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Bloco mais tradicional de São Paulo comemora 70 anos nas ruas do Bixiga

Com suas marchinhas e debaixo de muito sol, o bloco reuniu muitas crianças e também os moradores mais antigos do bairro, que ajudaram a criar os Esfarrapados

Agência Brasil

Publicado em 27/02/2017 às 18:30

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O bloco mais antigo da cidade de São Paulo comemora 70 anos hoje (27). E para celebrar a data, o grupo Esfarrapados saiu mais uma vez às ruas do Bixiga, bairro com grande concentração de imigrantes italianos no centro da cidade. Com suas marchinhas e debaixo de muito sol, o bloco reuniu muitas crianças e também os moradores mais antigos do bairro, que ajudaram a criar os Esfarrapados.

O grupo surgiu no carnaval de 1947 e foi fundado pelos amigos Armandinho Puglisi, Walter Taverna, Tinin, Capuno e Carabina. Um cartaz espalhado pelas ruas do bairro conta um pouco da história do bloco: “Cada um providenciou uma roupa e, com um punhado de latas vazias e panelas, saíram batucando pelas ruas do bairro”.

“O bloco foi fundado assim: para você trazer a sua fantasia, seja ela qual for, e vir curtir. Essa magia foi sendo espalhada”, contou o puxador do bloco Gleison Pego, o Mineiro. “É trazer a sua fantasia e trazer para o bloco a sua alegria”, ressaltou.

Para celebrar a data, a diretoria do bloco conseguiu levar para a rua um antigo bonde que passava pelo local - e que hoje foi bastante fotografado pelos foliões. O bonde vai circular pelo bairro junto com o bloco. “O bonde é uma referência à forma de transporte que São Paulo teve até os anos 60, e o bairro da Bela Vista [como também é chamado o Bixiga] tinha o bonde da Bela Vista que circulava pelas ruas.  Procuramos e encontramos uma réplica autêntica nas cores e no formato do bonde para trazer de lembrança não só para quem já tinha visto e usado, mas para o pessoal novo, para ver como era o Bixiga naqueles tempos”, disse Maurizio Bianchi, presidente do bloco.

Tinin, 81 anos, um dos fundadores do grupo, mas que prefere dizer que é apenas um acompanhante do bloco há 70 anos, emocionou-se com a festa deste ano. “Fiquei olhando e tinha mais de 100 crianças brincando. Chamei os pais e as mães e falei: 'vocês sabem quem são essas crianças para nós? São o futuro bloco dos Esfarrapados'. Elas é que vão dar a continuidade à nossa tradição”, disse ele, rindo. Tinin também se emocionou ao ver o bonde estacionado na rua Conselheiro Carrão, ao lado do bloco, e relembrou os tempos em que entrava no vagão para namorar. "A gente ia no fundo do vaguão e, quando apagava as luzes, a gente dava uns beijinhos", contou.

70 anos de carnaval

Segundo Bianchi, nesses 70 anos, o bloco nunca deixou de sair às ruas. “Com todas as dificuldades e situações – e o bloco passou por períodos bem difíceis – ele conseguiu se manter, se restabelecer e estamos fazendo ele caminhar”.

O jornalista Luiz Espanha, 58 anos, é presença constante nos Esfarrapados. “Saio nesse bloco desde o começo dos anos 80. É um dos melhores de São Paulo e do país. Aliás, o carnaval de São Paulo chegou e arrebentou e ninguém segura mais”, afirmou. “Ele [o bloco] toca música de carnaval, tem um clima muito bom, é seguro e alegre. E carnaval é alegria”, disse o jornalista, que esteve também em outros blocos pela capital e reclamou da falta de organização em alguns deles. “Estão colocando grandes blocos em ruas bem estreitas. Quando você espreme o povo na alegria e na cultura, você provoca violência. Faltou organização. Grandes blocos precisam de mais espaço”.

Moradora do bairro, a dona de casa Rosa Santos, 41 anos, trouxe a filha Elen, de 7 anos, para curtir o bloco. “Ela gosta de carnaval e desses bloquinhos”, contou a mãe. Rosa disse que já levou a filha também para curtir outras blocos pela região. “Para quem gosta, é muito legal. E ela gosta bastante, pula muito”, disse.

Carnaval de rua

O penúltimo dia de carnaval na capital paulista terá a apresentação de 31 blocos. A cantora Elza Soares e a banda Bixiga 70 encerram a programação desta segunda-feira no Largo da Batata, na zona oeste.

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