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“É mais fácil você perguntar quem não tem dengue”. Essa foi a primeira frase que a Reportagem ouviu antes de entrar no pronto-socorro Central de Mongaguá. Sem se identificar, a funcionária do local disse que nas últimas semanas o movimento está muito grande. A maior parte de pessoas vem em busca de alívio para os sintomas da doença. No início da tarde de ontem, mais de 50 pacientes esperavam passar pela consulta médica. A dona de casa Sabrina Santos de Oliveira estava entre os que aguardavam atendimento.
“Vai demorar ainda. Só tem um médico atendendo. Meu filho está com febre e dores no corpo há três dias. Onde moro está tendo muitos casos de dengue”, disse Sabrina. A moradora do bairro Agenor de Campos aguardava do lado de fora do pronto-socorro central atendimento para o filho de oito anos.
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No interior da unidade de saúde outros relatos. Muitas pessoas com sintomas da dengue, a maioria crianças, esperavam para ser atendidas. “É um surto. Onde moro quase todo mundo já pegou. Ontem estive com a minha filha no PS de Agenor de Campos. Hoje estou aqui com ele. Aquilo lá está uma loucura. Tem gente tomando soro nos corredores”, disse uma senhora que aguardava atendimento para o filho de cinco anos há pelo menos quatro horas. Há dois dias a criança apresenta febre e se queixa de dores na cabeça e no corpo.
Ao perceber a presença da Reportagem no local outro senhor decide falar. “Estou desde às 9 horas aqui com o meu filho. Já são quase 14 horas. Está tudo cheio. Muita gente com a mesma coisa. Criança que chega com muita febre, eles passam na frente. Nem dá para reclamar. Se você for ao laboratório vai ver que está igual. Cheio de gente fazendo exame para a mesma coisa”, desabafa.
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Situação crítica
Antes de ir até o pronto-socorro central, a Reportagem esteve nos bairros Vila Atlântica e Vera Cruz, locais considerados com maior incidência de casos na Cidade. Na Avenida Monteiro Lobato, por exemplo, nas casas visitadas pelo Diário do Litoral pelo menos um morador teve a doença nos últimos dois meses.
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“Em casa fui eu e o meu marido. Os vizinhos também já tiveram. Moro aqui há quatro anos e não vi tantos casos de dengue como agora. Se você for a outras ruas vai ouvir o mesmo. Desde dezembro não se fala em outro assunto”, disse Debora Rodrigues de Moraes. A moradora da Vila Atlântica relatou que, na última terça-feira, um caminhão de fumacê da Prefeitura passou pela rua. “Pediram para deixar as portas e janelas abertas”.
A vizinha de Debora também foi acometida pela doença. Ao lado de sua casa uma residência de veraneio fechada ostenta uma piscina que provavelmente serve de abrigo para larvas do mosquito transmissor da dengue, o Aedes Aegypti. Em frente, um terreno baldio acumula grande quantidade de água da chuva que caiu há uma semana. “Avisamos os agentes da dengue, mas eles disseram que não podem entrar na casa sem autorização. Não adianta passar carrinho de fumaça se não acabam com os focos. A gente faz a nossa parte e os outros?”, questiona.
Em um grupo do Facebook, centenas de moradores relatam a situação da dengue na Cidade. Há, inclusive, informações da morte de uma criança, supostamente por dengue hemorrágica. “Eu tenho mais de 30 amigos doentes”, escreveu uma mulher. “Só hoje no particular fui procurada para coleta por 12 pessoas para confirmação de plaquetas. Muito triste isso”. Segundo as postagens, as situações mais críticas estão nos bairros Vila Atlântica, Agenor de Campos, Balneário Vera Cruz e Jardim Praia Grande. Essas regiões são conhecidas pelas constantes enchentes.
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Ainda de acordo com os moradores, devido à grande quantidade de pessoas doentes nas unidades de pronto atendimento, os médicos não estariam solicitando exames para confirmação da doença, apenas o hemograma para a verificação das plaquetas — o que possibilita um tratamento rápido para casos de dengue hemorrágica.
O Diário do Litoral entrou em contato com a Prefeitura de Mongaguá solicitando informações sobre o número de casos confirmados de dengue na Cidade, as ações que estariam sendo realizadas para o combate da doença e para a eliminação de criadouros, em especial nos terrenos baldios e casas de veraneio. No entanto, até o fechamento desta edição, a Reportagem não recebeu retorno.
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