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Japão pode se tornar quinto país a pousar na Lua nesta sexta (19)

Caso dê certo, o Japão será o quinto país a realizar a façanha, depois de Rússia, EUA, China e Índia

Salvador Nogueira/Folhapress

Publicado em 17/01/2024 às 11:47

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No último domingo (14), a espaçonave concluiu a manobra de circularização de sua órbita, estabilizando-se a cerca de 600 km da superfície lunar / Divulgação/Nasa

Dando sequência à intensa temporada de missões lunares não tripuladas, chegou a vez de a Jaxa (agência espacial japonesa) fazer sua tentativa de realizar um pouso suave na Lua. Caso dê certo, o Japão será o quinto país a realizar a façanha, depois de Rússia (então parte da antiga União Soviética), EUA, China e Índia.

A sonda Slim (sigla para Smart Lander for Investigating Moon, ou Pousador Inteligente para Investigação da Lua) representa a primeira tentativa estatal japonesa de conduzir uma alunissagem, anos depois da missão orbital bem-sucedida de mapeamento lunar com a espaçonave Selene (também chamada de Kaguya), que operou entre 2007 e 2009.

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Não é, contudo, a primeira tentativa por parte dos japoneses de pousar um artefato na Lua. No ano passado, a empresa nipônica ispace falhou em sua tentativa de chegar à superfície lunar com seu módulo Hakuto-R, puxando uma fila de missões privadas que prosseguiria com o lançamento do módulo Peregrine, espaçonave da empresa americana Astrobotic, em 8 de janeiro deste ano.

O módulo teve um problema com seu sistema de propulsão, com ruptura de um tanque e vazamento de propelente, o que condenou a missão. Incapaz de pousar na Lua, e para evitar a criação de lixo espacial no espaço cislunar, a Astrobotic decidiu deixar a espaçonave numa trajetória que a trará de volta à Terra, onde queimará na atmosfera, nesta quinta (18).

A Jaxa espera ter mais sorte com a Slim, não só demonstrando a capacidade de descer à superfície, mas ao fazer isso com um nível de precisão jamais atingido antes. Até já houve alunissagens com precisão bem razoável no passado como a exemplar Apollo 12, que pousou a menos de 200 metros da sonda Surveyor 3, então pilotada por um humano, Pete Conrad, em novembro de 1969.

A Slim quer elevar isso a um novo patamar, pousando a menos de 100 metros de um alvo designado. "Pouso de precisão é tecnologia mandatória para a próxima geração de exploração lunar", diz Shin-ichiro Sakai, gerente do projeto Slim na Jaxa.

A tecnologia de pouso preciso será essencial para atingir locais de difícil acesso onde exista grande interesse científico ou se possa explorar recursos naturais, como gelo de água. Os japoneses esperam demonstrá-la em um veículo leve, não tripulado e de custo relativamente modesto estima-se que a agência japonesa tenha despendido cerca de US$ 120 milhões na missão.

Com modestos 590 kg, a Slim foi lançada ao espaço em 6 de setembro de 2023, por um foguete H-IIA, a partir do Centro Espacial de Tanegashima. Pegando uma rota de baixa energia até a Lua, a sonda entrou em órbita do satélite natural em 25 de dezembro e, até o momento, tem funcionado como o esperado.

No último domingo (14), a espaçonave concluiu a manobra de circularização de sua órbita, estabilizando-se a cerca de 600 km da superfície lunar. A partir de então, a sonda vai manobrar para reduzir o perilúnio (ponto de máxima aproximação com a Lua) gradualmente até que ele chegue a meros 15 km da superfície. A partir daí, por volta do meio-dia desta sexta (19), a nave iniciará seu procedimento de descida para a cratera Shioli (próximo ao equador lunar), que deve se concluir em cerca de 20 minutos.

O módulo de pouso adotará uma estratégia jamais usada antes, em que a descida se dá na vertical e só após tocar as pernas traseiras no solo o veículo se assenta na horizontal. Caso tenha sucesso nessa manobra, a Slim deve liberar dois pequenos rovers, um deles uma cópia do que voou na Hakuto-R, em sua tentativa fracassada de alunissagem, no ano passado.

A Jaxa espera, com isso, se equiparar à Isro (agência espacial indiana), que encantou o mundo com seu primeiro pouso lunar, em 23 de agosto do ano passado, com a missão Chandrayaan-3. Mas essa certamente não será a última tentativa de alunissagem neste ano.

A empresa americana Intuitive Machines pretende fazer sua primeira tentativa em fevereiro, e a China prepara para maio sua missão Chang'e-6, destinada a ser a primeira a colher amostras do lado afastado da Lua. A Astrobotic tinha um segundo lançamento marcado para o fim deste ano, mas, com a falha do Peregrine, não está claro se o cronograma original será mantido.
 

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