De família italiana, Bechelli conta que os seus pais e parentes vieram da Itália / Divulgação - Prefeitura Itanhaém
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O professor, psicólogo e diácono Ernesto Bechelli, de 66 anos, fala sobre a sua forte ligação com Itanhaém. Ele destaca a importância em manter as festa tradicionais religiosas, que já fazem parte da história de Itanhaém. A Cidade completa 492 anos nesta segunda-feira (22).
De família italiana, Bechelli conta que os seus pais e parentes vieram da Itália como imigrantes e trabalharam, no início, na estação de trem Pai Matias, no sentido Interior, como lenhadores.
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Na década de 1950, em função da carência de madeira e questões ambientais, eles se deslocaram e foram trabalhar na região do ABC. Apenas os seus pais decidiram morar e trabalhar em São Vicente.
Mais tarde, eles receberam uma proposta para trabalhar na Comape – uma mercearia que era montada em um vagão, na estação Ferroviária em Itanhaém, em 1955, onde oferecia produtos básicos e mais baratos à população.
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“No início, eles moraram na casa de dona Zulmirinha Gatto e seu esposo Manoel Gatto. Alguns anos depois, eles compraram uma das casas do casal, na avenida Rui Barbosa, no centro, e montaram uma mercearia para vender alimentos”, conta.
Ernesto Bechelli nasceu em casa com uma parteira, no ano de 1958, em Itanhaém. Sua família era católica e sempre participou das festas religiosas da Cidade.
Ele acompanhava todas as festas tradicionais, como a Festa do Divino, a da Padroeira Nossa Senhora da Conceição e do Reisado de Itanhaém, desde criança.
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“Sempre recebemos o grupo do Reisado de Itanhaém em casa. Na época, a maior parte era formado por homens e os músicos tocavam os instrumentos de sopro. Com o tempo, o grupo começou a ter a participação de crianças e mulheres”.
E como participa do Reisado desde 1975, no próximo ano, ele vai completar 50 anos de Reisado na Cidade.
Com a morte de alguns integrantes mais antigos, como o Bubuca e o memoralista José Rosendo, Bechelli começou a reestruturar o grupo do Reisado, em 1989.
“Decidimos introduzir a Bandeira e alguns instrumentos de percussão, além dos três personagens representando os Reis Magos e que, hoje, são formados por mulheres”, destaca.
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Bechelli relembra ainda a Festa do Divino realizada em tempos antigos. Na época alguns rituais eram realizados na casa de dona Zulmirinha, entre as décadas de 1960 e 1970. A Festa do Divino é Pentecostes, período que ocorre 50 dias após a Páscoa, na liturgia católica.
O momento mais marcante, segundo Bechelli, foi em 1975, quando ele foi o Imperador. “A partir daí, a Festa começou a ter um significado diferente e tive uma participação mais efetiva”, explica.
Em 2005, foi montada a Aprodivino – Associação Pró-Festa do Divino de Itanhaém, com o objetivo de dar apoio e se tornar um canal entre os festeiros e a prefeitura de Itanhaém.
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“Nossa intenção era de preservar a tradição, orientar os festeiros e reeditar a Folia do Divino – que hoje passa com as bandeiras nas casas, em dez bairros da Cidade e percorre cerca de 700 casas. A Folia, antigamente, era feita na parte rural, visitando as casas dos moradores nas fazendas”.
A Folia do Divino também ajuda a arrecadar doações, em dinheiro, feitas por moradores para colaborar com os festeiros.
Na opinião de Bechelli, é fundamental preservar as festas tradicionais da Cidade.
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“Itanhaém está crescendo, mas infelizmente, muitas pessoas não conhecem a Festa do Divino. Ainda preservamos o núcleo de pessoas antigas que são poucas. É muito importante que seja mais conhecida pela população”, ressalta.
Para ele, o momento mais marcante é a “Erguida do Mastro”, na abertura dos festejos, além de outros rituais.
“Os mais antigos estão partindo, como a dona Therezinha Gatto, uma das referências que faleceu no mês de fevereiro. Nossa geração é que deve manter a tradição”, completa.
Para Bechelli, que já atuou como diretor de Cultura no final da década de 90, Itanhaém apesar de completar 492 anos, ainda precisa crescer e oferecer melhor condição de vida à população.
“Um ganho para a Cidade seria explorar esse lado das tradições culturais. O que falta em Itanhaém é ter uma identidade cultural, já que é uma cidade litorânea e ainda tem a sua cultura caiçara. Não basta apenas oferecer as praias como atrativo turístico”, conclui.