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Cotidiano

Raio-X das Ciclovias: Sistema da Região está longe de ser metropolitano

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Ciclistas (ABC), cidades precisam se preocupar em integrar ciclovias entre os municípios

Publicado em 07/09/2015 às 00:40

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Um milhão de ciclistas em toda a Baixada Santista. Esta é a estimativa da Associação Brasileira de Ciclistas (ABC). Em contrapartida, o sistema cicloviário da Região está longe de atender toda esta demanda, segundo afirma o presidente da entidade, Jessé Félix. "Há 10 anos, quando se falava em malha cicloviária, se tratava de um sistema metropolitano. Mas isso não aconteceu e está longe de acontecer. As cidades não pensam juntas. As ciclovias não são padronizadas e cada um faz do seu jeito", reclama.

E é por conta desta realidade que o Diário do Litoral começa hoje o Raio-X das Ciclovias. De acordo com Félix, quatro cidades da Região pararam no tempo: Peruíbe, Itanhaém, Mongaguá e São Vicente. "No Litoral Sul, eles só pensam em ciclovia quando se trata de lazer. Esquece que muitos trabalhadores utilizam a rodovia (Padre Manoel da Nóbrega) para acessar outras cidades. E São Vicente parou no tempo. As novas ciclovias fazem parte do projeto do VLT, mesmo assim, com cruzamentos perigosos para os ciclistas. A Cidade não fez mais nada. Só tem a Ciclovia dos Trabalhadores, na orla da praia", complementa o presidente da ABC.

Os números confirmam. Itanhaém é a primeira cidade do Raio-X, com o menor número de quilometragem em ciclovias e ciclofaixas: 4.280 metros (aproximadamente 4,3 quilômetros). Boa parte do sistema na Cidade foi construído este ano, cerca de dois mil metros na orla da praia, no Centro.

Segundo dados da Prefeitura, De 2008 à 2012 foram construídos 1.300 metros de ciclovia - na Avenida José Batista Campos (700 metros), no Cibratel 1 (300 metros) e Guapura (300 metros). Em 2014, foram construídos mais 980 metros na Estrada Coronel Joaquim Branco.

Mesmo com um aumento expressivo em 2015 na construção de ciclovias, a Prefeitura não garante o crescimento do sistema cicloviário no próximo ano. "A Prefeitura está buscando garantir recursos para projetos de implantação de ciclovias no Centro, Praia do Sonho, continuação da Estrada Coronel Joaquim Branco, entre outros locais. Não há como precisar o aumento nas ciclovias da Cidade até 2016 por estes recursos ainda não estarem garantidos. Os recursos já liberados para o início da Estrada Coronel Joaquim Branco e Nova Orla do Centro já tiveram suas obras concluídas", justifica a Administração.

Principal ciclovia de Itanhaém está na orla da praia (Foto: Divulgação)

Ranking

A segunda cidade com menor quilometragem em ciclovias na Região é São Vicente. Atualmente, são 9,2 quilômetros de ciclovias ativas na cidade. Segundo dados da Prefeitura, em 2008 havia 8,2 quilômetros de ciclovia. Em 2009, mais 1000 metros foram construídos da Avenida Embaixador Pedro de Toledo até a Rua Rangel Pestana, mantendo este número até hoje.

"São Vicente parou no tempo e é uma das cidades que tem mais ciclistas migrantes para outros municípios. Por isso a importância de uma ciclovia metropolitana. O problema maior da Cidade está nos bairros próximos a Rodovia Imigrantes. Ciclistas morrem ali por falta de estrutura. A Prefeitura prometeu a Linha Azul que atenderia a demanda, mas nunca saiu do papel", expõe o presidente da ABC, Jessé Félix. Segundo a Prefeitura de São Vicente, até o final de 2016 serão entregues aproximadamente 1,3 quilômetro de ciclovia na área do Quarentenário.

Seguindo o ranking, Cubatão fica em terceiro lugar com 14,9 quilômetros de ciclovia em toda a Cidade. Segundo a Prefeitura, Em 2008, a cidade possuía pouco menos de 10 quilômetros. No ano de 2012, a Cidade tinha 12 quilômetros prontos. Para 2016, a previsão é aumentar o sistema em um quilômetro.

"Entre os pontos em estudo para implantação de nova ciclovia está um trecho de 1 km que interligaria a Vila Natal à Av. Henry Borden. Esta ciclovia seria paralela à linha férrea e a Prefeitura já está em conversação nesse sentido com a ALL, empresa que administra a linha férrea", explica a Administração.

Para Félix, a Prefeitura de Cubatão acordou tarde para a questão do sistema cicloviário, mas está tentando recuperar o tempo perdido. "Os bairros da Cidade têm pouco movimento de carros, como é o caso do Jardim Casqueiro. Por isso, uma ciclofaixa como foi contruída resolve a demanda. O importante agora é continuar beneficiando mais bairros", complementa.

Bertioga é quarta da lista com 17.224 metros de ciclovias já implantadas. Segundo a Prefeitura, em 2012, eram 9.264 metros de ciclovia; em 2013, 11.664; e, em 2014, 17.224. "A previsão é de que mais 2.200 metros sejam implantados até o final de 2016, sendo 1.200 metros na Avenida Marginal Sul (no entorno da Rodoviária, na Vista Linda) e 1.000 metros na Avenida Lucas da Cruz Carvalho, no Indaiá", promete a Administração.

