26 de Abril de 2024 • 04:53
Pelo menos três pessoas morreram nesta sexta-feira quando a polícia do Camboja fez disparos contra grevistas do setor de confecção, que exigem elevação do salário mínimo de US$ 80 para US$ 160.
Segundo Chuon Narin, chefe adjunto da polícia municipal da capital, Phnom Penh, os três mortos e dois feridos estavam num subúrbio no sul da cidade quando a polícia disparou com rifles AK-47 depois que centenas de trabalhadores, que bloqueavam uma estrada, começaram a queimar pneus e a jogar objetos contra as forças de segurança.
Chuon Narin descreveu os manifestantes como anarquistas que estavam destruindo propriedade pública e privada. No início da tarde, os trabalhadores haviam deixado as ruas.
Chan Saveth, observador do grupo de direitos humanos Adhoc, disse que seu grupo contabilizou três mortos e dez feridos, vários deles com ferimentos de tiros.
Os confrontos acontecem num período de tensão política no país. O Partido para o Resgate Nacional do Camboja, de oposição, realiza protestos diários pedindo a renúncia do primeiro-ministro Hun Sen. Ele venceu as eleições realizadas em julho, estendendo mais uma vez seus 28 anos no comando do país do sudeste asiático. A oposição o acusa de ter fraudado a eleição, mas Hun Sen nega a acusação e diz que não deixará o cargo.
Trabalhadores da maioria das mais de 500 confecções do país estão em greve, exigindo aumento do salário mínimo para US$ 160, o dobro do valor atual. O governo ofereceu US$ 100.
Embora as questões eleitorais e salariais não estejam diretamente ligadas, a oposição tem relações próximas com o movimento trabalhista. No domingo, muitos trabalhadores participaram de uma manifestação política organizada pela oposição.
Os trabalhadores representam um força política potente, porque a indústria de confecção é a maior exportadora do Camboja, empregando cerca de 500 mil pessoas em fábricas de roupas e sapatos. Em 2010, o país exportou US$ 4 bilhões em produtos para os Estados Unidos e a Europa.
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