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Em Santos, construção civil quer ajudar na restauração da Escolástica Rosa

O complexo ocupa 17 mil metros quadrados e tem oito prédios, mas este patrimônio histórico inaugurado em 1908 agoniza

Nilson Regalado

Publicado em 24/04/2024 às 07:30

Atualizado em 24/04/2024 às 09:25

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Em ruínas e cercados pelo mato, cinco prédios que formaram gerações de santistas não têm mais telhado, só restando as paredes impregnadas de história / Diário do Litoral

Diretor da Associação dos Empresários da Construção Civil da Baixada Santista (Assecob) e membro do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa), o advogado e construtor Rogério Conde admite que o setor da construção civil estaria disposto a auxiliar na restauração do Instituto Dona Escolástica Rosa. Inconformado com a situação atual do patrimônio histórico tombado, Conde questiona: "A quem interessa manter aquele conjunto arquitetônico no estado em que está?". O complexo ocupa 17 mil metros quadrados e tem oito prédios, mas este patrimônio histórico inaugurado em 1908 agoniza. Em ruínas e cercados pelo mato, cinco prédios que formaram gerações de santistas não têm mais telhado, só restando as paredes impregnadas de história.

Após a denúncia do Diário do Litoral sobre o estado de abandono do conjunto arquitetônico, o locatário do Escolástica Rosa, Manoel Gonzalez, anunciou na última segunda-feira que a restauração do prédio principal começa "no final deste mês, começo de maio". Presidente do Núcleo de Pesquisa e Estudo em Chondrichthyes (Nupec), Gonzalez afirmou que todo o serviço de restauração será bancado "com recursos próprios". As obras estão orçadas em R$ 50 milhões e devem durar cerca de três anos. O projeto contempla espaços para educação, exposições e cultura, além de prever áreas comerciais capazes de garantir a sustentabilidade econômica do empreendimento.

"O Escolástica é uma pérola que temos na Cidade, tenho certeza que toda a sociedade vê aquele imóvel com carinho. Esse 'start' é importante, mas é preciso levar público para dentro do Escolástica", reforça Conde.

Também diretor da Associação Comercial de Santos, o construtor reconhece que cabe à Santa Casa definir as diretrizes para a recuperação do patrimônio deixado como legado à sociedade santista por João Octávio dos Santos, filho da escrava Escholástica Rosa.

PATROCINADORES.

Mas, Conde sugere que uma possibilidade para restauração imediata de todo o conjunto arquitetônico seria através de uma eventual parceria com alguma construtora, nos moldes do que foi feito com os clubes da Ponta da Praia.

Isso pressupõe a completa reconstrução de todo o complexo educacional. Em troca, o parceiro receberia autorização para erguer algum empreendimento em parte dos sete mil metros quadrados do terreno que não são ocupados pelos prédios projetados por João Octávio dos Santos e pelo arquiteto Ramos de Azevedo.

"Não há construtora em sã consciência que não tenha vontade de construir naquele lugar", resume Conde, proprietário da Engeterpa. "Enxergo (essa possibilidade) com muito bons olhos", completa o diretor da Assecob e da ACS. Porém, o construtor receia que tal parceria poderia esbarrar na opinião pública.

TESTAMENTO.

Em seu testamento, o filho bastardo da escrava Escholástica Rosa em nenhum momento previu atividades comerciais na área, que foi sua chácara até o final do século 19, época em que o Rio Conrado ainda corria por ali até desaguar na Praia da Aparecida.

Porém, o testamento de João Octávio também jamais proibiu expressamente qualquer atividade empresarial na área que abrigaria o instituto em homenagem a sua mãe.

"Em nenhum momento o imóvel inteiro serviu à educação. E, de alguma forma, mesmo assim ele cumpriu o desejo de João Octávio", analisa o construtor.

Conde ainda compara a situação do Escolástica Rosa com o Louvre, em Paris. Maior acervo de arte do mundo e o mais visitado do Planeta, o Museu do Louvre foi inaugurado em 1793, ocupando as instalações de um castelo que servia aos reis da França desde o século 16.

E, mesmo com toda essa tradição, o conjunto arquitetônico presenciou uma adição recente. Famosa, a pirâmide de vidro do Louvre foi inaugurada em 1989, sem quebrar o encanto da construção histórica.

"Não tenho dúvidas de que o Escolástica Rosa pode ser um equipamento mais contemporâneo, que dê orgulho para a Cidade, para todos os santistas. Sou um entusiasta daquele espaço. Estou à disposição para tirar o projeto do papel", conclui Conde.

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