Ricardo Queixão, Áureo Tupinambá e Fabiana de Abreu Silva foram presos na última semana / Reprodução
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O processo do Ministério Público que reúne informações a respeito da possível ligação entre criminosos que integram o Primeiro Comando da Capital, o PCC, e agentes públicos de Cubatão conta com uma série de prints de conversas de WhatsApp que reúnem diálogos entre o advogado Áureo Tupinambá, a servidora Fabiana de Abreu Silva e o vereador Ricardo Queixão, todos presos na última terça (16), com Vagner Borges Dias, apontado como um dos líderes da facção. Os documentos do MP foram obtidos pela Reportagem neste sábado (20).
Em alguns dos registros, é possível observar que todos possuíam relação próxima de Vagner. Em uma das conversas, ocorrida ainda em dezembro de 2020, Queixão chega, até mesmo, a pedir para que Vagner 'agilize' para ele, pois o vereador precisava 'comprar o terno pra posse' e 'outras coisas para Presidência'. Vale lembrar que Queixão foi eleito presidente da Mesa Diretora da Câmara de Cubatão para o biênio 2021-2022.
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Em outro print, o advogado Áureo Tupinambá, que o Ministério Público e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) afirmam ter sido preso por possíveis crimes ocorridos durante seu trabalho como servidor da Câmara Municipal de Cubatão, e não como advogado, tira uma dúvida com Vagner. Áureo questiona Vagner a respeito de uma planilha e afirmar que está 'achando ela muito apertada'. O homem, apontado como líder do PCC, então, afirma que um indivíduo chamado Antônio iria ligar para elucidar as dúvidas do servidor.
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Por fim, em outro registro, onde não é possível ver quem está recebendo as mensagens, a servidora Fabiana de Abreu, que trabalhava na Prefeitura de Cubatão, diz para alguém que 'lá deu liga', e anuncia que Queixão foi eleito presidente da Mesa Diretora e explica que ela já havia alinhado algo com ele e que faltaria apenas ver prazos e outros detalhes.
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Ainda no processo do Ministério Público, a Câmara dos Vereadores cubatense é apontada como 'polo de corrupção para a manutenção dos contratos escusos'. Segundo o documento, as conversas de Fabiana ainda mostrariam momentos em que ela cobrava Vagner alguns valores e ele pedia para que a servidora passasse um Pix para onde ele pudesse enviar o dinheiro.
Ao longo das mais de 2 mil páginas, o processo ainda destaca que existem, no Legislativo da Cidade, licitações completamente forjadas e contratos com empresas investigadas. Para lidar com estas situações, Áureo Tupinambá atuava como uma espécie de 'diretor-secretário' da Casa de Leis e ficava com a responsabilidade de gerir documentos dos contratos para que os mesmos aparentassem ser legais e não levantassem suspeitas. No meio destes documentos, eram, então, acrescentados valores que serviriam, ao final das contas, para amparar propinas.
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Finalizando, o Ministério Público aponta, ainda, que é possível que existam outros agentes públicos envolvidos no esquema.