06 de Maio de 2024 • 16:20
Gestante citou zika vírus e evitou a expulsão ao Brasil / Arquivo/DL
Grávida de sete meses e prestes a ser deportada, a paulista Deiseane Santiago, 22, conseguiu autorização para permanecer no Reino Unido até depois do parto.
Ela teve o pedido de extensão do visto inicialmente negado, mas recorreu e conseguiu evitar a deportação alegando ter medo da epidemia de zika no Brasil. Estudos indicam que a doença provocada pelo vírus pode causar microcefalia e outras alterações cerebrais em bebês.
O governo britânico decidiu autorizar a brasileira a ficar no país de "forma excepcional" até o dia 31 de outubro, um mês depois do nascimento do bebê. O parto está previsto para setembro.
"Eu me sinto aliviada. Agora meu filho poderá nascer num ambiente seguro", afirmou a brasileira ao jornal "Leicester Mercury".
A notícia repercutiu na mídia britânica, que havia noticiado no mês passado o risco de deportação da brasileira.
Há três anos e meio, Deiseane conheceu o britânico Simon Ellis, 26, pela internet. O relacionamento virou namoro e ela viajou para visitá-lo em novembro passado em Leicestershire, na Inglaterra. Ficou grávida em janeiro.
A brasileira tinha um visto válido por cinco meses. Com medo da zika, o casal adiou a mudança para o Brasil para depois do parto e pediu a extensão do visto até novembro, com base em um atestado médico que alertava para os riscos da viagem.
O pedido foi negado e Deiseane recebeu um comunicado de que poderia ser deportada a qualquer momento.
Discriminatório
Carta do Departamento de Imigração inicialmente reconheceu que mulheres grávidas deveriam evitar países com "transmissão ativa de zika" como o Brasil, mas alegou que a recomendação valia apenas para "cidadãs britânicas viajando a países afetados". O casal recorreu, depois de classificar a decisão do governo britânico de "racista e discriminatória".
Após saber que o recurso havia sido acatado, o pai do bebê disse que tirou um peso enorme dos próprios ombros. "Eu estava tão preocupado, agora podemos cuidar do nascimento do meu filho", afirmou.
Deiseane e Simon ficaram noivos há cerca de dois meses e pretendem passar uma temporada no Brasil. Segundo os últimos dados do Ministério da Saúde, do dia 23, o país teve desde outubro 1.749 casos confirmados de microcefalia -outros 3.062 estão sendo investigados.
O Reino Unido tem fechado o cerco a imigrantes ilegais. Nesta semana, uma rede de hamburguerias teve 35 funcionários detidos pela imigração, entre eles brasileiros, por estarem trabalhando ilegalmente no país. A empresa teria convocado funcionários para um treinamento, mas, na verdade, tratava-se de uma batida policial. Alguns conseguiram escapar.
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