Distanciamento social alavanca serviço de mensagens e cestas

Proprietários de empresas que oferecem serviços de carros de mensagens e cestas temáticas têm sido muito procurados desde que a pandemia chegou. O motivo é o isolamento social estipulado para evitar a propagação da doença. Como o vírus não respeita saudade nem datas comemorativas, o jeito que muitas pessoas encontraram para homenagear de longe quem amam tem sido esse: um buzinaço na porta de casa com um carro todo enfeitado, presente e o mais importante - uma mensagem daquelas que vêm do coração.

E se antes este tipo de homenagem era considerado brega por alguns, hoje o que importa mesmo é deixar claro o amor e comemorar a vida, já que de um dia para o outro tudo pode mudar, como mostra a pandemia que tem levado embora tanta gente.

Outra mudança notada por quem trabalha no ramo é o perfil dos clientes. Atualmente, o serviço é procurado também por quem tem maior poder aquisitivo e mora em áreas consideradas nobres.

“Antes éramos chamados mais em comunidades e bairros carentes. Agora somos requisitados por pessoas com mais dinheiro”, explica Anderson Alexandre de Oliveira, dono da empresa Flechada do Cupido, em São vicente.

Ele e a esposa trabalham no ramo há 11 anos e durante a quarentena dobraram os atendimentos. Até então os dois faziam em média 60 mensagens por mês; hoje são 126. O valor cobrado é a partir de R$ 100.

O motivo das homenagens também se diversificou. No lugar das mensagens românticas entre casais, vieram palavras endereçadas a avós e avôs afastados dos netos, mães e filhos distantes, pedidos de desculpas familiares, comemorações de aniversários e até ‘chárreatas’, a nova forma de fazer chá de bebê.

“As emoções estão mais à flor da pele e até os vizinhos estão mais participativos. Acho que a distância fez as pessoas perceberem como é importante estar presente na vida da família e do próximo”, diz Oliveira.

PEDIDOS DO EXTERIOR

Carina Pinto da Silva é proprietária da Karol Telemensagem, em Guarujá, e também viu dobrar a demanda nos últimos meses, principalmente de pessoas que não moram na cidade, mas tem parentes por lá. “Recebi ligação até de Dubai”, conta. 

Para ela, o aumento foi surpreendente. “Tive muito medo de perder a minha renda, mas graças a Deus, tô trabalhando mais do que antes. Não vejo a hora disso tudo passar, mas espero que as telemensagens tenham voltado pra ficar”.