Cotidiano

Mau tempo adia a soltura de golfinho da espécie Toninha em seu habitat natural

Nova data ainda será marcada pela equipe do Cetas Marinho de Guarujá

Publicado em 07/04/2015 às 13:30

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Foi adiada a soltura de Pepê, um golfinho da espécie ”Toninha”, de poucos meses de vida, que recebe tratamento no Centro de Recepção e Triagem de Animais Marinhos (Cetas Marinho), mantido pela Prefeitura de Guarujá em parceria com o Instituto Gremar – Pesquisa, Educação e Gestão de Fauna.

A soltura seria nessa terça-feira (7), em Guarujá, com destino a Ilha Queimada Pequena, em Peruíbe, mas devido ao mau tempo e ao mar revolto, o Corpo de Bombeiros, que levaria o golfinho, decidiu esperar pela melhoria das condições climáticas.

Histórico – Pepê ganhou este nome porque foi encontrada em Peruíbe. A golfinho fêmea havia perdido a estabilidade dos movimentos, o que faz com que ela tivesse de ficar sobre um flutuador e precisando ser molhada regularmente. Ela se alimentou por sonda e sua situação requereu monitoramento 24 horas. Seu estado de saúde era grave e sua recuperação lenta e muito difícil.

Pepê apresentava marcas de rede, por isso acredita-se que ela tenha ficado presa. Segundo a médica veterinária responsável do Cetas Marinho, Andréa Maranho, a espécie é nativa do litoral brasileiro e, como são extremamente dóceis, aproximam-se demais da costa para ter seus bebês. Infelizmente são vítimas de redes de pescadores e sofrem acidentes de embarcações. Como também são muito frágeis, a recuperação é quase impossível.

A recuperação de Pepê trouxe a visita das pesquisadoras Annelise Colin Holz, do Projeto Toninhas/Univile-Universidade de Joinvile (SC), e Franciele Resende de Castro, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), que estão desenvolvendo pesquisas de bioacústica com o animal. Annelise faz pesquisas de bioacústica na Bahia de Babitonga, em Santa Catarina; porém com animais soltos, o que dificulta a observação e análise dos sons emitidos pelos mesmos.

"No Brasil, é inédito um animal dessa espécie sobreviver tanto tempo em cativeiro. A toninha é uma espécie de golfinho “Pontoporia blainvillei”, que habita apenas no Atlântico Sul, do Espírito Santo à Patagônia. É um animal discreto, vive em águas escuras e por sua coloração é de difícil observação e está em extinção", explicou a bióloga do Projeto Toninhas/Universidade de Joinvile-Univile. Segundo a pesquisadora, as toninhas emitem três tipos de sons: clicks, sons pulsados que servem para a ecolocalização, como um sonar, sendo o principal sentido deles; burst pulse, indicativo de estresse; e o assobio, usado para a comunicação social no grupo. "Até agora identificamos sons de burst pulse e assobio, mas queremos avançar nas pesquisas e no conhecimento sobre a espécie, que ainda é muito escasso", disse Annelise.

Já Franciele ressaltou a importância de desenvolver estudos sobre a espécie: "É um animal muito raro. Não é fácil manter o animal dessa espécie tanto tempo fora de seu habitat. Temos que unir esforços e avançar nas pesquisas", disse a bióloga da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Sobre o Cetas Marinho – A unidade funciona há quase um ano e já se tornou referência no Estado de São Paulo - até por integrar uma rede de resgate ambiental. Tem capacidade para atender até 500 animais.

No local está instalado um hospital totalmente equipado, inclusive com área para descontaminação de animais oleados, 20 recintos semiaquáticos e aquáticos e a casa flutuante, que serve como suporte para o pessoal técnico e para fiscalização ambiental. Tudo isso em conformidade com as legislações ambientais.

Atualmente, 11 profissionais atuam diariamente no órgão, sendo cinco técnicos, entre médicos veterinários, biólogos e geógrafos, e seis pessoas em capacitação, que são estagiários de Medicina Veterinária e Biologia, e voluntários da causa marinha, além da Guarda Civil Municipal, que dá o respaldo na segurança 24 horas por dia.

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