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Minha tecnológica vida

O Negacionismo a serviço da desgraça humana

Não Olhe para Cima é um filme para assistir e pensar, com Leonardo DiCaprio, Meryl Streep, Jennifer Lawrence e outros medalhões.

É um roteiro de ação e tragédia, mas a narrativa flui através de uma meia comédia em que não dá pra rir e nem chorar.
Para ser sincero não é o meu estilo de filme, apesar de ter o conteúdo que eu gosto.

A parte que eu mais gostei foi do flert que a história faz, uma paródia, com um grande problema que tem posto de joelhos o senso de inteligência de grande parte da sociedade, o tal negacionismo.

E não pense que estou falando apenas do presidente destemperado, vai muito além de um personagem ou de um partido, ou mesmo da ala de direita, esquerda ou centro, é quase uma pandemia de estupidez profunda que tem varrido o planeta em ondas de choque.

A atriz Meryl Streep encarna uma Chefe de Estado sem compromisso com a realidade ao seu redor, disposta apenas a manter seus eleitores sorridentes e distantes de qualquer aspecto da realidade que possa chamuscar a possibilidade da sua reeleição. Percebe-se que tudo está perdido quando os apresentadores do programa de TV declaram que não se pode dizer coisas difíceis de digerir na TV para o grande público, é mais confortável e lucrativo dizer coisas suaves, mesmo que isso custe a morte da verdade, e a verdade, nesse caso, é uma catástrofe iminente para todo o planeta.

Fruto de uma infeliz conjunção entre um grupo político que aliena a população por causa de interesses particulares e de uma imprensa que segue na mesma linha de amenidades para manter o público alienado, o filme mostra uma parte da população também cética quanto a um desastre anunciado por especialistas com data e hora para acontecer.

Trazendo para a nossa realidade temos políticos em vários países que negam que há problemas graves diante de uma pandemia que destroçou o mundo, negam que seja necessário o uso de vacinas e de isolamento social. Pequenos grupos de políticos negam os recursos quando vários grupos de renomados cientistas afirmam que esses recursos são de fato necessários. E uma legião de pseudo-inteligentes segue esses políticos por puro partidarismo, sem nenhuma explicação científica para isso.

Ainda bem que a nossa imprensa tem sido intensamente criticada ao longo das últimas décadas, ora pela direita, ora pela esquerda, isso mostra que ela tem conseguido fazer o que de fato precisa fazer, ser inspetora e contraponto.

Não vou falar o final do filme, não serei desagradável a esse ponto, mas aqueles que conseguem executar um raciocínio sequencial ponto a ponto, de encadeamento linear, em que baseado em proposições lógicas podemos inferir fatos, e elevando isso tudo a um ciclo de repetições de médio prazo, entendendo que cada resultado se torna premissa para novas etapas de inferências, em um ciclo que poderia ser infinito se nossas mentes assim o suportassem, poderão antever o óbvio, tanto no filme quanto na vida real.

Diante de tanta produção científica e tecnológica é impensável que pessoas consideradas letradas ainda tentem contrapor fé e ciência, duas esferas complementares entre si, ou queiram reduzir o valor da ciência para enaltecer opiniões puramente políticas, sejam elas da direita, esquerda ou do centro.

Silvio Sebastião Pinto, analista programador e escritor

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