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Temer diz a rádio que não vai demitir ministros com base em delações

No início do ano, o peemedebista afirmou que só iria pedir o afastamento temporário de um ministro em caso de denúncia e só iria demiti-lo caso se tornasse réu

Folhapress

Publicado em 17/04/2017 às 14:00

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O presidente Michel Temer (PMDB) afirmou que não irá pedir o afastamento de ministros com base nas delações de executivos da Odebrecht / Divulgação

Em entrevista à rádio Jovem Pan na manhã desta segunda (17), o presidente Michel Temer (PMDB) afirmou que não irá pedir o afastamento de ministros com base nas delações de executivos da Odebrecht, tornadas públicas na semana passada.

"Não vou demitir ou exonerar simplesmente porque alguém falou de outro. Quando houver provas robustas, pela hipótese da denúncia, daí começo a tomar providências", disse.

A fala reitera o critério de "linha de corte" anunciado por Temer em entrevista a jornalistas. No início do ano, o peemedebista afirmou que só iria pedir o afastamento temporário de um ministro em caso de denúncia e só iria demiti-lo caso se tornasse réu.

"É preciso indagar a respeito do que A falou de B. Depois, o Ministério Público pede inquérito judicial, como está sendo pedido. Depois é que virá, eventualmente, a denúncia. Se vier, a simples denúncia não significa culpabilidade, mas que há fortíssimos elementos de que aquela delação é correta."

Sobre o andamento dos processos, o presidente comentou que prevê que as denúncias sejam formalizadas ainda neste ano, a despeito do grande volume de pedidos de inquéritos feitos ao Supremo Tribunal Federal pela Procuradoria-Geral da República.

Citou a petição da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no Supremo, noticiada pela coluna "Painel", do jornal Folha de S.Paulo, desta segunda (17). A entidade pede que o tribunal agilize o trâmite dos processos da Lava Jato, convocando juízes auxiliares.

"O Supremo vai agilizar, o MP vai agilizar com essas provocações", disse Temer.

'DESAGRADÁVEL'

Temer voltou a negar que tenha cometido irregularidades -como o fez em entrevista à TV Band, no sábado (15)- e disse que o efeito das delações é "desagradável porque se trata de uma mentira".

Também tentou minimizar o impacto político da divulgação das colaborações da Odebrecht com a Lava Jato.

"Devo dizer que não pode prejudicar a governabilidade. A tendência é dizer que o governo vai parar, mas o governo não pode parar", afirmou. "Digo que não vamos parar. Ainda ontem fizemos uma reunião, exata e precisamente para que não se altere a governabilidade", afirmou.

Questionado se estaria participando de um pacto com outros caciques, como Lula (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em prol da sobrevivência política de seus grupos, após o impacto da Lava Jato, o presidente disse que "não tem conversa nessa direção".

Citou a nota de FHC, que também negou a articulação em rede social no domingo (16).

Comentou que a aproximação com os ex-presidentes se deu quando ele e FHC visitaram Lula em janeiro no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, para prestar solidariedade ao petista em razão da morte da ex-primeira-dama Marisa Letícia.

"Nessa ocasião, ele [Lula] disse: 'Olha, precisamos conversar sobre reforma política."
Temer afirmou que, sobre a reforma, "quem sabe" trabalharia com o tucano e o petista, "mas apenas sobre esse tópico".

"Não participo e jamais fui perguntado se gostaria de fazer [um acordão]."

INVESTIGAÇÃO

O ministro Edson Fachin determinou a abertura de inquérito contra oito ministros do governo Michel Temer (PMDB), 24 senadores e 39 deputados federais. Serão abertas 76 investigações pedidas pela Procuradoria-Geral da República após as delações da Odebrecht.

Entre os citados estão os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB). Dois dos principais aliados de Temer, Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secreraria-Geral), também estão na lista, que abrange ainda os senadores Romero Jucá e Renan Calheiros, do PMDB, e Aécio Neves (PSDB).

No total a relação tem 98 nomes e inclui três governadores e um ministro do Tribunal de Contas da União.

Algumas suspeitas da Procuradoria são corrupção, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, fraude e cartel. Fachin remeteu 201 outros casos a tribunais de instâncias inferiores envolvendo citados sem foro no Supremo -entre os mencionados estão os ex-presidentes Lula, Dilma Rousseff e Fernando Henrique Cardoso.

Os inquéritos iniciam longo trâmite. Investigarão o teor das delações, que precisarão de provas adicionais para tornar-se efetivas. Ainda há as fases de denúncia e do processo, com ampla defesa, antes do julgamento.

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