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Debates Contemporâneos

A necessidade de organizar os postes de São Paulo

Se você vive em uma área urbana, provavelmente já se deparou e se incomodou com o emaranhado de fios e cabos que povoam os postes da sua cidade. Além da poluição visual, esses fios representam riscos à segurança das pessoas.

Cabos mal instalados ou danificados podem causar acidentes elétricos, incêndios e até mesmo fatalidades. As chuvas fortes de verão, frequentemente derrubam árvores, que ficam próximas aos postes de iluminação pública, espalhando assim os fios pelo chão, facilitando que ocorram descargas elétricas, que colocam os pedestres e motoristas em risco.

Além de serem obrigadas a conviver com a insegurança ao caminhar e dirigir pela cidade, as pessoas enfrentam problemas de infraestrutura, como quedas de energia, danificação de aparelhos e eletrodomésticos e etc.. Recentemente, uma ação bilionária foi movida em São Paulo para tentar resolver o que é conhecido como "caos aéreo" da capital. O Procon e a Promotoria de SP estão tomando medidas que vão desde a prisão de pessoas flagradas instalando fiação clandestina até uma ação bilionária contra empresas. A cidade tem atualmente 752 mil postes e 26,3 mil quilômetros de fios, dos quais apenas 2,5 mil quilômetros são subterrâneos.

Em meio a esse cenário preocupante, surgem iniciativas populares que buscam chamar a atenção para o problema. Uma delas é a campanha #malditosfios, lançada em 2011 pelo jornalista Leão Serva. O que começou como um grito indignado nas redes sociais ganhou força e virou livro.

No cenário internacional, países como França, Alemanha, Japão, Inglaterra e Estados Unidos têm modernizado suas redes elétricas com o objetivo de torná-las mais eficientes e seguras, preservando a paisagem urbana. Em Paris, a rede elétrica subterrânea começou a ser instalada em 1910. Em Londres, nos últimos anos foi implementado um sistema de linhas de transmissão em túneis profundos que já enterrou praticamente toda sua fiação. Essas cidades apresentam uma situação bem distinta da realidade brasileira, onde até 2020 apenas 1% da distribuição de energia elétrica era feita por redes subterrâneas.

Em Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, os índices de redes subterrâneas variam, mas ainda são baixos. Em São Paulo, por exemplo, os trabalhos de enterramento das redes aéreas tiveram início em outubro de 2017 na região da Vila Olímpia e aos poucos estão sendo concluídos em outras áreas. No Bom Retiro, Bela Vista e Consolação, algumas vias já tiveram o enterramento da rede elétrica e de telecomunicações concluído.

A implementação de cabos subterrâneos é uma tendência global que ganha força à medida que as cidades reconhecem seus benefícios. Embora o custo inicial seja alto, as vantagens a longo prazo são inegáveis. O emaranhado de fios e cabos em postes de energia elétrica vai além de um problema estético.

O descaso com os postes revela uma visão negligente que frequentemente demonstramos em relação às nossas cidades. Postes desgastados e mal cuidados parecem ser uma característica fixa da paisagem urbana. O caminho para modernizar nossa infraestrutura envolve uma regulamentação rigorosa e uma colaboração contínua entre autoridades e empresas. O desafio é grande, mas é imperativo dar o primeiro passo.

*Cris Monteiro é vereadora em São Paulo

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