X

Cultura

Cinema brasileiro precisa resolver o problema da distribuição

O cineasta Cláudio Assis, diretor de Amarelo Manga, Baixio das Bestas e Febre do Rato, diz que o cinema nacional precisa ocupar as salas de exibição.

Agência Brasil

Publicado em 26/01/2013 às 10:14

Atualizado em 19/07/2022 às 14:27

Comentar:

Compartilhe:

A-

A+

Produzir um filme hoje no Brasil é difícil, fazer com que ele chegue às salas de cinema, à programação das TVs, é quase impossível até mesmo para os melhores filme do Brasil, o diretor de cinema Cláudio Assis fala com propriedade. Seus longa-metragens: Amarelo Manga (2002), Baixio das Bestas (2006) e Febre do Rato (2011) foram todos premiados nos principais festivais de cinema do país e todos receberam o título de melhor filme por um ou mais júris. Em debate na 8ª Bienal de Arte e Cultura da União Nacional dos Estudantes, Assis compartilha as dificuldade em ser cineasta e discute o cenário com especialistas e estudantes.

“Trabalhamos, lutamos, fizemos o melhor filme [Febre do Rato], mas ele não está nas salas do país. Circulou inclusive pela Europa, mas chegou a poucos cinemas brasileiros. A produção audiovisual brasileira não pode ficar só nos festivais. Temos que ocupar as salas, temos que melhorar a distribuição”, diz Cláudio.

O cineasta foi rebatido pelo diretor-presidente da Agência Nacional do Cinema (Ancine), Manoel Rangel, também presente no debate. Ele afirmou que o cinema ainda tem muitas falhas, mas avançou muito ao longo dos últimos anos. Segundo ele,  em 2003 o setor recebeu R$ 40 milhões do governo federal e R$ 100 milhões em leis de incentivo. Em 2012, houve um crescimento de mais de seis vezes, o investimento do governo passou para R$ 300 milhões e os incentivos mais que dobraram, alcançando R$ 250 milhões.

Os valores são destinados à produção audiovisual. A dificuldade maior está na hora de exibir as obras. São hoje  2,5 mil salas em todo o país, o que equivale a uma sala para cada 79 mil habitantes, de acordo com a Ancine. Rangel é otimista. “Em 2002, tínhamos uma sala para cada 95 mil habitantes. Uma pequena mudança, mas não podemos deixar de reconhecê-la”.

Além de não chegar aos espectadores, os filmes não seriam acessíveis. O cineasta amazonense Júnior Rodrigues faz parte do projeto Uayná Lágrimas, que viaja o país exibindo filmes com audiodescrição (para surdos) e videodescrição (para cegos e pessoas de baixa visão).  “Hoje não existem nem dados de quantos filmes acessíveis são produzidos, nem de quantos são exibidos. Viajamos a capitais e encontramos pessoas com deficiência que nunca tiveram acesso ao cinema”.

Cabe à Ancine a fiscalização de empresas produtoras, programadoras, distribuidoras e exibidoras, bem como aquelas que comercializam produtos e conteúdos audiovisuais. Rangel reconheceu que há falhas. “Existem brasileiros que nunca entraram numa sala de cinema”.

A 8ª Bienal de Arte e Cultura da UNE é considerada o maior evento estudantil da América Latina. As atividades vão até o próximo sábado (26) e incluem mostras de teatro, música e cinema, seminários de esportes, além de apresentações de trabalhos acadêmicos e de extensão. O tema desta edição é A Volta da Asa Branca, uma Homenagem ao Sanfoneiro Luiz Gonzaga, cujo centenário foi comemorado em 2012. As atividades são gratuitas e abertas à comunidade. A programação completa pode ser consultada no site da bienal.

Apoie o Diário do Litoral
A sua ajuda é fundamental para nós do Diário do Litoral. Por meio do seu apoio conseguiremos elaborar mais reportagens investigativas e produzir matérias especiais mais aprofundadas.

O jornalismo independente e investigativo é o alicerce de uma sociedade mais justa. Nós do Diário do Litoral temos esse compromisso com você, leitor, mantendo nossas notícias e plataformas acessíveis a todos de forma gratuita. Acreditamos que todo cidadão tem o direito a informações verdadeiras para se manter atualizado no mundo em que vivemos.

Para o Diário do Litoral continuar esse trabalho vital, contamos com a generosidade daqueles que têm a capacidade de contribuir. Se você puder, ajude-nos com uma doação mensal ou única, a partir de apenas R$ 5. Leva menos de um minuto para você mostrar o seu apoio.

Obrigado por fazer parte do nosso compromisso com o jornalismo verdadeiro.

VEJA TAMBÉM

ÚLTIMAS

Cotidiano

Laboratório de química de escola pega fogo em Santos

As aulas já tinham sido encerradas no momento do incidente e ninguém ficou ferido, porém materiais foram danificados

Esportes

Equipe de Ginástica artística de Praia Grande embarca para a Copa Estadual

Competição acontece na cidade de Araraquara

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software

Newsletter