26 de Abril de 2024 • 16:02
DIVULGAÇÃO
Por Francisco Marcelino
Amanhã, primeiro de setembro, é um marco para milhões de estudantes e professores franceses do maternal ao último colegial. Depois de seis meses, entre confinamento e férias, as escolas reabrem no país. As universidades só retomam em meados de setembro. No ar, um grande medo de pais, professores, funcionários do sistema educacional e alunos: a chamada segunda onda do novo coronavírus.
O início das aulas coincide com um aumento vertiginoso de novos casos na França. A taxa já está próxima daquela do pico da pandemia por aqui em abril. Claro que não é possível comparar esses dados, pois hoje a França tem uma capacidade de testagem muito maior do que no início do ano. Porém, os novos casos aumentaram numa velocidade maior do que a dos testes. Ao menos, os óbitos são relativamente baixos.
Dentre os vários sindicatos ligados aos profissionais do ensino, um deles, o SNUipp, que reúne professores do maternal, primário e ginásio, lembra que essa não será uma volta às aulas como as outras. O governo francês adotou medidas sanitárias restritivas, como o porte de máscaras. Entretanto, esse protocolo foi estabelecido em julho, quando não havia um forte aumento de novos casos como nos últimos dias, diz o sindicato.
Todos os professores e funcionários deverão usar máscaras nas escolas, mesmo nas áreas externas. Isso também vale para os pais e responsáveis. Já as crianças, só aquelas com mais de 11 anos. Além disso, todos deverão seguir regras de distanciamento social, higiene regular das mãos e ventilação natural das salas de aula (bom, enquanto o frio não chegar).
O governo ainda pede a cooperação dos pais: não enviar crianças com febre ou outros sintomas para as escolas. Os casos suspeitos serão testados imediatamente, assim como todos os que entraram em contato. Se a contaminação for maior, a escola ou parte dela será fechada. Por fim, se houver uma segunda onda e for inevitável fechar as escolas, o ministério implementará aulas remotas.
Alguns pais aqui, como aí, sonham com a volta às aulas. A rotina das crianças foi alterada severamente. Muitas passaram a dormir e acordar muito tarde. Tenho exemplos aqui em casa — nem citarei os nomes dos envolvidos. Também há o problema dos que desapareceram durante o ensino remoto, por não terem computador, tablet ou acesso à internet. Existe ainda a insegurança alimentar, porque a merenda é a principal refeição de muitas crianças.
O retorno às aulas é importante, mas, mesmo com os planos A, B e C definidos pelo governo francês, o risco de contaminação é elevado.
Agora, falando no Brasil, como reabrir escolas, privadas ou públicas, de um país que não conseguiu estabelecer sequer UM mísero plano para esta pandemia? Para que a pressa? No fim das contas, nossos filhos estão onde eles mais gostariam de estar: ao nosso lado.
Francisco Marcelino, escritor e cineasta
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