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Cotidiano

Mães da Favela: projeto cuida das mães vulneráveis

Braço da Central Única das Favelas, projeto cuida daquelas que olham por todo mundo: as mães

Vanessa Pimentel

Publicado em 09/05/2021 às 09:23

Atualizado em 09/05/2021 às 09:26

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As mães se tornaram o foco das ações durante a pandemia. / MÃES DA FAVELA/DIVULGAÇÃO

As mães estão acostumadas a cuidar de todo mundo, mas quando elas precisam, quem cuida delas? Esse questionamento é mais profundo quando se trata de mulheres que são mães, geralmente chefes da família, e vivem a realidade da vulnerabilidade social.

Foi pensando nelas que a Central Única das Favelas (CUFA), criou o projeto Mães da Favela, voltado às mães que vivem em comunidades e que foram muito afetadas com a pandemia de Covid-19.

Na Baixada Santista, uma das mães que fazem parte do projeto é a Keyla Pereira Ribeiro, 32 anos, 5 filhos, moradora do Dique do Piçarro, em São Vicente.

Ela é casada e antes de tudo parar, o marido trabalhava como motorista de veículos de turismo, um dos setores mais afetados com a crise. Ela está sem trabalhar há dois anos e para não passarem necessidade, contaram com o benefício emergencial e com as cestas básicas doadas pela escola dos filhos e da CUFA, projeto que conheceu esse ano e passou a fazer parte.

"Mesmo com a ajuda, às vezes faltava o arroz e feijão, então pegava com minha mãe ou meus sogros para comermos no dia", conta.

Para este domingo de Dia das Mães não há nada planejado, tanto pela situação financeira quanto pelas restrições da pandemia.

Mas, segundo Keyla, mesmo com as dificuldades da vida, não há nada que a realize mais do que ser mãe. "Eu luto para poder ter e dar uma vida melhor para eles. Sinto falta de mais opções de cursos profissionalizantes, pra que eles pudessem usar mais o tempo estudando do que na rua. Meu sonho é que eles ainda possam desfrutar do melhor que o mundo pode oferecer".

Isabel Cruz, 51 anos, também moradora do Dique do Piçarro, tem um filho de 16 anos e faz parte do Mães da Favela desde o ano passado. Ela trabalha como doméstica e é assim que sustenta a casa e o filho.

Diz que foi difícil cuidar do filho quando ele nasceu, mas hoje teme mais porque o filho é adolescente e o lugar onde mora não ajuda. "Eu vivo dizendo pra ele olhar com quem anda, seguir pelo certo, estudar".

Isabel explica que o filho não acreditou na gravidade da Covid no início e que só agora, após ver muitos vizinhos irem embora, passou a ter consciência do risco que a pandemia trouxe.

HOMENAGEM

Em homenagem às milhares de mulheres, mães e chefes de seus lares, a Central Única das Favelas (CUFA) realiza hoje (9) uma ação nacional de apoio e acolhimento. Além das entregas habituais feitas pela instituição, as mães também receberão uma rosa e um poema será declamado para elas durante as ações. A estimativa é atender 500 mil mães por todo Brasil.

Todas as ações estão programadas para acontecer às 10 da manhã, em diversos estados como Minas Gerais, Bahia, Acre, São Paulo, Piauí, Goiás, entre outros. O ato simbólico tem como objetivo agradecer e acolher essas mães após esse ano difícil de pandemia, por isso, as doações serão entregues pelas Mães da CUFA, mulheres da linha de frente da instituição que sentem na pele o que essas mães estão passando.

As Mães da Favela se tornaram o foco das ações da CUFA no início da pandemia. A decisão foi tomada quando a instituição percebeu que, mesmo dentro das favelas onde as pessoas sofreriam mais os impactos da crise da Covid-19, havia um grupo de pessoas que estava ainda mais vulnerável: as mães. Essas mulheres, chefes de seus lares, cuidam não apenas de seus filhos, mas muitas vezes dos idosos de suas famílias.

"Percebemos que essas mulheres, na maioria das vezes, não tem um suporte, não tem para onde correr quando o calo aperta. É preciso olhar para elas. Essa homenagem vem depois de um ano de muitas perdas, dores e lutas como uma forma de dizer 'parabéns, vocês são incríveis e não estão sozinhas'", diz Kalyne Lima, vice-presidente da CUFA Nacional.

Na região, 20 mães serão homenageadas com um café da manhã e flores. Haverá também um painel para fotos um poema dedicado a elas. A homenagem começa às 8h30, na rua Antonio Luis Barreiros 480, rua 10, Japuí.

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