27 de Abril de 2024 • 10:18
Brasil
A Standard & Poor’s ressalta que as delações premiadas feitas na Lava Jato podem afetar o ambiente político e complicar a implementação de políticas econômicas
A Standard & Poor’s manteve o Brasil dois níveis abaixo do grau de investimento / Divulgação
A agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) decidiu manter a nota do Brasil em BB (dois níveis abaixo do grau de investimento), assim como a perspectiva negativa. "A perspectiva negativa reflete nossa visão de que há pelo menos uma probabilidade em três de que possamos rebaixar o rating do Brasil mais para o final do ano", afirma o comunicado da S&P, destacando que a situação política do País permanece incerta e em risco, considerando o cenário de três anos de recessão econômica, aumento do desemprego, tensões sociais e a crise da dívida dos Estados.
No texto, a agência ressalta que as delações premiadas feitas na Operação Lava Jato podem afetar o ambiente político e complicar a implementação de políticas econômicas pela equipe do presidente Michel Temer. "Enquanto o governo Temer e o Congresso avançaram em algumas legislações para reforçar a trajetória fiscal, considerando a combinação do estágio inicial das medidas e o tamanho do ajuste necessário, esperamos por evidências adicionais do progresso em estabilizar a economia e reduzir a incerteza política."
Já se o cenário político se estabilizar ou melhorar, a S&P pode revisar a perspectiva da nota brasileira para "estável". Uma melhora do ambiente político pode ajudar no avanço mais rápido da agenda de reformas, de acordo com o comunicado. Com isso, as contas fiscais do País também teriam uma estabilização e melhorariam as perspectivas de crescimento para o País. "Os consideráveis desafios fiscais e econômicos no Brasil exigem um compromisso político firme."
A S&P prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve ter baixo crescimento no próximos anos. A previsão é de expansão de 0,9% este ano, 2% em 2018 e 2,3% em 2019.
Mais longe
A manutenção do rating pela S&P foi considerada uma "boa notícia" pela equipe econômica do governo, porque alguns indicadores estão piores neste início de ano, principalmente em relação às projeções para o crescimento da dívida pública, o que poderia ter levado a um rebaixamento do rating.
Mas a avaliação é que a perspectiva de um retorno do grau de investimento em 2018, feita pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e pela secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, está ainda mais longe. "Em termos absolutos, ainda é muito ruim", reconheceu uma fonte do governo.
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