Táticas e estratégias eleitorais para 2024 - Parte 01

Apesar das diretrizes que serão apresentadas nesse artigo terem caráter intuitivo, na maioria das ocasiões permanecem desconsideradas, ou até mesmo, relegadas ao ostracismo pelas equipes de campanha. Essa circunstância, normalmente, acha-se associada à inaptidão para graduar com exatidão o nível de importância de cada ação, fazendo com que tarefas irrelevantes adquiram superioridade ao processo de coordenação estruturada.

Como consequência, as candidaturas perdem a maior parte do tempo, energia e recursos em atividades de baixa resolutividade e diminuto alcance social. Portanto, elencarei algumas providências que julgo primordiais para ampliar as chances de sucesso no projeto sucessório.

Todavia, anteposto indicarei as distinções que delimitam o postulado que separa os conceitos de tática e estratégia, a saber: a estratégia corresponde ao planejamento situacional que elencará os objetivos a serem alcançados, enquanto que a tática significa as etapas e intervenções efetivadas. Geralmente, há confusões hercúleas na aplicação desses dois axiomas pelos profissionais de marketing, interlocução, mobilização, organização e restantes.

Isso posto, vamos diretamente às fases:

1) desenvolva o autoconhecimento, pois, todos os indivíduos possuem a tendência inata ao comportamento repetitivo e sistematizado. Nesse sentido, tenha a clareza de quais são os seus pontos fracos e vulneráveis com o potencial de exploração pelos adversários, vise a criação de antídotos e vacinas para erradicar ou minimizar os efeitos colaterais dessas deficiências, então, cultive a autognose e o controle mental;

2)  “Quanto mais Pedro fala de Paulo, mais sei de Pedro do que de Paulo” (Sigmund Freud), ao invés de criticar e desdenhar, procure aprender com as atitudes dos que disputarão o pleito contra você. As pessoas ostentam a inabilidade de esconder a própria essência e expõem de maneira inequívoca o jeito que costumam proceder, transformando os próprios modus operandi em ações previsíveis e facilmente detectáveis, logo, aproveite-se e ganhe dividendos a partir da vaidade, ambição, alienação e soberba do staff divergente;

3) obtenha o entendimento aprofundado das verdadeiras demandas e anseios populares, tanto os manifestos, quanto os subjacentes, buscando engendrar as conexões que ligam as propostas tangíveis ao universo simbólico dos munícipes, articulando o equilíbrio entre o desejo individual e a vontade comunitária, instituindo o espírito que unifica a segurança de manter versus a ousadia para mudar. Lembre-se que a natureza humana nos direciona à procura eterna por conquistas que convertam a nossa existência em algo melhor, prazeroso, confortável e com renovados padrões de felicidade;

4) paute os imperativos das escolhas e parametrize as abstrações linguísticas, ou seja, domine a narrativa capaz de sensibilizar os corações e mentes, construa signos que dialoguem com a razão, mas que também despertem as emoções sensitivas, em síntese, seja o feixe de luz que revelará os contornos, a noção de superfície e profundidade, trazendo nitidez e sintonia fina ao ambiente em sua plenitude (síndrome da visão cega).

Lembre-se que no âmbito do consciente e inconsciente coletivo, a conduta vencedora será aquela lastreada na interação com as representações cognitivas, um instrumento eficaz para compreender os valores, metas e expectativas, além de estabelecer as feições de modernidade e o diálogo com os princípios de avanço. 

Nilton C. Tristão
Cientista Político

*Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil