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Assassinato de Tim Lopes completa 20 anos; saiba como ficou o crime

O repórter desapareceu no dia 2 de junho de 2002, quando foi até a comunidade para apurar a prostituição de menores de idade e o consumo de drogas em um baile funk

Folhapress

Publicado em 03/06/2022 às 10:45

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Tim Lopes começou a atuar como jornalista na década de 1970 / Foto: Reprodução/ Redes Sociais

O assassinato do jornalista Arcanjo Antonino Lopes do Nascimento, conhecido como Tim Lopes, completou 20 anos nesta quinta-feira (2). Repórter da TV Globo, ele foi foi torturado, morto e queimado por traficantes enquanto fazia uma reportagem investigativa na Vila Cruzeiro, favela da zona norte do Rio de Janeiro. Lopes tinha 51 anos.

O repórter desapareceu no dia 2 de junho de 2002, quando foi até a comunidade para apurar a prostituição de menores de idade e o consumo de drogas em um baile funk. Segundo as investigações da polícia, ele foi identificado por um segurança do tráfico, que encontrou a microcâmera que Lopes levava escondida.

O traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, então líder do Comando Vermelho, ordenou a morte do jornalista. Lopes foi levado para o morro da Grota, no Complexo do Alemão, onde foi torturado e atingido por um golpe de espada no tórax.

Em seguida, ele teve as pernas cortadas e foi queimado dentro de pneus –método conhecido como "micro-ondas", usado para apagar vestígios dos assassinatos.

As buscas pelo corpo do repórter revelaram a existência de um cemitério clandestino na favela da Grota. Cerca de um mês depois do crime, um teste de DNA confirmou que fragmentos de um corpo encontrado pela polícia eram de Lopes.

De acordo com as investigações, Elias Maluco teria feito questão de matá-lo em represália à reportagem "Feira das Drogas", exibida pelo Jornal Nacional. O jornalista filmou traficantes vendendo cocaína e maconha na entrada da favela da Grota. Por este trabalho, Lopes recebeu o Prêmio Esso de Telejornalismo de 2001.
Seu assassinato chocou o país e gerou dezenas de manifestações em sua homenagem.

Nove pessoas foram indiciadas pelo crime, sendo que duas morreram antes de serem julgadas. Maurício de Lima Matias, o Boizinho, foi morto em confronto com a polícia e André Barbosa, o André Capeta, teria se suicidado, segundo indicaram as investigações à época.

As outras sete foram condenadas em 2005 pelo Tribunal do Júri do Rio de Janeiro. Elias Maluco recebeu a maior pena e foi sentenciado a 28 anos e seis meses de prisão.

Após 16 horas de sessão, o júri o considerou culpado de homicídio triplamente qualificado, formação de quadrilha e ocultação de cadáver.

Quinze anos depois, em setembro de 2020, Elias Maluco foi encontrado morto na Penitenciária Federal de Catanduvas, de segurança máxima, no oeste do Paraná. Ele foi achado com um lençol enrolado em seu pescoço, e o caso foi tratado como suicídio.

Pelo assassinato de Tim Lopes, foram condenados a 23 anos e seis meses de prisão: Cláudio Orlando do Nascimento, o Ratinho; Elizeu Felício de Souza, o Zeu; Reinaldo Amaral de Jesus, o Kadê; Fernando Satyro da Silva, o Frei; e Claudino dos Santos Coelho, o Xuxa.

Ângelo Ferreira da Silva, o Primo, foi condenado a nove anos e quatro meses de prisão. Ele foi considerado culpado dos mesmos crimes, mas, como colaborou com as investigações, recebeu uma pena menor que a dos demais.

Tim Lopes começou a atuar como jornalista na década de 1970. Além da TV Globo, ele trabalhou na sucursal do Rio de Janeiro da Folha, nos jornais O Dia, Jornal do Brasil e O Globo e na revista Placar.

Na Globo, participou da série de reportagens do "Fantástico" chamada Hora da Verdade, que promovia o encontro de familiares de vítimas com assassinos presos.

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Uma série de eventos foi marcada nesta quinta-feira (2) para homenagear o jornalista. Às 8h30, havia uma instalação com fotos de Tim Lopes e texto do jornalista Alexandre Medeiros em frente à Câmara dos Vereadores, no centro da cidade. Às 10h, foi realizada uma cerimônia religiosa no Santuário Cristo Redentor para familiares e amigos.

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI), em parceria com a Abraji, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro realizaram um encontro no auditório da ABI, no centro Rio.

Nas redes sociais, o filho de Lopes, Bruno Quintella, escreveu uma mensagem para o pai: "Seguir em frente é viver e lutar pela vida. Pela verdade. E pelo futuro da gente".

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