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Cotidiano

Frutos do pré-sal são incógnitas na Baixada

A Bacia de Santos produz 53% dos 500 mil barris/dia produzidos do pré-sal, mas impactos na Baixada não são informados pela Petrobras

Publicado em 03/07/2014 às 10:34

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A presidente Dilma Rousseff e a Petrobras comemoram a produção diária de 500 mil barris do pré-sal, marca que consideram um recorde alcançado em apenas oito anos quando a estatal começou a explorar as camadas ultraprofundas de sal. Desse total, 53% é produção da Bacia de Santos, cuja unidade de negócios (UNBS) está instalada na cidade de Santos. Mas, apesar de toda expectativa sobre os negócios do pré-sal para a Baixada Santista, as informações da Petrobras sobre o impacto efetivo do “ouro negro” na região são nebulosas. A estatal não divulga números por região e sim por bacia, segundo a assessoria de imprensa. A Bacia de Santos é uma área que se estende de Cabo Frio (RJ) a Florianópolis (SC), somando mais de 350 mil quilômetros, mas a estatal não informa, por exemplo, a divisão de royalties da produção do pré-sal para a Baixada e nem a produção atual do pós-sal dos campos de Mexilhão e Merluza, instalados a cerca de 300 km da costa, no Estado de São Paulo.

Para comemorar o recorde da produção do pré-sal, a Petrobras promoveu uma cerimônia de celebração na sede da estatal, no Centro do Rio de Janeiro, na última terça-feira, convidando jornalistas de todos os cantos do País. A presidente Dilma Rousseff declarou, durante seu pronunciamento, que “o pré-sal é uma riqueza palpável e tangível e pertence ao povo brasileiro”, mas, na prática, a estatal não divulga as cifras da produção do pré-sal.   

Investimentos em Santos

Desde 2006 em Santos, a Petrobras só terá sede própria a partir de outubro, quando será entregue o primeiro de três edifícios, que custou R$ 380 milhões. Atualmente, a Petrobras possui escritórios lotados em quatro edifícios, em Santos, que serão transferidos para a sede definitiva.

O prédio de 13 andares foi construído em área de 25 mil m², localizado entre o Santuário de Santo Antonio do Valongo e a antiga Estação Ferroviária, com vista para o Porto de Santos e o Museu Pelé. A propriedade foi adquirida pela Prefeitura de Santos, que atuou para que a estatal se instalasse no local para valorizar a região central. O prédio tem capacidade para 2.200 pessoas, que, em princípio, será ocupado pelos atuais funcionários. Não há previsão de novas contratações. As construções dos outros dois edifícios ainda não estão previstas. 

dilma discursa em cerimônia na sede da Petrobras, no Rio (Foto: Agência Petrobras)

Base logística no Porto de Santos

Segundo o diretor de exploração e produção da Petrobras, José Formigli, durante coletiva de imprensa, no Rio, a Petrobras já está licitando dois berços no Porto de Santos para a instalação da base de apoio logístico. As propostas dos participantes do certame serão recebidas pela estatal somente em setembro. Entretanto, Formigli não disse qual é a área do porto pleiteada pela estatal, nem mesmo se os berços serão construídos ou se a base logística será instalada em áreas já existentes no cais. Os investimentos nos berços também não foram mencionados. 

Procurada, a assessoria de imprensa em Santos, disse que a estatal não tinha novas informações sobre o empreendimento.

Pré-sal responde por 22% do petróleo produzido no País

A produção média do pré-sal respondeu por 22% do total da produção operada no mês de maio pela Petrobras no Brasil. De 2010 a 2014, a média de produção diária dos reservatórios do pré-sal cresceu dez vezes, avançando de 41 mil barris (média em 2010) para 520 mil barris por dia. Dos 25 poços em operação nessa província, dez estão localizados na Bacia de Santos, que responde por 53% da produção do pré-sal (274 mil barris por dia). Os demais 15 poços estão localizados na Bacia de Campos e respondem pelos 47% restantes (246 mil barris por dia).

“Os 25 poços de produção do pré-sal, 520 mil barris/dia e todos os dados dos reservatórios que nós temos nos levam a crer que nós temos um excepcional potencial de produção”, disse a presidente da Petrobras, Graça Foster, durante cerimônia na Petrobras.

A produção acumulada na província do pré-sal já ultrapassou 360 milhões de barris de óleo equivalente. Hoje operam nessa província nove plataformas, quatro delas produzindo exclusivamente da camada pré-sal. São elas: o FPSO Cidade de Angra dos Reis (que produz desde outubro de 2010 no campo de Lula, na Bacia de Santos), o FPSO Cidade de Anchieta (que opera desde setembro de 2012 no campo de Baleia Azul, na Bacia de Campos), além do FPSO Cidade de São Paulo (que começou a operar em janeiro de 2013 no campo de Sapinhoá, na Bacia de Santos) e do FPSO Cidade de Paraty (que produz desde junho de 2013 na área de Lula Nordeste, também na Bacia de Santos).

A contribuição do pré-sal será decisiva para a Petrobras atingir as metas de seu Plano de Negócios e Gestão 2014- 2018. Hoje o pré-sal responde por 22% da produção total de 2,1 milhões de barris de petróleo/dia, em 2018 responderá por 52% da produção, que deverá chegar a 3,2 milhões de barris/dia. Serão 19 novas unidades de produção instaladas no pré-sal da Bacia de Santos até o final de 2018.

Royalties do pré-sal

Em seu pronunciamento, Dilma voltou a destacar que 10% dos royalties do pré-sal serão destinados à Educação e 25% à Saúde, o que atingiria R$ 1,300 trilhão durante os próximos 35 anos.

Excedentes da cessão onerosa

Ao falar sobre a conquista dos 500 mil barris diários, a presidente Graça Foster reforçou também importante decisão anunciada recentemente: a contratação direta da Petrobras pela União para a produção dos volumes excedentes aos contratados na cessão onerosa. Segundo estimativas da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), esses volumes excedentes estão estimados entre 9,8 e 15,2 bilhões de barris. A operação foi aprovada no dia 24 de junho pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e a produção na região deve começar em 2021.

Graça explicou que a Petrobras já perfurou 17 poços nas áreas que constam no contrato a ser assinado - Búzios, Entorno de Iara, Florim e Nordeste de Tupi . Destes, 12 poços foram testados, e o índice de sucesso chega a 100%. “É um sucesso retumbante”, avaliou. A presidente ressaltou ainda que a exploração nessas áreas, por ser uma região com baixo risco exploratório e onde a Petrobras já atua, vai gerar uma economia com descobertas de até US$ 18 bilhões para a companhia entre 2015 e 2021. Ela explicou que a contratação direta da Petrobras pela União está alinhada com o Plano de Negócios e Gestão 2014-2018, aprovado pelo Conselho de Administração em fevereiro de 2014: “O Plano Estratégico foi trabalhado na diretoria da Petrobras durante dois anos até ser aprovado. A escolha estratégica da Petrobras é produzir, em média, 4 milhões de barris por dia entre 2020 e 2030, adquirindo direito de exploração de áreas que viabilizem esse objetivo”.

Indústria naval

Graça acredita que a indústria naval conseguirá atender a todas as demandas que surgirão para a exploração dos volumes excedentes. “Há cinco ou seis anos, tínhamos um desafio gigante que era a indústria naval offshore. Muitos não acreditavam. Concluímos, em 2013, nove sistemas de produção, sete no Brasil e dois fora. Se fizemos nove em 2013, por que não vamos fazer mais nove em 2018?”.

 

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