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Cotidiano

Largo do Sapo vai virar bulevar cultural em Cubatão

Depois de uma década de luta, a classe artística de Cubatão venceu

Carlos Ratton

Publicado em 22/07/2021 às 07:00

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Casas geminadas do Largo do Sapo quase viraram prostíbulos / Allan Nóbrega - Secom/PMC

Depois de uma década de luta, a classe artística de Cubatão, finalmente, venceu. Largo do Sapo será um Bulevar Cultural.

A informação foi divulgada no perfil do Facebook do ator, produtor e diretor do Teatro do Kaos, Lourimar Vieira, que há quase uma década vem lutando pela conquista desse importante espaço aberto para os artistas de Cubatão e região.

"Há mais de uma década, grito pela preservação do Largo do Sapo. Quantas matérias na TV, jornal e internet. De tanto gritar, fui ameaçado de morte. O local e nossa sede administrativa são tombados como patrimônio histórico da Cidade. Mas o grande fluxo de caminhões de contêineres faz tudo tremer. Agora, os caminhões darão espaço aos artistas", afirma animado.

MURO.

Vieira lembra que o muro da sede do Teatro do Kaos vive permanentemente rachado, apesar dos inúmeras reformas, em função do fluxo de veículos pesados. As casas do entorno do Largo do Sapo também. "Acabamos de gastar R$ 30 mil para fazer 26 colunas, sapatas e amarração. Isso para evitar que tudo caísse", revela.

Segundo o diretor de teatro, o prefeito Ademario Silva Oliveira (PSDB) decidiu que fluxo de caminhões será desviado. "Além disso, um termo de ajuste de conduta (TAC) irá restaurar todo o Largo do Sapo e também a casa que foi sede da primeira Prefeitura. Estou em estado de êxtase", afirma Lourimar Vieira.

AMEAÇA.

Em fevereiro de 2015, quando se comemorou 482 anos da Fundação do Povoado de Cubatão, foi entregue um abaixo-assinado à então prefeita Marcia Rosa (PT) solicitando a implantação do complexo cultural.

Em 4 de março de 2017, o Diário publicou o drama do diretor Lourimar Vieira, que foi ameaçado de morte por tentar impedir que casas que envolvem o Largo do Sapo fossem alugadas e transformadas em prostíbulos.

O artista já lutava para que o patrimônio histórico fosse transformado em um complexo cultural. Ele chegou a registrar um boletim de ocorrência para que a Polícia tomasse previdências e para resguardar sua integridade.

HOMEM.

À Reportagem, Vieira contou que foi abordado por um homem no interior de sua escola de teatro, que fica no Largo, dias após se posicionar, via rede social, sobre a possibilidade das edificações geminadas do local servirem como ele definia: "casas de lazer sexual".

"Do nada, durante 15 minutos, ele deixou claro que eu deveria desistir de lutar contra porque tem muita gente perigosa envolvida e eu estaria correndo risco de morte. Tenho testemunhas, gravei ele e a polícia está investigando. Estou assustado. Quero viver e fazer muito teatro ainda", disse o diretor na ocasião.

ESPERANÇA.

Há quatro anos, o diretor já estava esperançoso que o prefeito Ademário não permitisse que o lugar fosse alvo de instalação de prostíbulos, não só pelas crianças e adolescentes que faziam curso em sua instituição, pelos menores que frequentam o Círculo de Amigos dos Menores Patrulheiros - CAMP (cuja sede fica próxima ao Largo), mas porque teria assumido um compromisso com 10 coletivos de teatro se prontificando a viabilizar o complexo cultural.

Também na ocasião, procurado pela Reportagem, o prefeito garantiu que estava sensível à situação e que se empenharia na busca de parceiros e investimentos. Ele ainda vislumbrava mudar a rota dos caminhões que acessam as empresas próximas.

Ontem, o prefeito informou à Reportagem que a iniciativa partiu depois de uma reunião em conjunto com as empresas que operam nas redondezas da Vila histórica do Largo do Sapo.

"Ficou definido que redirecionaremos o trânsito pesado do local para uma outra área justamente para preservar a história de nossa cidade que faz parte do desenvolvimento do país", finalizou o chefe do Executivo.

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