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Cotidiano

UTI do Estivadores começa a prestar atendimento odontológico

Duas profissionais farão o atendimento duas vezes por semana nos 17 leitos do local e também começam a capacitação das equipes de enfermagem

Da Reportagem

Publicado em 03/09/2019 às 18:02

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Pacientes passaram a ter atendimento odontológico nesta terça-feira (3) / Divulgação/PMS

Pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Adulto do Complexo Hospitalar dos Estivadores passaram a ter atendimento odontológico nesta terça-feira (3).

Duas profissionais farão o atendimento duas vezes por semana nos 17 leitos do local e também começam a capacitação das equipes de enfermagem, responsáveis pela higienização bucal dos pacientes dentro da rotina da UTI. A contratação do serviço, que será realizado pela empresa da empresa Oral Med, foi feita pelo Instituto Social Hospital Alemão Oswaldo Cruz, organização social que faz a gestão do hospital. A iniciativa é de extrema importância para a prevenção de infecções.

A boca é um reservatório natural de bactérias, mas que não causam perigo quando as pessoas estão com saúde. Já os pacientes internados, com a imunidade mais baixa, estão mais propensos a pegar infecções causadas por essas mesmas bactérias, que até então eram inofensivas. Afora isso, estima-se ainda que em apenas 24 horas após o início da internação do paciente, sua boca já se encontra colonizada pelas bactérias comuns ao ambiente hospitalar.

Pessoas intubadas, por exemplo, podem aspirar as bactérias presentes na boca por meio do tubo endotraqueal. Ao atingirem os pulmões, esses micro-organismos causam pneumonia e agravam o quadro clínico do paciente. A boca também é uma região do corpo com muitos vasos sanguíneos e qualquer lesão que ela apresente durante o período de baixa imunidade pode ser porta de entrada para uma bactéria atingir o sistema circulatório e chegar ao coração (endocardite bacteriana).

Ou seja, há mortes causadas por infecções que tiveram a cavidade bucal como ponto de partida. Mas a boa notícia é que há formas de prevenir.

Em visita ao Complexo Hospitalar dos Estivadores, o prefeito Paulo Alexandre Barbosa afirmou que a implantação do serviço de odontologia hospitalar "faz parte de um projeto para qualificar cada vez mais o Complexo Hospitalar dos Estivadores e torná-lo referência nacional de saúde".

Como funciona

As dentistas que atuarão no Complexo Hospitalar dos Estivadores farão busca, de leito em leito, de possíveis focos infecciosos nas bocas dos pacientes. Além dos dentes, são avaliados mucosas, língua, lábios e céu da boca. Será observada a presença de tártaro e placas bacterianas, cárie e avaliada a lubrificação da mucosa (tanto dentro quanto fora da boca) - quanto mais ressecada estiver, maior a chance de ficar ferida e se tornar porta de entrada de micro-organismos causadores de doenças.

Os procedimentos que serão realizados pelos profissionais no leito hospitalar variam de acordo com a situação de cada paciente. Além da prevenção por meio de limpeza, com remoção de placa bacteriana e do tártaro, podem ser feitas a lubrificação na região dos lábios e dentro da cavidade bucal, remoção de cárie, laserterapia e até extração de dentes.

"Pacientes de UTI podem morder o tubo que está fornecendo oxigênio para ele, de forma a não receber a quantidade de ar que precisa. Podemos confeccionar protetores bucais, que já vêm prontos, basta colocar na água quente e adaptar à boca do paciente. Dessa forma, protegemos o tubo", destaca a cirurgiã-dentista Anelisa Bason.

Tempo de UTI

Além de prevenir o agravamento do quadro clínico do paciente, o atendimento odontológico ajuda a diminuir o tempo de internação e a quantidade de medicamentos prescritos. Ou seja, para os gestores da área de saúde trata-se de um duplo investimento: representa um cuidado maior com o paciente e melhora a gestão. Atualmente, o tempo médio de ocupação dos leitos de UTI no Complexo Hospitalar dos Estivadores é de 5 dias.

"Com ações preventivas que tendem a inibir complicações e a diminuir a permanência do paciente na unidade, você otimiza os insumos e aumenta a performance do hospital. Um novo serviço pode trazer uma despesa maior em princípio, mas a médio e longo prazos, há economia de recursos", analisa Fábio Ferraz, secretário municipal de Saúde.

Legislação

Santos é a terceira cidade do País com legislação que institui o serviço de odontologia a pacientes internados nos hospitais públicos e privados da cidade – as outras são Campo Grande (MS) e São Paulo. O autor da lei nº 197/18, o vereador Braz Antunes, acompanhou o primeiro dia do atendimento no Estivadores. "Santos está na vanguarda com a implantação deste serviço", destacou.

Outras unidades municipais

O Hospital de Pequeno Porte, que funciona no prédio do antigo Pronto-Socorro Central, já oferece assistência odontológica desde novembro do ano passado a todos os pacientes, incluindo os que ocupam os 10 leitos de UTI. No Complexo Hospitalar da Zona Noroeste, o serviço será implantado até o final deste ano. Pacientes acamados que são atendidos pela Seção de Atendimento Domiciliar também têm acesso a serviço odontológico em casa.

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