14 de Maio de 2024 • 04:47
Casapueblo, no litoral uruguaio / Reprodução/Site oficial
A canção de Vinicius de Moraes é conhecida por todos: “Era uma casa muito engraçada / Não tinha teto, não tinha nada...” Poucos sabem, porém, que a letra tinha um fim diferente, que acabou ficando de fora da gravação final no disco Arca de Noé, de 1980: “Mas era feita com pororó / Era a casa de Vilaró”.
Vilaró era Carlos Páez Vilaró, um artista uruguaio responsável pela construção da Casapueblo, uma obra suntuosa em Punta Ballena, no litoral do país vizinho, pertinho de Punta del Este. O artista plástico começou a construir o casarão em 1958 e acrescentou, aos poucos e durante décadas, novas estruturas e cômodos ao local.
Depois, pintou tudo de branco, “para interagir com o azul do céu”, disse. A Casapueblo era considerada “sua escultura habitável”.
Vinicius entrou na história quando fez ao lado do parceiro Toquinho uma série de shows na Argentina e no Uruguai, na década de 1970. Ambos se hospedaram na Casapueblo, já que o poeta era amigo de Vilaró desde o tempo em que foi embaixador em Montevidéu.
Em uma manhã, para agradar as filhas do artista, Vinicius começou a improvisar a trova infantil: “Era uma casa muito engraçada…” Gostou do resultado e, mais tarde, com algumas aparafusadas, saiu a poesia completa. E a música.
O artista uruguaio morreu em 2014, aos 91 anos, sem ter terminado totalmente a casa, que inclui um museu, uma galeria de arte, uma cafeteria e um hotel. Os mais de 70 quartos da Casapueblo foram batizados com os nomes de seus primeiros hóspedes: Pelé, Alain Delon, Brigitte Bardot, Robert de Niro. Além do quarto Vinicius de Moraes, claro.
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