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Cotidiano

Evo Morales diz ter sido usado pelos EUA para intimidação externa

Para o presidente, o fato de Portugal, Espanha e França terem fechado seus espaços aéreos foi uma provocação à América Latina como um todo

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 04/07/2013 às 19:48

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O presidente da Bolívia, Evo Morales, acusou nesta quinta-feira os Estados Unidos de usarem o caso do ex-agente Edward Snowden para constranger a ele e outros líderes latino-americanos e considerou que não foram suficientes os pedidos de desculpas dos países europeus que fecharam seus espaços aéreos quando ele voltava de uma visita de Estado à Rússia.

Para Morales, o fato de Portugal, Espanha e França terem fechado seus respectivos espaços aéreos foi uma provocação à América Latina como um todo. A intenção, segundo ele, era "intimidar, calar, assustar". Morales conclamou as nações europeias a "se libertarem" dos EUA.

O avião presidencial chegou à capital da Bolívia à meia-noite local de ontem após uma cansativa viagem com uma escala não planejada em Viena. O governo boliviano acusou França, Espanha e Portugal de se recusaram a deixar que a aeronave entrasse em seus espaços aéreos, forçando-a a pousar na Áustria.

O presidente estava voando para casa após uma reunião de cúpula na Rússia. Em Moscou, Morales deixou a entender que estava disposto a considerar a concessão de asilo político a Snowden na Bolívia, caso um pedido formal fosse feito. O motivo alegado para o fechamento dos espaços aéreos seria uma suspeita de que Snowden estivesse a bordo, o que foi desmentido.

Evo Morales afirmou que foi usado pelos EUA para intimidação externa (Foto: Divulgação)

"É uma provocação aberta para o continente, não só para o presidente. Eles usam o agente do imperialismo norte-americano para nos assustar e nos intimidar", disse Morales a cerca de cem simpatizantes que se reuniram no aeroporto de La Paz para recebê-lo. "Alguns países europeus devem se libertar do imperialismo norte-americano", disse ele.

Hoje, a Rússia criticou França, Espanha e Portugal por bloquearem o voo. "Dificilmente a ação das autoridades da França, Espanha e Portugal pode ser vista como um passo amigável em relação à Bolívia, ou Rússia", disse o Ministério das Relações Exteriores russo em um comunicado.

Analistas de segurança em Moscou disseram que Morales simplesmente não poderia ter levado Snowden mesmo se ele quisesse, porque o fugitivo dos EUA está na área de trânsito no aeroporto internacional de Sheremetyevo e não passou pelo controle de passaporte russo.

O avião de Morales partiu de outro aeroporto internacional russo, localizado na outra extremidade de Moscou e chamado de Vnukovo. O aeroporto é usado principalmente por visitantes dignitários, bem como funcionários do governo russo.

O governo boliviano acusou os países europeus de colocarem a vida de Morales em perigo, um comentário ecoado pelo Ministério das Relações Exteriores da Rússia. "O bloqueio de direitos de voo para a aeronave poderia ter criado uma ameaça à segurança dos passageiros a bordo, incluindo o presidente do país", disse o ministério.

Snowden não pediu asilo político na Rússia e decisões sobre seu futuro não cabiam à Rússia, disse o vice-ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Ryabkov, segundo a agência de notícias Interfax. "Snowden não pediu asilo político até agora. Nós acreditamos que sem a decisão dele de uma forma ou de outra sobre o que ele acredita ser a melhor saída, não podemos decidir nada para ele", afirmou Ryabkov.

Um funcionário consular da Rússia disse que Snowden pediu asilo. No dia seguinte, ele retirou o pedido após o presidente Vladimir Putin dizer que ele seria autorizado a permanecer na Rússia, mas somente se ele parar de vazar detalhes de programas altamente secretos de vigilância dos EUA.

Depois disso, Snowden enviou pedidos de asilo para 19 países, muitos dos quais rejeitaram a solicitação ou deram respostas evasivas. Só Venezuela e Bolívia sugeriram que podem estar dispostos a receber Snowden.

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