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Brasil

Flexibilização do uso de máscara torna urgente vacinação infantil

Crianças só devem tirar as máscaras em áreas abetas de escola se tiverem as duas doses da vacina, dizem pediatras

Gladys Magalhães

Publicado em 13/03/2022 às 10:05

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Até o momento, 3,7 milhões de crianças entre 5 e 11 anos já receberam a vacina contra o coronavírus nas cidades paulistas / Renan Otto / PMSG

Na última quarta-feira, 9 de março, o governador de São Paulo João Doria assinou o decreto que flexibiliza o uso de máscaras no Estado. Com a medida, o uso da máscara passa a não ser obrigatório nas áreas abertas, incluindo os ambientes ao ar livre das escolas.

A medida torna mais urgente a vacinação infantil contra a Covid-19. Ao menos, essa é a opinião dos profissionais consultados pela Gazeta de S. Paulo, o pediatra Nelson Douglas Ejzenbaum, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria e da Academia Americana de Pediatria, e da infectologista pediátrica Ana Loch, membro da Sociedade Brasileia de Pediatria.

“A flexibilização torna mais importante a vacinação, pois a vacina impede ou dificulta que a criança pegue o vírus e se pegar o risco de morte é menor. Ao flexibilizar o uso de máscara se torna mais fácil contrair o vírus,  mesmo com índices menores”, diz Nelson.

Vacinação
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo,  até o momento, 3,7 milhões de crianças entre 5 e 11 anos já receberam a vacina contra o coronavírus nas cidades paulistas. Segundo dados do vacinômetro infantil, disponíveis no site Vacina Já, o montante corresponde a 71,5% de crianças desta faixa etária com a primeira dose e apenas 22,94% com esquema vacinal completo, ou seja com as duas doses da vacina.

Uma pesquisa recente divulgada pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) mostra que mais de 59% dos municípios brasileiros relatam resistência da população à vacinação de crianças. Outro estudo, por outro lado, realizado pelo grupo de modelagem da dinâmica de transmissão do coronavírus no Brasil, composto por pesquisadores de diversas universidades, aponta que se a vacinação infantil atingisse a média de um milhão de doses por dia no Brasil, até abril, seriam evitadas 5,4 mil hospitalizações e 430 mortes de crianças entre 5 e 11 anos. Porém, em fevereiro, a média de doses estava em 250 mil por dia.

Para Ana, as notícias falsas explicam um pouco da resistência. “Existe muita fake news, proferidas muitas vezes até por profissionais da área da saúde, porém sem nenhum embasamento científico, alegando que a vacina pode ocasionar efeitos adversos à criança a longo prazo. Além disso, muitos pais acreditam que a COVID-19 não afeta a criança com tanta frequência quanto nos adultos , mas sabemos que o objetivo principal  da vacinação em crianças  é evitar as complicações da COVID-19, que têm sim acometido os pequenos.”

Nelson lembra ainda das dúvidas sobre eventuais efeitos adversos da vacina. “Todas as vacinas têm efeito adverso, porém a porcentagem de efeitos adversos graves é muito baixa, as consequências de se pegar a doença é muito maior”, ressalta.

A polêmica das máscaras
Na última segunda-feira, 7 de março, integrantes do movimento Escolas Abertas protestaram na frente da casa do secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn, pela mudança nas regras nas escolas e liberação das máscaras em todos os ambientes. Segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo, um dos argumentos dos integrantes é de que as máscaras prejudicam o desenvolvimento das crianças. Ana, entretanto, diz que não há comprovação científica de tal fato.

“Não há comprovação científica suficiente para concluir que o uso de máscaras possa impactar o desenvolvimento das crianças. Fala-se que as crianças se utilizam da leitura labial para ajudar em seu aprendizado e alfabetização e que necessitam observar os rostos das pessoas para interpretar seus sentimentos, o que também não foi comprovado. Por outro lado, observou-se que as crianças se adaptaram muito bem ao uso de máscaras (melhor até que os adultos) e isso não estava trazendo nenhum prejuízo a elas, muito pelo contrário, as máscaras evitam o contágio de muitas infecções respiratórias, além da COVID-19”, argumenta a profissional.

Diante da flexibilização do uso de máscaras em espaços abertos, algumas escolas já estão mandando comunicados avisando que adotarão o uso facultativo de máscaras em espaços abertos, é o caso dos colégios Humboldt, Brasil Canadá e Mary Ward, todos na capital paulista. Para a média, a medida só deve ser adotada por quem já tem as duas doses da vacina.

“O ideal seria que apenas as crianças que já possuem as duas doses da vacina possam retirar as máscaras em lugares abertos. A principal forma de proteger as crianças e prevenir a COVID-19 no momento é através do esquema completo de vacinação.  Além disso, devem-se manter as outras medidas de segurança que já vem sendo adotadas: ambientes arejados/ bem ventilados, evitar aglomerações, uso frequente de álcool gel e distanciamento”, ressalta Ana.

Covid em crianças
A contrário do que muitos imaginam a Covid-19 pode sim atingir as crianças. Atualmente, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, 67,4% dos 400 leitos pediátricos da rede estadual destinados aos casos de coronavírus estão ocupados.

Segundo Ana, de modo geral, a COVID-19 em crianças se manifesta com sintomas gripais leves, com ou sem febre, coriza, congestão nasal, dor de garganta, dor no corpo e tosse, podendo evoluir ou não para casos mais graves.

“Mesmo que não seja tão agressiva na criança, a COVID-19 pode sim representar uma ameaça aos pequenos, pois podem causar complicações tardias como a SIM-P e a COVID longa, que podem vir a ser  potencialmente graves”, finaliza.

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