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Rubem Fonseca elevou o gênero policial a uma grande arte / ZECA FONSECA/DIVULGAÇÃO

Escritores, intelectuais, artistas e personalidades lamentaram a morte do romancista e contista Rubem Fonseca, aos 94 anos, nesta quarta-feira, 15. O autor de Agosto e Feliz Ano Novo sofreu um enfarte em seu apartamento, no Rio de Janeiro.

O escritor André de Leones, leitor contumaz da obra de Fonseca, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo: "Rubem Fonseca é tão imprescindível em 2020 quanto era em 1963, ano em que publicou seu livro de estreia, Os Prisioneiros. Acho importante ressaltar isso porque a recepção de sua obra sofre em várias frentes, seja com a má vontade em relação aos livros mais recentes (como o excelente Amálgama, que resenhei para este jornal), seja com as leituras preguiçosas e contaminadas que ainda se faz por aí. Seu trabalho como passeador noturno das nossas ruínas não se esgotou com o término da Ditadura Militar, conforme demonstram obras-primas posteriores como O Buraco na Parede e Pequenas Criaturas. Pelo contrário, a brutalização que sua obra investiga só se adensou nas últimas décadas e, sobretudo, nos últimos anos. Seus contos e romances traduzem à perfeição a atmosfera asfixiante do nosso país falhado, enfermo e em processo de implosão."

O escritor português Valter Hugo Mãe publicou uma foto com Fonseca em suas redes sociais e afirmou: "Desolado com a notícia da morte de Rubem Fonseca, essa maravilha das letras do mundo. Querido amigo, querido magnífico escritor que tanto me honrou, tanto me inspirou. Adeus, mestre. Obrigado."

O escritor Joca Reiners Terron também lamentou a perda: "Morreu Rubem Fonseca (1925-2020). Boa viagem e obrigado por tudo, mestre do universo."

A escritora Andréa Pachá prestou sua homenagem nas redes sociais: "Viver quase 95 anos, escrever com a potência de Rubem Fonseca, e não se submeter ao mercado, nem negociar com princípios é para poucos e raros. Não é triste uma partida assim. É um privilégio."

José Eduardo Agualusa comentou nas redes que Fonseca foi importante para sua formação: "Tenho todos os livros dele e continuarei a lê-lo, como sempre o leio quando preciso me sentir inquieto para escrever. Escritores morrem quando deixam de ter leitores."

O escritor, tradutor e pesquisador Fábio Fernandes se manifestou em suas redes: "Rubem Fonseca foi a minha grande referência na escrita de ficção e jornalística, junto com Hemingway."

Comparável a Machado
Para Sérgio Sant'anna, Fonseca deixou uma "marca inesquecível na literatura urbana brasileira". "É uma grande perda para a cultura, mas viveu uma vida de bom tamanho. Deixou uma obra importante, no meu entender principalmente nos seus primeiros livros", afirma o autor, que se especializou em contos, assim como Fonseca. "Em relação ao Rio de Janeiro, que é minha cidade, ele deixa um depoimento que acho que pode ser comparado ao de Machado de Assis."

O autor de "Agosto" também ficou conhecido, pessoalmente, como alguém recluso e um pouco arisco. Sant'anna contesta essa impressão. "Ele tinha uma generosidade, uma afabilidade que pouca gente pode saber, porque ele era tão arredio com a imprensa... Mas era capaz de dar a maior atenção a um escritor novato. Tinha um tesão pela literatura."

O escritor conta sobre como enviou a ele uma cópia de seu primeiro livro, "O Sobrevivente" (1969), e depois recebeu uma foto da obra posicionada na escrivaninha de Fonseca, dando a entender que estava sendo lida. "A literatura estava meio clássica. ele saiu botando pra quebrar com alto nível. Pesquisava bastante para fazer os contos dele. Uma vez telefonei para ele porque precisava saber como era um julgamento de um crime de estupro. Ele me deu uma aula sobre isso."

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