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Marin recebeu R$ 6,2 milhões para organizar Copa-2014

O cartola tinha função meramente burocrática no COL. Ele comandava, em tese, o comitê por ter herdado o cargo na CBF após a renúncia de Ricardo Teixeira em 2012

Publicado em 12/11/2015 às 17:00

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A Copa do Mundo no Brasil rendeu pelo menos R$ 6,2 milhões para José Maria Marin. Preso nos EUA acusado de receber propina em negociações de contrato, o ex-presidente da CBF recebeu a quantia milionária para presidir o COL (Comitê Organizador Local da Copa) em 2013 e 2014.

Documentos obtidos pela reportagem revelam que o cartola ganhou mais da metade deste valor (R$ 3,6 milhões ou R$ 307 mil mensais) da entidade no ano da fracassada campanha da seleção no Mundial.

O cartola tinha função meramente burocrática no COL. Ele comandava, em tese, o comitê por ter herdado o cargo na CBF após a renúncia de Ricardo Teixeira em 2012.

Marin participava apenas de eventos públicos do COL e não se metia em decisões estratégicas da entidade, que recebia dinheiro da Fifa.

No ano anterior, o cartola ganhou R$ 985 mil só de 'participação nos lucros ou resultados -PLR' da entidade.

Marin participava apenas de eventos públicos do COL (Foto: Sidney Oliveira/ Ag. Pará )

O pagamento da quantia surpreendeu, já que o contrato social do COL afirma que os resultados apurados em 2013 'devem ser alocados em conta de reserva [...], não havendo dividendos a distribuir'.

Em 2013, Marin declarou ter ganho mais R$ 1,6 milhão de 'recebimento de trabalho assalariado' do comitê.

Preso desde maio em operação do FBI, o cartola é acusado de receber 'milhões de dólares de propina' de esquema de desvio de dinheiro de vendas de direitos de transmissão de torneios. Antes de chegar aos EUA, onde está em prisão domiciliar, Marin ficou encarcerado na Suíça.

Nos três anos que comandou a CBF, o dirigente ainda recebeu salário de cerca de R$ 200 mil mensais.

Sessão secreta

O COL e a CBF são investigados por uma CPI no Senado. Nesta quarta-feira (11), os parlamentares vão votar, em sessão secreta, um pedido de quebra dos sigilos bancários e fiscais do comitê.

A CBF é a principal sócia do comitê, com 99,99% das ações. Marin tem 0,01%. Pelo contrato social, o COL só será fechado no próximo ano.

Os senadores pretendem quebrar também os sigilos de Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, Júlio Avelleda, ex-secretário-geral da entidade, Ariberto Pereira dos Santos, ex-tesoureiro da confederação, e Antonio Osório, ex-diretor financeiro da entidade.

Carolina Galan, ex-namorada do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, também pode ter o seu sigilo quebrado. Ela recebeu uma doação de R$ 1,1 milhão do cartola em 2014.

Advogados e familiares de Marin não foram localizados para responder sobre os ganhos do cartola. Os executivos do COL não responderam ao contato da reportagem.

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