Segundo dados da ABC, Bertioga está entre as cidades que melhor aproveitaram a verba do Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias (Dade), recurso disponível pelo Estado para cada estância turística. "O prefeito soube aproveitar a verba para aumentar a malha cicloviária do Município, interligando os bairros pela rodovia. Era importante para a Cidade e para evitar acidentes", explica Jessé Félix.

Com pouco mais de um quilômetro, Mongaguá ocupa a quinta posição do ranking de quilometragem em ciclovias: 18,4 quilômetros foram construídos na Cidade. O município tem 9,5 quilômetros ao longo da Avenida Monteiro Lobato, 850 metros de ciclovia na Avenida Marina e na Orla (Avenida Governador Mario Covas Junior) há 8,1 quilômetros de ciclofaixas. "Existem novos trechos em obras, que vão ampliar a extensão, em breve. A meta é que até 2016 mais 4,2 quilômetros de ciclofaixas na orla sejam entregues", promete a Prefeitura.

Ainda no Litoral Sul, Peruíbe (em sexto) tem 21,1 quilômetros de sistema cicloviário, incluindo ciclovia e ciclofaixa. Questionada sobre novos investimentos e o crescimento desta malha nos últimos anos, a Prefeitura não encaminhou resposta até fechamento desta edição.

Itanhaém tem a menor quilometragem da Região: 4.200 metros (Foto: Divulgação)

As três melhores

As três cidades do ranking fazem parte do eixo principal cicloviário da Região: Santos, Guarujá e Praia Grande. A primeira tem 37,2 quilômetros de ciclovias na Cidade. "De todas as cidades, Santos é a que tem o sistema mais inteligente com ciclovias horizontais e verticais, levando os ciclistas dos bairros para as grandes vias. Sem falar do sistema de bicicletas públicas, que é referência no Estado", explica o presidente da ABC.

Mesmo assim, Santos não tem só elogios. Assim como já noticiado pelo Diário do Litoral, Santos precisa dar mais atenção às ciclovias da Zona Noroeste. "Este ainda é o principal problema na Cidade. As obras cicloviárias naquela região precisam ser finalizadas", comenta Félix.

Santos, em 2008, tinha 13,8 quilômetros de ciclovia. Em 2012, este número foi mais que duplicado e a malha cicloviária santista passou a ter 33,4 quilômetros. Até este ano, mais 3,8 quilômetros foram construídos. Até o final de 2016, a Prefeitura pretende entregar mais 10,4 quilômetros que já estão em construção.

A próxima é Guarujá. O Município possui 25.100 metros de extensão cicloviária e 15.900 metros de extensão de ciclofaixas, totalizando 41 quilômetros. Segundo dados da Secretaria Municipal de Planejamento, em 2008, a Cidade detinha cerca de 11.200 metros de ciclovias e 7.300 metros de ciclofaixas, sendo assim, a atual Administração implantou 13.900 metros de ciclovias e 8.600 metros de ciclofaixas desde o início de sua gestão.

Para 2016, a Administração garante que, atualmente, está sendo desenvolvido o projeto da ciclovia da Praia das Pitangueiras, que será conectada à ciclovia da Avenida Puglisi e da Avenida Miguel Estéfano, na Enseada.

Praia Grande tem o maior sistema cicloviário da Região com 78,9 quilômetros. Em 2008, a cidade tinha 56,3 quilômetros do ciclovia, saltando para 68,5 quilômetros em 2009. Em 2010, o sistema passava de 72 mil metros, subindo para 76.500 em 2011 e 78.900 em 2012. Segundo a Prefeitura, até o final de 2016, mais 20 quilômetros serão entregues das obras dos corredores de ônibus, entre os Bairros Mirim e Solemar.

"Praia Grande entendeu que precisa trazer os ciclistas dos bairros para as grandes vias e começou a verticalizar o sistema. Apesar de ter o maior sistema, a maioria das ciclovias são horizontais", explica o presidente da ABC.

Segundo Félix, o maior problema das nove cidades da Região é a falta de bicicletários públicos. "O shopping da Praia Grande foi o primeiro a pensar nisso. Mas as empresas também precisam começar a pensar. Os trabalhadores precisam de um local para colocar as bicicletas. Também é preciso pensar em um sistema integrado entre os ônibus e os ciclistas dentro dos terminais de passageiros. Santos e Praia Grande já podiam ter pensado nisso, assim como ocorre na Grande São Paulo", sugere o presidente da associação.

Sistema Cicloviário da Baixada Santista

Cidades - Km em 2015 - Km em 2016

Itanhaém - 4,3 - 4,3
São Vicente - 9,2 - 10,5
Cubatão - 14,9 - 15,9
Bertioga - 17,2 - 19,4
Mongaguá - 18,4 - 22,6
Peruíbe - 21,1 - 21,1
Santos - 37,2 - 47,6
Guarujá - 41 - 41
Praia Grande - 78,9 - 98,9

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