Estátuas históricas desaparecem das praças de São Vicente

O turista atento que resolve passear por algumas praças de São Vicente, em pelo menos duas delas, pode procurar muito que não vai encontrar uma estátua de quem leva o nome do equipamento público. Na Praça Barão do Rio Branco, no Centro, o barão sumiu e na Biquinha, o Padre Anchieta desapareceu.

Na própria Praça Barão do Rio Branco, a homenagem feita ao jornaleiro Valter da Banca, falecido em 2002, e inaugurada em 2006, também só deixou lembrança, pois não está mais lá. Outras peças sofrem com o vandalismo ou com a ação do tempo.

Na Praça 22 de Janeiro, a estátua de Benedito Calixto continua sem os dedos de uma das mãos, logo ele, um dos mais importantes pintores brasileiros do início do século XIX.

Mas a pergunta que não quer calar é: onde estão essas peças? "O secretário de Cultura da Cidade, Fábio Lopes, me procurou e restaurei a peça. Depois de dois meses, ele veio me dizer que não tinha dinheiro para pagar. Isso foi em maio de 2018", disse Leonardo Branco, que é restaurador com 23 anos de experiência, e conselheiro de Defesa do Patrimônio de São Vicente. A praça foi reformada e a peça retirada e não colocada de volta na Biquinha.

A imagem do Valter da Banca repousa tranquilamente em uma sala do Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente (IHGSV), no Centro da Cidade, aguardando por seu restauro. Branco fez um projeto para restaurar as estátuas do jornaleiro e a mão de Benedicto Calixto. "Entreguei um projeto e até hoje espero uma resposta. As peças estão todas paradas", disse o restaurador.

O Conselho de Defesa do Patrimônio de São Vicente não sabe onde estão as imagens do Barão de Rio Branco e do Padre Anchieta. Comenta-se que uma delas estaria na sede da Guarda Civil Municipal, na Rua 11 de Junho, 291, no Itararé. O restaurador lembrou ainda que na reforma da Praça José de Anchieta, que é tombada, o piso que era de paralelepípedo foi simplesmente cimentado. "Isso é crime. Não poderia ter sido feito".

Anchieta e Barão

José de Anchieta foi um padre jesuíta espanhol, santo da Igreja Católica e um dos fundadores da cidade de São Paulo. Beatificado em 1980 pelo papa João Paulo II e canonizado em 2014 pelo papa Francisco, é conhecido como o Apóstolo do Brasil, por ter sido um dos pioneiros na introdução do cristianismo no país. Em abril de 2015 foi declarado copadroeiro do Brasil na 53ª Assembleia Geral da CNBB

Barão do Rio Branco foi bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife. Ingressou nos estudos jurídicos ainda em 1862, na Faculdade de Direito de São Paulo, porém transferiu-se no último ano para a instituição pernambucana.

Filho de José Maria da Silva Paranhos, Visconde do Rio Branco, Rio Branco é o patrono da diplomacia brasileira e uma das figuras mais importantes da história do Brasil.

Prefeitura

De acordo com a Administração Municipal, as esculturas instaladas em logradouros da Cidade são alvos de atos de vandalismo, levando à Administração Municipal a realizar o restauro periodicamente.

A Prefeitura de São Vicente esclarece que houve um equívoco na resposta enviada ao jornal e o busto do Barão do Rio Branco, que tem como local de exibição a praça de mesmo nome, no Centro da Cidade, não desapareceu. Ele se encontra devidamente guardado e deve, em breve, retornar ao seu local de origem. O busto desaparecido é o de Benedito Calixto, que foi retirado de seu local de origem, em possível ação de vandalismo, antes da atual administração.

Ainda, atualmente, as estátuas de Valter da Banca e Toninho Campos, ambas da Praça Barão do Rio Branco; e José de Anchieta, da Praça de mesmo nome, na Biquinha, passam por processo de restauro e, em breve, retornarão para seus locais de origem. Já a estátua de Benedito Calixto, que está na Praça 22 de Janeiro e tem marcas de vandalismo, está na programação para restauro