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Descobertas múmias humanas mais antigas que as do Egito em floresta remota

Pesquisa descobre a mais antiga forma de mumificação do mundo, praticada no sudeste da Ásia há 12 mil anos por meio da defumação de corpos

Agência Diário

Publicado em 23/09/2025 às 19:18

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Estudo revela que caçadores-coletores na Ásia já preservavam seus mortos com fumaça 12 mil anos atrás, muito antes dos faraós egípcios / Yousuke Kaifu e Hirofumi Matsumura

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Enquanto a imagem das majestosas múmias egípcias domina o imaginário popular, uma descoberta arqueológica revolucionária revela que outra civilização já dominava uma técnica diferente de preservação dos mortos milênios antes.

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Um novo estudo mostra que povos antigos do sudeste asiático praticavam a mumificação por defumação há aproximadamente 12 mil anos.

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Isso significa que essa arte ritualística é surpreendentemente 7 mil anos mais antiga do que as primeiras evidências encontradas no Egito.

A pesquisa, publicada na renomada revista Proceedings of the National Academy of Sciences, analisou quase uma centena de sítios arqueológicos para chegar a essa conclusão fascinante.

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A técnica milenar da mumificação com fumaça

Os caçadores-coletores que habitavam o sul da China, o sudeste asiático e ilhas como Bornéu e Java desenvolveram um método único.

Em vez de usar faixas e resinas, eles adotavam um ritual que utilizava o fogo de maneira controlada. Os corpos eram cuidadosamente amarrados em uma posição de agachamento e depois expostos por longos meses à fumaça de fogueiras que queimavam em baixa temperatura.

Esse processo lento e constante desidratava a pele e impedia a decomposição dos ossos, preservando os corpos para a eternidade. A prática, conhecida como mumificação por defumação, tem similaridades com tradições observadas muito depois em comunidades indígenas da Austrália e da Nova Guiné.

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Como a ciência comprovou a descoberta

Para desvendar esse mistério de 12 mil anos, os pesquisadores realizaram um trabalho de detetive arqueológico minucioso. A equipe analisou 95 sítios arqueológicos diferentes, onde muitos ossos apresentavam manchas escuras e sinais claros de exposição ao fogo.

Em seguida, o grupo conduziu testes de laboratório avançados em 54 desses esqueletos. Os resultados foram decisivos: as amostras revelaram alterações moleculares específicas e consistentes com um aquecimento prolongado e em baixas temperaturas, confirmando a hipótese da defumação intencional.

Por que a defumação preserva os corpos?

A eficácia dessa técnica ancestral tem uma explicação científica fascinante. A fumaça da madeira não é simplesmente fumaça; ela é composta por um coquetel de compostos químicos naturais com propriedades poderosas.

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Ela contém aldeídos, que agem como bactericidas, fenóis, que são antioxidantes, e ácidos orgânicos, que têm efeito preservante.

Juntos, esses elementos impedem a proliferação de microrganismos responsáveis pela decomposição. Além disso, o calor suave e a exposição constante à fumaça removem toda a umidade do corpo, que é um fator crucial para o apodrecimento, criando uma película protetora sobre a superfície.

Uma janela para as crenças ancestrais

Por trás de toda técnica, existe uma motivação cultural e espiritual profunda. Essa descoberta reforça a teoria de que a mumificação por fumaça estava intimamente ligada a crenças ancestrais.

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O objetivo era a preservação do corpo como uma forma poderosa de manter viva a memória e a presença dos entes queridos que partiram.

Hsiao-chun Hung, da Universidade Nacional Australiana, que liderou o estudo, disse à revista Science News que acredita que "essas práticas possam ter raízes ainda mais antigas, ligadas às migrações humanas a partir da África há cerca de 60 mil anos".

Por fim, o achado coloca uma nova perspectiva sobre outras tradições de mumificação. O povo Chinchorro, no Chile, desenvolveu seu método de embalsamamento há 7 mil anos, e os egípcios começaram a usar resinas por volta de 6.300 anos atrás.

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Agora, sabemos que a jornada humana para preservar seus mortos começou muito antes, e com fumaça, nas florestas do sudeste asiático.

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