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Cotidiano

'Indústria de multa' em São Paulo: denúncia é agravada

Depois de flagrar placas sendo cobertas, denunciante volta a acionar o Ministério Público

Carlos Ratton

Publicado em 21/05/2019 às 07:00

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Donizete flagrou placa coberta no trecho de sua denúncia / Divulgação

O funcionário público Ernesto Donizete da Silva vai agravar esta semana a denúncia feita no Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) alertando a existência de uma verdadeira 'indústria da multa' na pista Norte da Rodovia Anchieta, sentido Capital.

A iniciativa se dá por conta de Donizete ter flagrado, no último domingo - quando sua denúncia dele foi veiculada no Diário do Litoral - placas de velocidade da pista terem sido tampadas para desqualificar suas acusações.

Ontem, o munícipe afirmou que "taparam as placas e ainda colocaram outra alertando trecho em obras num espaço de cinco quilômetros, com o objetivo de quebrar a denúncia de oscilação de velocidade irregular e de fiscalização com radar móvel. Eu medi tudo e já estou informando o MP", afirma.

Donizete encaminhou ao Ministério Público uma denúncia de mais de 30 páginas, com várias fotografias. Se utilizando da própria legislação vigente, ele quer provar, entre outras coisas, o uso 'irregular' de radar móvel portátil, o que contraria resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que define que só pode ter radar móvel em vias onde não ocorra variação de velocidade em trechos menores que cinco quilômetros. "Entre uma placa que permite 110 quilômetros por hora e outra que reduz a velocidade para 60 por hora, está uma distância de 660 metros. Uma armadilha", demostra Silva.

Quase 800 multas

O denunciante apresenta ao Ministério Público números alarmantes. Segundo ele, só no quilômetro 64,6 da rodovia, em 23 de março último, em apenas uma hora e meia, três agentes com radares portáteis efetuaram 763 autuações. Até os nomes e as matrículas dos agentes foram colocados na denúncia, além da identificação dos veículos autuados, obtidos no Portal da Transparência.

"Esses motoristas foram ilegalmente autuados. São 8,5 autuações registradas por minuto. Uma fábrica de fazer dinheiro, uma indústria de multas. Somente nesse período, foi gerada uma receita de R$ 122,2 mil. Em 30 dias, serão 22.890 multas, perfazendo uma arrecadação de R$ 3,6 milhões por mês, o que denota que a ilegalidade se perpetua ao longo do tempo atinge um número gigantesco de motoristas, que caem na armadilha", dispara.

Ernesto Donizete alerta o MP sobre inúmeras outras supostas irregularidades cometidas pelo DER, sempre alertando que elas contrariam as próprias normas do Contran e o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), além do próprio Manual do DER.

Entre elas placas de segurança colocadas de forma errada; sem visibilidade (ângulo zero de visão) e desrespeitando espaçamento mínimo de 100 para redução gradativa de velocidade; paradas de ônibus sem muretas de proteção; e até um vão aberto entre as muretas que dividem as pistas, causando desconforto e risco de morte a pedestres. "Existe, pelo menos, quatro ou cinco paradas de ônibus entre Santos e Cubatão e nenhuma está sinalizada corretamente", aponta.

Pedidos

Ernesto Donizete pede ao MP que promova uma ação no sentido de anular todas as multas; apurar responsabilidades - penal, civil e administrativa - dos agentes públicos e seus superiores; suspensão da fiscalização com radares portáteis; exigir do DER sinalização correta e segura da pista, como a construção de passarelas e recuperar os valores cobrados ilegalmente dos motoristas.

A Ecovias respondeu que não é responsável pela operação dos radares ou por autuações, que não recebe qualquer receita gerada pelas multas aplicadas nas rodovias e por força contratual, disponibiliza os equipamentos que são operados pelo DER e pelo Policiamento Rodoviário, de acordo com suas necessidades. O DER irá se posicionar sobre a demanda.

 

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