14 de Outubro de 2024 • 14:47
O atleta cubatense Mário José dos Santos Júnior, de 35 anos, deverá ser mais um brasileiro a competir nos Jogos Olímpicos, a ser realizado no próximo ano, no Rio de Janeiro. Especializado na Marcha Atlética - 50 Km, Mário José conseguiu atingir o índice em sua modalidade, estabelecido pela Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF), que é de 4h06min.
Atleta da equipe BM&F/Bovespa, Mário José participou do Circuito Mundial de Marcha, realizado em Dundice, na Eslováquia, ficando em 8º lugar na prova, com o tempo de 3h55min37. A perfomance garantiu a quebra do recorde brasileiro, que também pertencia a ele, que era de 3h57min29. Além dos Jogos Olímpicos, o resultado obtido pelo cubatense garante também a participação em outras importantes competições previstas para este ano, como os Jogos Panamericanos de Toronto, Canadá, e o Campeonato Mundial de Marcha, a ser realizado em Pequim, na China.
Caso participe das Olimpíadas 2016, o cubatense terá garantido sua participação em quatro edições, consecutivamente - já disputou os jogos de 2004, em Atenas; 2008, na China, e em 2012, em Londres. O melhor resultado obtido em sua carreira foi a medalha de prata nos Jogos Panamericanos de 2003, em Santo Domingo.
Por toda sua dedicação ao esporte e ao atletismo, em uma modalidade pouco reconhecida, o atleta Mário José é o entrevista desta Papo de Domingo. Acompanhe:
Diário do Litoral - Quando você se tornou atleta de marcha atlética? Com quantos anos você se tornou atleta?
Mário José - Comecei no esporte muito cedo, aos 5 anos. Praticava aulas de natação no Jardim Casqueiro, passei pelo futsal, karatê, judo, vôlei, futebol, capoeira e kick boxer. Quando era criança, era fã do Van Damme, mas minha mãe achava kick boxer violento e fui para escolinha de atletismo aos 13 anos. Com essa idade mesmo comecei na marcha-atlética por acaso. Tinha uma competição em Valinhos e só tinhamos dois representantes de Cubatão e o professor Adilson Oliveira (meu primeiro professor de atletismo) me inscreveu e fiquei em sétimo na primeira competição. De lá não parei mais. Terminei o ano como terceiro do Estado e no próximo ano já me tornava campeão brasileiro.
DL - Esse era um sonho? O que desejava fazer antes de ser atleta?
Mário - Sou um “workaholic”. Tenho vários sonhos, porém comecei a sonhar com o esporte profissionalmente quando vi o Rogério Sampaio ganhar a medalha olímpica em Barcelona. Naquele momento virou uma meta de vida ir para olimpíada. Se não fosse o atletismo, acho que seria alguma arte marcial.
DL - De quanta Olimpíadas você participou e quantas medalhas já ganhou?
Mário - Participei de duas olimpíadas Atenas 2004 e Pequim 2008, foi incrível! No Rio, em 2016, espero ter uma grande participação...
DL - Qual foi o prêmio mais marcante para você?
Mário - Meu resultado mais marcante da carreira foi o título de vice-campeão dos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, em 2003. Medalha única na categoria 50 km de marcha. Embora seja pentacampeão sul-americano de marcha-atlética.
DL - E qual competição foi mais marcante?
Mário - Difícil escolher uma competição. Todas têm um grau de importância no momento, mas competir uma olimpíada é algo que marca sua vida.
DL - Onde você nasceu? Seus treinamentos começaram na sua cidade natal?
Mário - Como a maioria dos cubatenses, sou filho de nordestinos. Nasci em Cubatão, em 1979. Comecei na escolinha de atletismo da cidade em 1992, sob a supervisão do professor Adilson Oliveira (multi campeão nacional do arremesso do peso). E em 1996 fui para São Caetano do Sul, onde permaneço até hoje.
DL - Hoje, onde você treina?
Mário - Treino em um moderno centro de treinamento (clubedeatletismo.org.br) e represento a cidade de São Caetano do Sul.
DL - Você trabalha com outra atividade ou se dedica totalmente ao esporte?
Mário - Sou medico veterinário, sócio-proprietário de um laboratório veterinário (rous.com.br), porém 99% da minha vida é o atletismo, de onde tiro meu sustento, embora seja apaixonado pela veterinária. Quando me aposentar do atletismo quero me dedicar a ela
DL - Como é, financeiramente falando, viver de esporte hoje no País?
Mário - Quando você tem grandes resultados, pode contar com patrocínios. O problema é a jornada, chegar ao topo e muito difícil. Por isso que valorizamos tanto chegar a uma olimpíada, quem chegou sabe dos obstáculos, a luta que foi, quando se está por cima você consegue os patrocínios. Infelizmente em nosso país, ainda vivemos a cultura do futebol, não existe um investimento na base e os profissionais e professores de educação física estão esquecidos dentro da escola. A escola é fundamental, porém a escola sem o esporte é muito chata.
DL - Você tem patrocínio? Quão importante ele é para a sua carreira?
Mário - Tenho patrocínio, tenho carteira assinada, o que me dá tranquilidade para treinar e me dedicar. Sou patrocinado pela Bm&f Bovespa, São Caetano do Sul, Pão De Açúcar e Caixa.
DL - Qual a importância do esporte na sua vida?
Mário - O esporte ensina valores que mesmo que não seja um atleta profissional, formam cidadãos prontos para a vida, ensina respeito ao próximo, disciplina, fraternidade, superar dificuldades e aprender dar a volta por cima, saber lidar com a derrota, com a vitória, da garra para enfrentar a vida, etc... Além de tudo, o esporte me deu um diploma de nível superior, conheci o mundo, não consigo contar os países que visitei, foram muitos e conheci maravilhas como as muralhas da china a Torre Eiffel, o Coliseu. Uma carga cultural que não teria se não fosse atleta. Agora me veio uma curiosidade - me formei na Escola Técnica Federal e passei em uma seletiva muito concorrida para um cargo na antiga Cosipa, porém, no meu coração, estava chegar a olimpíada e não fui trabalhar lá. Segui meu sonho... Não me arrependo, todos nós devemos lutar por nossos sonhos, embora todos achem que é loucura.
DL - O que você diria para uma criança que deseja se tornar atleta?
Mário - Primeiro que faça qualquer esporte que goste. Não porque o seu pai quer que ele jogue no Santos (risos). Nada contra, sou fanático torcedor santista (risos). Mas faça o que goste, experimente vários esportes.
DL - Quais as suas expectativas para as próximas olimpíadas?
Mário - Por ser em casa, Dona Eliete (minha mãe) ja fala em fretar um ônibus para me assistir competir, vai ser emocionante competir em casa. Estou em grande fase, acabo de bater o recorde brasileiro do 50km (3h55m37s). Espero melhorar ainda mais pra chegar bem colocado.
DL - Como está o seu ritmo de treinamento?
Mário - Atualmente estou treinando firme, fazendo cerca de 220 km por semana, mais técnica, musculação, e o trabalho de recuperação como massagem fisioterapia, entre outros. Quando se é um atleta de 35 anos, vc não tem nada a perder. É tudo ou nada.
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