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Valle Tudo

A Copa histórica e a vida real

O Mundial do Qatar acaba de terminar com o desfecho mais desejado e Messi campeão, numa final absolutamente histórica, num dos maiores jogos de todos os tempos. 

Sei que o efeito poderia ser contrário, mas confesso que o choque de realidade para o futebol nosso de cada dia me deixa um pouco desanimado para início da próxima temporada brasileira que já bate à porta. Como diria Lulu, “Ainda vai levar um tempo” pra me empolgar de novo com o futebol depois da surra de emoção que foi essa Copa.

O período atípico em que a Copa foi disputada ajuda no choque. Quando finalizada em julho, o retorno do nosso futebol acaba sendo no meio de temporada, quando a coisa já engrenou. 

Acho o início dos estaduais bem modorrento, como se ainda fosse uma extensão da pré-temporada, com os jogadores longe da melhor forma física e jogos pouco empolgantes. A coisa começa a tomar forma lá pra março com o começo da Libertadores e a proximidade do mata-mata dos regionais. 

E olha que estou em São Paulo, onde é disputado o melhor estadual do Brasil. Talvez a ausência da Ponte Preta, meu time, na elite desse ano, tenha também um peso considerável para esse desânimo, que uma hora passa. 

Não sou contra a extinção do formato. Acho digno que a rivalidade local seja preservada, além da tradição de clubes menores que tem pouco espaço na elite, mas que, vez ou outra, fazem uma graça pelos estaduais. Sempre surgem boas histórias e a final contra um grande rival sempre tem um peso gigantesco pra quem ganha e pra quem perde.

Os estaduais também oferecem um fenômeno à brasileira, já que nunca servem de parâmetro para o restante da temporada, mas são suficientes para moerem treinadores dos times que não apresentam um resultado logo de cara. 

Acho válido que se discuta uma melhor forma de disputa que valorize mais os regionais e não prejudique tanto o calendário. 

Até hoje lamento a mudança de formato do Campeonato Carioca, disputado em dois turnos, com os nomes de Taça Guanabara e Taça Rio, que permitia um time ser campeão logo de cara e garantir vaga na grande final contra o campeão do outro turno, podendo, inclusive, ser o campeão dos dois torneios, aniquilando a possibilidade de uma final geral. Apesar de mantidos os nomes, o formato virou uma completa bagunça que eu não faço a menor ideia em que pé está para 2023. Fica a saudade. 

Outra mudança também ocorre nos modos de transmissão. Se antes sabíamos que tudo ficava concentrado no monopólio da Globo, agora tudo parece uma enorme salada de frutas, entre TV aberta, fechada, streaming e até mesmo canais oficiais das federações. Sim, sou a favor da pluralidade. Sim, posso estar soando como ressentido que não entende as mudanças do tempo, mas ainda não me adaptei e confesso não fazer a menor ideia de quem vai transmitir o Paulistão de 2023. 

E provavelmente terei de me contentar com meu time passando em alguma transmissão semiamadora da charmosa Série A2. 

Me desculpem soar assim na última coluna do ano. Num momento em que deveria estar falando sobre como o futebol pode ser melhor depois de uma Copa do Mundo histórica, estou aqui trazendo você, leitor, também para o choque de realidade que me aflige. 

Aliás, gostaria de agradecer a todos que me prestigiaram por aqui lendo meus textos, análises e desabafos que, muitas vezes, foram além do futebol. Recebi um retorno bem legal, principalmente pelas publicações dos artigos no Instagram. Então, se você chegou até aqui, meu muito obrigado!

Espero que 2023 seja um ano mais tranquilo fora das 4 linhas, com as coisas se ajeitando no Brasil. Vivemos anos terríveis e, apesar da minha amargura nessa última coluna de 22, consigo enxergar um 2023 mais ajeitado por aqui. 

Com percalços, já que nos permitimos chegar no que de pior esse país já viveu, e as pessoas responsáveis por isso seguem por aí, com forte poder de influência. Precisamos estar atentos, sempre. Por um país mais justo, sem miséria, inclusivo, com menos ódio e violência. Que possamos conviver de forma mais harmoniosa e menos caótica.

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