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Empréstimos a juros mais altos, financiamentos com prazos mais curtos e taxa de refinanciamento do cartão de crédito maior. Essas são as possíveis conseqüências do aumento de 0,25% na taxa básica de juros anunciada na última quarta-feira (20) pelo Banco Central para o brasileiro, segundo análise do economista e cientista político Fernando Chagas.
O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic de 11,75% para 12%. Abaixo das especulações de analistas do mercado financeiro que apostavam um aumento de 0,50% elevando a taxa a 12,25%. É a terceira vez no ano que o Governo reajusta a taxa básica de juros na tentativa de frear o consumo e a inflação.
Segundo Chagas, quem contrair um empréstimo bancário pagará mais juros e terá menos prazo para quitar a dívida. Sobem também o crédito ofertado no mercado e as taxas de juros dos financiamentos. A taxa básica de juros incide principalmente nos preços de mercadorias e serviços.
No primeiro quadrimestre do Governo Dilma, o País vive um momento reverso. Ao contrário da era Lula, que incentivou o brasileiro a gastar mais com a oferta do crédito fácil, parcelamentos a perder de vista e taxas de juros baixas, a palavra de ordem agora é comprar menos.
Para o economista Fernando Chagas não será tão fácil conter o consumo dos brasileiros devido a uma série de políticas que elevaram o poder de compra da classe assalariada. “O país vive um momento de índices mais baixos de desemprego e aumento real de salário (reajuste acima da reposição da inflação) para muitos trabalhadores”, apontou o economista.
Além disso, Chagas aponta a cultura do brasileiro de comprar a prazo. Na hora da compra, a maioria dos brasileiros analisa se a parcela mensal da compra cabe no orçamento e não com o valor total do produto adquirido e os juros embutidos no financiamento. “Além disso, cresceu o número de prestadores de serviço que também consomem”, explicou.
“O trabalhador está comprando mais e a tendência é que o consumo continue aumentando”, sintetizou. De acordo com Chagas, a taxa Selic deverá continuar aumentando. Após 45 dias do reajuste da taxa básica será feita uma análise da tendência de consumo no mercado. Se o consumo continuar crescendo, a taxa básica poderá sofrer novo reajuste de 0,25%.
Segundo o economista, o Governo Federal vem tomando uma série de medidas desde dezembro de 2010 para desacelerar a economia dificultando o consumo que aumentou consideravelmente com a redução substancial do desemprego e migração de pessoas da classe D para a classe C. A classe C hoje é estimada em 50 milhões de pessoas e é a que mais movimenta a economia do País.
Macropudenciais
Outras ações também foram tomadas pelo Governo para desacelerar a economia. Entre as chamadas medidas macroprudenciais estão o reajuste no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), o aumento de valor exigido no requerimento de patrimônio dos bancos para concessão de empréstimos e o aumento das taxas de juros que incidem nos empréstimos contraídos no exterior.
Ajustes na política monetária
O Banco Central afirmou em comunicado que pretende aplicar "ajustes" na política monetária "por um período prolongado" para tentar frear a inflação e manter a meta do ano que vem.
As autoridades consideram que não vão alcançar a meta de uma alta de preços de 4,5% este ano, já que no primeiro trimestre a inflação acumula uma alta de 2,44% e nos últimos 12 meses, a alta de preços subiu até 6,30%, segundo as estatísticas oficiais mais recentes.
O Banco Central assegurou que considerou em sua decisão os riscos inflacionários e o "ritmo ainda incerto de moderação" da atividade econômica brasileira, além da "complexidade" da situação internacional.
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