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Nos EUA, Biden eleva tom e vai culpar Trump e aliados por invasão do Capitólio

Até agora o governo, inclusive o próprio Biden, costumava evitar nomear Trump referindo-se a ele como "o outro cara" ou "o cara de antes"

Estadão Conteúdo

Publicado em 06/01/2022 às 14:48

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Presidente norte-americano, Joe Biden / / Reprodução Redes Sociais

O presidente norte-americano, Joe Biden, investirá contra seu antecessor, Donald Trump, na quinta-feira, 6, culpando-o de uma "responsabilidade singular" pelo caos em 6 de janeiro do ano passado, quando apoiadores do líder republicano invadiram o Capitólio.

A decisão de Biden de usar o discurso de um ano da invasão do Capitólio para culpar Trump e seus aliados republicanos diretamente por seu papel neste ataque sem precedentes à democracia americana marca uma forte escalada na estratégia do presidente em relação aos distúrbios.

Durante o primeiro ano de seu governo, Biden tem optado por ignorar Trump, que ainda se nega a admitir a derrota nas eleições presidenciais de 2020 e continua difundido teorias da conspiração entre seus milhões de seguidores, dizendo que ele foi o verdadeiro vencedor, apesar de ter perdido por mais de sete milhões de votos.

Mas em um discurso no Capitólio, onde há exatamente um ano uma multidão de seguidores de Trump agiu para tentar deter a certificação da vitória eleitoral de Biden, o presidente americano anunciará firmemente a responsabilidade de seu antecessor, disse nesta quarta-feira, 5, a secretária de imprensa, Jen Psaki.

"O presidente Biden tem sido claro sobre a ameaça que o ex-presidente representa para a democracia americana", insistiu. Biden "vê o 6 de janeiro como uma trágica culminação do que quatro anos da presidência de Trump fizeram como este país", afirmou. Ele "denunciará energicamente a mentira propagada pelo ex-presidente", que diz, sem apresentar provas, ter vencido nas urnas.

Até agora o governo, inclusive o próprio Biden, costumava evitar nomear Trump, referindo-se a ele como "o outro cara" ou "o cara de antes".

O chefe da Polícia do Capitólio, Tom Manger, que assumiu o cargo depois do ataque, testemunhou nesta quarta diante de uma comissão do Senado."O dia 6 de janeiro lançou luz sobre falhas operacionais muito importantes", reconheceu Manger, segundo a versão escrita de seu testemunho, publicada pelo Senado. "É preciso solucionar esses problemas, e é o que estamos fazendo", acrescentou.

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Segundo uma pesquisa publicada ontem pelo site Axios, cerca de 57% dos americanos consideram que o ocorrido em 6 de janeiro de 2021 poderia se repetir nos próximos anos.

A pesquisa confirma quão dividido continuam os Estados Unidos um ano depois das imagens incríveis de confrontos e de simpatizantes de Trump passeando pelo Capitólio. De acordo com a pesquisa, apenas 55% dos americanos acreditam que Biden foi o vencedor legítimo das últimas eleições.

"O dia 6 de janeiro não foi a ação irracional e espontânea de uma multidão violenta. Foi uma tentativa de reverter violentamente o resultado de uma eleição livre e justa. Não nos deixemos enganar, as razões que provocaram o dia 6 de janeiro ainda existem", afirmou hoje o líder dos democratas no Senado, Chuck Schumer.

"Se não abordarmos as raízes dessa violência, essa insurreição não ficará como uma aberração, mas se converterá na regra", advertiu o senador.

Trump muda seus planos

O ex-presidente Trump decidiu finalmente cancelar a entrevista coletiva que estava prevista para esta quinta0feira, na Flórida, considerada uma provocação pelos democratas e que colocaria os republicanos em uma saia justa. Contudo, o magnata não suavizou em nada o seu discurso. Em um comunicado publicado na terça-feira, 4, Trump classificou novamente a eleição presidencial de "fraude", mas sem apresentar provas. "O crime do século", escreveu ele sobre as eleições.

Apesar de Trump ter renunciado ao protagonismo no dia do aniversário da invasão, retomará o tema em um comício programado no Arizona em 15 de janeiro.

Essa afirmação é apenas o elemento mais incendiário de um discurso de ataque contra Biden em todos os aspectos, desde a sua política migratória até a forma de lutar contra a pandemia de covid-19, que parece ser uma aposta - ainda não declarada - para recuperar o poder em 2024.

Por sua vez, os republicanos, sobre os quais o ex-presidente continua tendo muita influência, parecem preferir ficar longe dos holofotes.

Em uma mensagem datada de 2 de janeiro, Kevin McCarthy, o líder da minoria republicana na Câmara dos Representantes, que forma o Congresso dos Estados Unidos junto com o Senado, escreveu que "as ações daquele dia 6 de janeiro foram ilegais".

O republicano, no entanto, também criticou os democratas, que - segundo ele - estão utilizando o ocorrido naquele dia "como arma partidária para dividir o país".

Mitch McConnell, líder dos republicanos no Senado, já adiantou que não estará presente no evento desta quinta-feira em Washington. Ele comparecerá ao funeral de um ex-senador em Atlanta, no sul do país, longe do Capitólio.

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