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Cotidiano

Obra da Unesp que consumiu R$ 35 milhões está abandonada

Construção do Centro de Estudos Avançados do Mar da Universidade Estadual Paulista está tomada pelo mato.

Rafaella Martinez

Publicado em 24/11/2019 às 09:24

Atualizado em 24/11/2019 às 15:12

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Apenas um cachorro fica na portaria do empreendimento. / NAIR BUENO/DIÁRIO DO LITORAL

O mato tomou conta dos muros e a ferrugem já corrói as cercas de arame farpado e a caixa de luz onde deveria estar em pleno funcionamento um moderno Centro de Estudos Avançados do Mar da Universidade Estadual Paulista, em São Vicente. Apesar da assessoria afirmar que o equipamento está ativo, a reportagem do Diário encontrou apenas abandono na obra que já consumiu mais de R$ 35 milhões dos cofres públicos e foi um dos principais alvos, nesse semestre, da CPI das Universidades Públicas da Assembleia Legislativa do Estado.

Anunciada com entusiasmo em meados de 2009 pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e o então prefeito de São Vicente, Tércio Garcia, a instalação do equipamento demorou sete anos para funcionar de forma parcial.

Crédito: Nair Bueno/DL

Equipamento teve aporte de R$ 25 milhões, oriundos do Ministério da Ciência e mais R$ 10 milhões vindos da própria Unesp.

O equipamento, instalado na Avenida Francisco Bensdorf, na Cidade Náutica, teve aporte de R$ 25 milhões, oriundos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e mais R$ 10 milhões vindos da própria Unesp. Para a instalação, a universidade contou também com a doação de um terreno de mais de quase 4 mil metros quadrados pela Prefeitura Municipal de São Vicente.

A ideia inicial era que o espaço abrigasse laboratórios e reunisse especialistas, tendo como foco de estudo as áreas de pré-sal e meio ambiente.

Um placa instalada na frente do portão permanentemente fechado do equipamento anuncia o aporte de mais R$ 129 mil para a adequação das instalações elétricas. No entanto, nenhuma movimentação ou obra foi percebida no local durante a visita da reportagem.

Crédito: Nair Bueno/DL

Além do mato, diversos pontos de ferrugem ocupam o espaço.

Em nota, a assessoria de imprensa da Universidade Estadual Paulista afirma que o IEAMar (Instituto de Estudos Avançados do Mar) na Unesp está funcionando. O instituto não se limita ao prédio a que se refere a reportagem. As atividades de pesquisa mais intensas ocorrem em outro prédio localizado em São Vicente e em um polo localizado em São José dos Campos.

"Atualmente, cerca de 60 projetos estão sendo desenvolvidos no IEAMar, nos polos de São Vicente e São José dos Campos, em parceria entre pesquisadores da Unesp e de outras universidades", destaca a nota encaminhada.

Sobre o prédio, apesar do aparente abandono evidenciado nas fotos que acompanham essa reportagem do Diário, a universidade afirma que o mesmo "não está fechado, mas sim passa por reformas, que estão na fase final. O aporte de recursos está sendo usado para adequações de estruturas elétricas, já realizadas, e hidráulicas, em realização".

Situação entrou no foco de CPI na Alesp

A situação do prédio, bem como outros problemas relacionados com a gestão das universidades públicas de São Paulo foram foco de uma CPI na Assembleia Legislativa. Um dos sub-relatores da CPI, o deputado Kenny Mendes considera que o grupo conseguiu avanços práticos. "A intenção da CPI foi examinar a real situação das nossas universidades, ouvir seus responsáveis e apontar sugestões para uma gestão mais moderna e eficiente. USP, Unicamp e Unesp são um patrimônio do Estado e o foco sempre foi encontrar caminhos para aperfeiçoar seu andamento", destaca.

O deputado - que não pôde participar da votação do relatório final por conta de um congestionamento no Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI) - afirmou que enquanto sub-relator responsável pelo item 'Transparência' havia submetido meu relatório à CPI com 15 dias de antecedência.

"Minha missão era analisar a situação das universidades e oferecer propostas de melhorias. Um ponto urgente: é necessário que os sites e portais na internet das três universidades passem a divulgar todos os dados econômico-administrativos do dia a dia das instituições, o que por ora não vem sendo atendido. Em respeito à Lei de Acesso à Informação (2011), deveríamos ter disponíveis para consulta, por exemplo, os vencimentos e subsídios recebidos por ocupantes de cargo e funcionários, incluindo auxílios e ajudas de custo; dados sobre procedimentos licitatórios; e, ainda, o acompanhamento de ações", destaca.

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