Desembargador que humilhou guarda em Santos acumula abusos de autoridade

Em um deles ele gritou com uma copeira por querer suco de morango fora da época da fruta; veja os casos

20 JUL 2020 • POR • 14h08
Nas imagens, o magistrado chama o guarda de 'analfabeto' - Reprodução

Gravado se negando a usar a proteção e humilhando um agente da Guarda Civil Municipal de Santos, o desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo Eduardo Almeida Prado Rocha Siqueira tem histórico de abusos de autoridade. A informação é do site Consultor Jurídico (conjur.com.br).

Nas imagens, o magistrado chama o guarda de “analfabeto” e joga a multa que recebeu por estar sem máscara no chão. Ele ainda teria tentado telefonar para o secretário de Segurança Pública do município, Sérgio Del Bel, para que ele falasse com o guarda municipal.

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Conforme apurou a ConJur, Siqueira tem um longo histórico de abusos de autoridade e carteiradas. Os abusos vão desde contato pessoal inconveniente até a quebra de uma cancela de pedágio por ele não ter paciência de esperar e uma descompostura em uma colega de magistratura por ela simplesmente se interessar pelo estado de saúde de uma ascensorista.

Uma das pessoas que conviveu de perto com a faceta autoritária de Siqueira foi a desembargadora Maria Lúcia Pizzoti. Ela atuou com Siqueira quando ingressou na carreira jurídica. Ele como juiz titular. Ela como juíza substituta em Santos.

“Ele é uma figura desprezível. Ele é o tipo de pessoa que teve ‘bola dividida’ com muita gente. É importante falar sobre o comportamento dele porque a sociedade não tolera mais essas coisas. Hoje em dia tudo é filmado e gravado. Ele, infelizmente, fez muita coisa que não foi filmada e nem gravada”, explica.

Maria Lúcia acredita que o caso de Siqueira configura caso de exoneração do cargo. “Ele cometeu o crime de abuso de autoridade, de tráfico de influência ao tentar ligar para outra autoridade e tem o caso de não usar a máscara e sujar a praia. Aposentadoria é prêmio, né?”.

A ConJur ainda apurou outros casos em que Siqueira abusou de autoridade. Em um deles ele gritou com uma copeira por querer suco de morango fora da época da fruta e de passar uma descompostura em uma colega de magistratura que perguntou do estado de saúde de uma ascensorista grávida sob a alegação de que isso "rebaixaria a classe dos magistrados".

Eduardo Almeida Prado Rocha Siqueira é atualmente foco de um pedido de providências do Conselho Nacional de Justiça para apurar sua conduta.

Em nota emitida às redes de televisão ainda durante o fim de semana, o desembargador afirmou que as imagens que o mostram sendo abordado pelos Guardas Civis Municipais são reais, mas foram 'tiradas de contexto’. "Decreto não é lei, portanto, entendo que não sou obrigado a usar máscara, e que qualquer norma que diga o contrário é absolutamente inconstitucional. Já fui abordado outras vezes pela Guarda Civil Metropolitana por conta dessas restrições governamentais inconstitucionais", afirma.