25 de Abril de 2024 • 14:03
Centenas de moradores do bairro de Morrinhos e da área conhecida popularmente como Cantagalo, na Enseada, em Guarujá, fecharam os acessos aos bairros na tarde desta terça-feira (29) e conseguiram impedir que agentes da Prefeitura, guardas municipais, policiais militares e florestais derrubassem barracos construídos nos dois locais. A Administração acredita que foi uma ação organizada de invasão em área pública municipal e de preservação ambiental.
Os moradores do Cantagalo contestam a versão da Prefeitura e, por volta das 14 horas, fecharam o acesso ao bairro, que fica próximo do cruzamento das avenidas Atlântica e Dom Pedro I, com uma barricada formada por pneus e restos de construção. A Polícia se manteve distante apenas observando a ação da Prefeitura, que tentou uma negociação, por intermédio do secretário de Meio Ambiente, Élio Lopes, sem qualquer resultado satisfatório. A prefeita Maria Antonieta de Brito (PMDB) se encontra em viagem no exterior.
O mesmo ocorreu na entrada do bairro de Morrinhos, onde os moradores ocuparam dois terrenos – um perto da Vila do Sol e outro em frente ao centro comercial do bairro. Com facões e outras ferramentas nas mãos, os moradores impediram até o tráfego de ônibus. A Polícia também foi acionada e, após negociar a abertura do acesso ao bairro, se manteve de plantão em frente ao cemitério de Morrinhos para garantir a segurança dos moradores. O vereador Luciano de Moraes Rocha (Toddy – PMDB), quase teve sua casa invadida por manifestantes.
Eleito pela comunidade do Cantagalo para ser o porta-voz da ação, Tiago Teixeira disse que a área invadida não é de preservação e nem pública. “A população necessita de um espaço. Não há novas invasões, mas melhorias nos imóveis já existentes, visando dar mais conforto, principalmente às crianças. A Prefeitura vem, há anos, prometendo a construção do conjunto Parque Enseada II aqui e até agora nada. Estamos preparados e com inteligência para evitar que derrubem as casas”, disse Teixeira, cercado por dezenas de moradores, que reclamavam da falta de infraestrutura do lugar.
Além da área para construção de moradias, a população local reivindica remédios, pediatras, dentistas e melhor infraestrutura para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) da Enseada, que fica a cerca de 200 metros da entrada do Cantagalo, além de saneamento básico. “Meu filho tem crises de epilepsia e, quando cheguei à UPA, não tinha pediatra. Tive que brigar pelo atendimento, que só ocorreu depois que chamei a reportagem” , afirma Jéssica Gonçalves de Jesus.
A líder comunitária Cintia Ramos diz que vem lutando há três anos por melhorias no Cantagalo. “Já tivemos vários encontros na Prefeitura e até hoje nada ficou resolvido. Oferecemos até uma parceria e nada. Hoje, o Cantagalo tem 11 mil moradores sem luz, sem água, sem esgoto, sem qualidade de vida”.
Prefeitura
A Prefeitura informou que na área serão iniciadas obras de urbanização e construção de habitações, por intermédio do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC II), recém-contratadas e que beneficiarão mais de 2.500 famílias da região. Conforme a Administração, a invasão e a devastação ambiental foram constatadas por registros fotográficos aéreos realizados no último domingo (27). Foram demarcados lotes, suprimindo a vegetação nativa através de “queimadas” e construindo “barracos de madeira”.
Na tarde de ontem, no Fórum de Guarujá, A Administração ingressou com uma ação de reintegração de posse, postulando a retomada da área pública na comunidade do Cantagalo. O vice-prefeito Duíno Verri Fernandes acionou a Secretaria de Segurança Pública do Estado solicitando reforço policial para desocupação da área.
O objetivo, segundo a Prefeitura, é proteger os interesses das cerca de 2.500 famílias que estão em áreas de risco, além dos próprios moradores Cantagalo e da Barreira do João Guarda, que serão beneficiados com as obras do PAC II, que tiveram documentação assinada na última semana. A Administração aguarda o retorno da Caixa Econômica Federal, que analisa a documentação, para poder emitir a ordem de serviço e início da produção habitacional.
Com relação à situação similar que está ocorrendo em Morrinhos, em área particular, a Prefeitura de Guarujá está denunciando a invasão como crime ambiental, pois parte da área sofreu supressão vegetal.
Guarujá
Os pré-requisitos são imprescindíveis e os documentos indispensáveis
Santos
Ação começa nesta quinta-feira (25), com a exposição 'Vicente de Carvalho, Além-Mar'