26 de Abril de 2024 • 21:55
Cotidiano
Em São Paulo, a atividade subiu 0,7%, acima da média nacional no período (0,4%), mas o resultado foi insuficiente para reverter a perda de ritmo observada no último bimestre de 2013
A produção industrial cresceu em 7 das 14 regiões pesquisadas entre janeiro e fevereiro, informou nesta terça-feira, 08, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em São Paulo, a atividade subiu 0,7%, acima da média nacional no período (0,4%), mas o resultado foi insuficiente para reverter a perda de ritmo observada no último bimestre de 2013.
"Na recuperação que percebemos no Brasil, São Paulo não é a principal explicação, já que não recompõe o que perdeu nos últimos dois meses de 2013", analisou o pesquisador Rodrigo Lobo, da Coordenação de Indústria do IBGE. Entre novembro e dezembro do ano passado, a indústria paulista teve perdas de 7,3%. No primeiro bimestre de 2014, conseguiu recompor apenas 4,4%.
"Por ser o principal parque industrial do País, tudo acaba acontecendo de forma mais intensa", explicou Lobo. "Com uma expectativa não tão promissora (para a economia), os empresários pisam no freio e não recompõem as perdas recentes", acrescentou. Em fevereiro, a indústria paulista foi puxada pelos segmentos de aviões, máquinas e equipamentos e celulares. Mas edição e impressão e refino de petróleo e álcool deram contribuições negativas.
As demais regiões que registraram avanço na produção em fevereiro contra janeiro foram Paraná, Amazonas, Rio de Janeiro, Goiás, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. No Pará, a atividade ficou estável. Tiveram retração Bahia, Minas Gerais, Ceará, Região Nordeste, Pernambuco e Espírito Santo.
O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) atentou para a pequena contribuição dos grandes centros ao crescimento da atividade ao longo do ano. Em relatório, relativizou o avanço de 1,3% da indústria brasileira no acumulado dos dois primeiros meses de 2014.
"Tal crescimento reflete provável reação das indústrias dos Estados das regiões Norte e Nordeste, mas não da indústria como um todo e muito menos dos seus principais centros produtivos", disse, destacando a queda da produção em São Paulo (-2,4%) nesta comparação.
Esporádico
O setor produtivo tem se amparado em eventos isolados para elevar a produção. "Esse 0,4% (de alta na produção nacional) é mais por crescimento esporádico em certas regiões do que por espalhamento", disse Lobo.
A produção no Paraná cresceu 18,4% em fevereiro contra janeiro, influenciada pela base mais baixa, após o desfecho ruim de 2013, mas também por taxas de juros subsidiadas, que incentivam a compra de caminhões, enumerou o pesquisador.
Outro exemplo é o Amazonas, onde a produção industrial aumentou 4,7% em igual período, puxada por televisores. "Claramente tem um efeito de Copa do Mundo, que provoca aumento da produção nos meses anteriores", analisou Lobo.
O pesquisador se mostra preocupado com a sustentação do crescimento dessa maneira. "O fôlego para a continuidade de produção e aquisição desses bens têm um prazo de validade que não sabemos qual é. Para um crescimento mais sustentado da economia e da produção, precisamos de um cenário mais consistente", ponderou.
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