Polícia inicia diligências atrás dos envolvidos em barbárie em Guarujá

Em depoimento, marido da vítima apontou o nome de dois suspeitos. Advogado acusa a página Guarujá Alerta de ter divulga um falso retrato falado

6 MAI 2014 • POR • 10h32

Após a confirmação da morte de Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, amarrada e espancada por moradores do bairro Morrinhos em Guarujá, o delegado titular do 1º Distrito Policial da Cidade, Luiz Ricardo de Lara Dias Júnior, em entrevista ao Diário do Litoral, afirma que ainda não foi identificado nenhum suspeito de participar do linchamento ocorrido na tarde do último sábado.

“O pessoal da investigação está analisando as imagens dos vídeos que recebemos para identificar os envolvidos, assim como testemunhas que tenham presenciado o fato”, afirmou o delegado. Os vídeos foram entregues pelo advogado da família da vítima, Airton Sinto.

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Na tarde de ontem, o delegado tomou alguns depoimentos de familiares e do marido da vítima, o porteiro Jaílson Alves das Neves. Os nomes de dois suspeitos do crime foram fornecidos ao delegado Luiz Lara Jr., que informou que a polícia está fazendo diligências pelo bairro para buscar testemunhas do linchamento e identificar possíveis autores do crime.

Outro depoimento tomado pelo delegado foi de um dos responsáveis pelo perfil Guarujá Alerta, que publicou um retrato falado falso de uma suposta sequestradora de crianças no Guarujá. Segundo Luiz Lara, ele se apresentou voluntariamente junto com seu advogado ao 1º DP da Cidade para prestar esclarecimentos. O responsável pela página, que não teve seu nome divulgado, se dispôs a ajudar nas investigações, disponibilizando todo o material publicado na página que tem mais de 50 mil seguidores.

Perguntado sobre a confusão feita entre Fabiane e a sequestradora de criança, Luiz Lara Jr. corrobora com a informação que advogado Airton Sinto, em entrevista ao DL no domingo, que “não há registro algum, em qualquer unidade daqui da delegacia, das unidades de Vicente de Carvalho, do Guarujá como um todo, dando conta de sequestros vitimando crianças”, disse o delegado.

Luiz Lara Jr.  disse que “a Polícia Civil acredita que ainda é prematura a responsabilização penal do mantenedor do perfil no Facebook”, tendo em vista que “o que houve foi a propagação de boatos de fato incertos, atribuídos a pessoas também incertas”. Luiz Lara afirmou que “caso no inquérito nós consigamos reunir elementos que demonstrem que de alguma forma o mantenedor da página praticou um ato ilícito, aí sim ele será responsabilizado penalmente”. O objetivo da polícia nesse momento é identificar os responsáveis pelo espancamento que levou Fabiane Maria de Jesus à morte.

Advogado vai processar perfil

O advogado da família da vítima, Airton Sinto afirmou ao DL que vai “buscar os meios legais para indiciar quem incitou essa violência, divulgando um retrato falado falso, sem apuração da informação”. Ele acusa a página Guarujá Alerta de instigar o espancamento. Em seu perfil no Facebook, Sinto disse que vai “pedir ao delegado a prisão temporária dos envolvidos, para que provas não sejam eliminadas”, escreveu.

O DL entrou em contato por mensagem com o perfil Guarujá Alerta, porém, em nota publicada no perfil, os responsáveis disseram que não iriam se pronunciar e que uma nota oficial seria divulgada. Até o fechamento desta edição, nada havia sido publicado. Em publicações posteriores à divulgação de tal retrato falado falso,  o Guarujá Alerta esclarece aos seus seguidores que a imagem era falsa e que tudo não passou de um boato falso.

Histórico

Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, morreu na manhã de ontem, em Guarujá, após ficar em coma induzido na UTI do Hospital Santo Amaro. Ela foi amarrada e espancada brutalmente por moradores do bairro Morrinhos, na tarde de sábado (3). A dona de casa foi confundida com o retrato falado falso de uma susposta sequestradora de crianças.

Fabiane, que apresentava transtorno bipolar e tinha acompanhamento médico, não resistiu aos graves ferimentos  e ao traumatismo craniano, e morreu. Ela deixa o marido e duas filhas. Uma de 12 anos e outra com apenas 1 ano.