Cotidiano

Pescadores artesanais consideram inviável a venda do marisco-verde que invadiu o litoral

Além dos impactos ambientais, pescadores artesanais relatam que o marisco não traz retorno financeiro e é inviável para a comercialização

Márcio Ribeiro, de Peruíbe para o Diário

Publicado em 23/10/2025 às 20:05

Atualizado em 23/10/2025 às 21:09

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Acredita-se que a espécie invasora tenha chegado no país por meio da água de lastro dos navios / Leitor DL

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O mexilhão-verde (Perna viridis), originário das águas quentes do Indo-Pacífico, vem se espalhando por diferentes regiões costeiras do Brasil e acende o alerta entre pesquisadores. A espécie é considerada invasora, capaz de desequilibrar ecossistemas marinhos e ameaçar espécies nativas.

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Além dos impactos ambientais, pescadores artesanais relatam que o marisco não traz retorno financeiro e é inviável para a comercialização.

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As informações fazem parte da tese de doutorado “Pescadores artesanais: dinâmicas e desafios na gestão de recursos pesqueiros para mitigar a vulnerabilidade da pesca artesanal no Sudeste brasileiro”, que inclui o estudo “Novo registro do mexilhão-verde Perna viridis na Área de Proteção Ambiental Litoral Centro, sul do Estado de São Paulo, Brasil”.

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O levantamento foi conduzido pelos pesquisadores Tiago Ribeiro de Souza (Unisanta/FF Semil), Edson Montilha de Oliveira (FF Semil), Marcelo Barbosa Henriques (Instituto de Pesca) e Ursulla Pereira Souza (Unisanta). Durante a pesquisa, foram coletados 181 exemplares do mexilhão-verde, considerado uma espécie de alto risco biológico devido ao seu grande potencial de reprodução e adaptação.

É comestível?

Segundo os especialistas, o consumo do mexilhão-verde é seguro, desde que o produto seja coletado em áreas não contaminadas e passe por manejo adequado antes de chegar ao consumidor.

O alerta é o mesmo dado para outros mariscos: como esses organismos filtram a água, também acumulam toxinas, poluentes e microrganismos. Por isso, a ingestão de exemplares provenientes de áreas poluídas pode representar risco à saúde.

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Por que é inviável?

De acordo com relatos de pescadores, a coloração esverdeada da concha e o sabor diferente do marisco despertam desconfiança nos consumidores, que associam o aspecto visual à deterioração do produto. Essa rejeição acaba inviabilizando a venda, tornando a espécie sem valor comercial para a pesca artesanal.

O que pode ser feito?

O estudo recomenda campanhas de conscientização para esclarecer que a coloração verde é natural da espécie, além de destacar seus benefícios nutricionais. A proposta também inclui ações voltadas à valorização da pesca artesanal como estratégia de manejo e controle populacional do mexilhão-verde.

Como chegou ao Brasil?

Nativo da Ásia, o Perna viridis foi registrado no Brasil pela primeira vez em 2018, em fazendas de maricultura da Baía de Guanabara (RJ). A identificação ocorreu por meio de mergulhos subaquáticos e inspeções visuais. Desde então, a espécie vem sendo encontrada em outras áreas do Sudeste, como o litoral sul de São Paulo.

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Segundo o biólogo Tiago Ribeiro, um dos autores do estudo, a introdução do mexilhão-verde pode estar relacionada à água de lastro de embarcações, comum em portos movimentados como o de Santos. Contudo, ele ressalta que essa hipótese ainda precisa ser comprovada por novas pesquisas.

Ribeiro alerta que a presença do invasor representa uma ameaça às espécies nativas e pode desequilibrar o ecossistema marinho. Ele informa que órgãos ambientais e instituições de pesquisa desenvolvem ações de monitoramento, manejo e conscientização, visando reduzir sua dispersão e proteger a biodiversidade costeira.

“A participação dos pescadores no monitoramento dos recursos marinhos é um exemplo inspirador de como a pesquisa científica e a gestão pesqueira podem se complementar e fortalecer mutuamente. A colaboração entre gestores, pescadores e comunidade científica é essencial para garantir o equilíbrio ambiental e a conservação dos ecossistemas marinhos. Essa aproximação é fundamental para a criação de políticas públicas mais justas e eficazes”, conclui o pesquisador.

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