmente atinge seu pico de intensidade entre o fim do ano e o começo do ano seguinte. Na sequência, começa a perder intensidade e, via de regra, há uma transição para neutralidade no outono do ano seguinte", esclarece, em nota, a meteorologista Estael Sias. 

"Não é o que ocorre em 2022. A La Niña voltou a ganhar força agora no outono e fazia muito tempo que o Pacífico não se encontrava tão frio na região equatorial nesta época do ano" afirma Estael com base em dados da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), a agência climática dos EUA.