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Com o avanço da tecnologia, o tempo diante das telas aumentou de forma significativa, substituindo brincadeiras ativas e atividades ao ar livre por longas horas de inatividade
Pais podem estar incentivando o sedentarismo dos filhos inconsientemente / Imagem gerada por IA
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O sedentarismo infantil tem se tornado uma preocupação crescente, não apenas por suas implicações diretas na saúde física das crianças, mas também pelos impactos emocionais e sociais que esse estilo de vida pode causar.
Com o avanço da tecnologia, o tempo diante das telas aumentou de forma significativa, substituindo brincadeiras ativas e atividades ao ar livre por longas horas de inatividade. Porém, o que muitos pais não percebem é que seus próprios hábitos são um espelho para os filhos e essa conexão é mais forte do que parece.
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Segundo estudo da Unesp (Universidade Estadual Paulista), o comportamento sedentário de pais e mães influencia diretamente a rotina dos filhos.
A pesquisa acompanhou famílias utilizando acelerômetros, que mediram o tempo real de atividade física e sedentarismo ao longo de uma semana.
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Os resultados apontaram que, quando os pais se mostram pouco ativos, seus filhos tendem a adotar o mesmo padrão, demonstrando uma relação clara entre o estilo de vida familiar e a movimentação dos mais jovens.
As crianças não aprendem apenas com palavras, mas principalmente com exemplos.
Quando crescem em um ambiente onde a prática de atividade física é valorizada como caminhadas, pedaladas ou esportes,elas passam a encarar o movimento como parte natural do cotidiano.
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Esse aprendizado implícito é um dos principais fatores por trás da adoção ou rejeição de uma rotina ativa, e é muitas vezes negligenciado por pais que acreditam que apenas a escola ou a mídia influenciam seus filhos.
Quando o lar se transforma em um espaço onde predominam o sofá, os aparelhos eletrônicos e o sedentarismo, o corpo e a mente das crianças se adaptam a esse padrão.
A falta de estímulo físico acaba impactando também o desenvolvimento cognitivo, já que o movimento está ligado a funções como coordenação, atenção e memória. Por isso, a criação de hábitos saudáveis deve começar dentro de casa, com os próprios adultos dando o exemplo.
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Um dos achados mais significativos do estudo foi a constatação de que as mães exercem uma influência ainda maior do que os pais sobre o comportamento ativo dos filhos.
Isso não significa que a figura paterna seja irrelevante, mas sim que a presença mais constante da mãe nas rotinas da criança, especialmente no contexto brasileiro faz com que seus hábitos tenham maior poder de contágio.
Mesmo sem ações intencionais, a forma como a mãe se movimenta, organiza o tempo e lida com o próprio corpo é observada com atenção pelos filhos.
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Ao realizar tarefas ativas, como subir escadas, caminhar até o mercado ou participar de jogos com as crianças, ela está, de forma indireta, incentivando a prática da atividade física.
O contrário também é verdadeiro: uma postura inativa pode desencadear o mesmo tipo de comportamento nos pequenos.
Embora muitas pessoas associem o sedentarismo infantil exclusivamente à obesidade, os impactos vão muito além da balança.
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Crianças com baixa movimentação apresentam maior risco de desenvolver hipertensão, alterações metabólicas, dificuldades de concentração e até sintomas de ansiedade e depressão.
O corpo em movimento é também uma ferramenta de saúde mental, ajudando na liberação de hormônios importantes para o bem-estar.
Além disso, o sedentarismo na infância pode se transformar em um estilo de vida duradouro. Crianças que não são estimuladas a se mover provavelmente serão adolescentes e adultos igualmente inativos.
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A intervenção precoce, portanto, é fundamental para evitar que o problema se agrave ao longo do tempo. Transformar pequenas ações em hábitos como trocar o elevador pelas escadas ou caminhar até a escola pode fazer uma grande diferença a longo prazo.
A mudança de comportamento precisa começar de dentro para fora. Não adianta esperar que a escola resolva o problema se o ambiente familiar reforça a inatividade.
Incluir os filhos nas tarefas físicas do dia a dia, estimular passeios ao ar livre em família e reduzir o tempo de tela são atitudes simples que têm efeito positivo duradouro.
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Os pais, ao adotarem um estilo de vida mais ativo, beneficiam não apenas a si mesmos, mas também proporcionam um exemplo saudável para seus filhos.
Além disso, campanhas de conscientização e políticas públicas devem considerar o papel central da família na formação de hábitos.
Programas voltados à promoção da atividade física precisam envolver os pais desde o início, oferecendo orientações práticas e acessíveis. Afinal, como revelou a pesquisa, os adultos são os grandes modelos de comportamento dentro de casa e é ali que o combate ao sedentarismo infantil realmente começa.