X

Brasil

Polícia faz megaoperação de combate ao tráfico na cracolândia

Os agentes soltaram bombas na região, a partir das 6h49 da manhã, e avançaram para desmantelar a feira livre de drogas que opera no local, vendendo principalmente crack

Folhapress

Publicado em 21/05/2017 às 17:00

Comentar:

Compartilhe:

A-

A+

Cerca de 500 policiais civil e 250 policiais militar de São Paulo fazem operação na região da cracolândia nesta manhã de domingo (21) / Marcelo Gonçalves/Sigmapress/Folhapress

A polícia de São Paulo realiza na manhã deste domingo (21) aquela que é considerada pelos órgãos de segurança como uma das maiores operações de combate ao tráfico de drogas na cracolândia, na região central da capital.

Os agentes soltaram bombas na região, a partir das 6h49 da manhã, e avançaram para desmantelar a feira livre de drogas que opera no local, vendendo principalmente crack.

Ao menos 69 traficantes -dentro e fora do chamado "fluxo"- estão na mira dos policiais do Denarc (departamento de narcóticos) como suspeitos de irrigar o comércio de entorpecentes na área.

Também há mandados judiciais para busca e apreensão em cerca 80 locais diferentes na zona leste e norte da capital, e alguns endereços na Grande São Paulo.

São estimados ao menos 500 policiais nesta operação, sendo 480 deles da Polícia Civil, e o restante da Polícia Militar que realiza o cerco da área.

Descaminhos da cracolândia

Essa ação vinha sendo desenhada desde fevereiro pelo Denarc, com o levantamento de imagens dos principais traficantes que operam ali e a preparação das equipes táticas para invasão de prédios e pontos de interesse dos investigadores.

O estudo foi pensado pela cúpula da Polícia Civil para tentar evitar ao máximo possível o confronto com traficantes e a morte de algum usuário.

Nos últimos dias, porém, o clima no local tem mostrado altamente tenso com a identificação de criminosos armados, que já fizeram disparos contra policiais militares em ao menos duas oportunidades, e a descoberta de orientações de integrantes de organização criminosa (PCC) para resistir à ações policiais.

A data escolhida para as prisões, um domingo de manhã, foi pensada para tentar evitar transtorno à vida dos paulistanos, como ocorreu no início deste mês quando policiais militares e guardas civis entraram em confronto com um grupo liderado por traficantes. Houve tiros, barricadas incendiárias, saques no comércio da região, e reflexo no trânsito na cidade.

Ao mesmo tempo, a programação da Virada Cultural está ocorrendo em regiões próximas no centro da cidade.

Uma grande intervenção na cracolândia vinha sendo discutida entre policiais e representantes da prefeitura de São Paulo, que tem planos de instalar ali o programa Redenção. Até o final do mês passado havia, porém, um impasse sobre o sistema de segurança ostensivo no local, para evitar que a feira livre das drogas voltasse a imperar.

Essas respostas poderão ser dadas daqui a pouco pelo prefeito João Doria (PSDB) que participa de evento às 10h de um mutirão em Itaquera, na zona leste da capital.

A última grande operação do Denarc na cracolândia se deu em agosto do ano passado, quando 32 pessoas foram detidas sob a suspeita de integrar uma das células que abastecem a área de entorpecentes.

Esse grupo era liderado por representantes de movimento de sem-teto na capital, que, segundo a polícia, tinha como entreposto de drogas uma hotel ocupado pelo grupo, o famoso Cine Marrocos.
Plano de Doria na cracolândia

OPERAÇÕES E TUMULTOS

A cracolândia já foi alvo de uma série de operações das gestões Geraldo Alckmin (PSDB) e Fernando Haddad (PT) nos últimos anos, mas que não conseguiram impedir a concentração de usuários de crack e a presença dominante do tráfico.

Na região, Estado e prefeitura desenvolvem programas diferentes voltados aos dependentes. O programa Braços Abertos, criado em 2014 pela gestão Haddad, é baseado na redução de danos. O dependente é incentivado, pela oferta de emprego e renda, a diminuir o uso de drogas, sem necessidade de internação.

O Recomeço, instituído por Alckmin em 2013, trabalha a saída do vício com tratamentos que incluem isolamento em hospitais e comunidades terapêuticas.

Como desde o início do ano ambos são comandados por correligionários do PSDB, prefeitura e Estado vêm tentando agora articular conjuntamente um programa para combater o tráfico na região, evitando que ações policiais sejam disparadas sem o conhecimento da gestão municipal, como aconteceu em episódios anteriores.

Apoie o Diário do Litoral
A sua ajuda é fundamental para nós do Diário do Litoral. Por meio do seu apoio conseguiremos elaborar mais reportagens investigativas e produzir matérias especiais mais aprofundadas.

O jornalismo independente e investigativo é o alicerce de uma sociedade mais justa. Nós do Diário do Litoral temos esse compromisso com você, leitor, mantendo nossas notícias e plataformas acessíveis a todos de forma gratuita. Acreditamos que todo cidadão tem o direito a informações verdadeiras para se manter atualizado no mundo em que vivemos.

Para o Diário do Litoral continuar esse trabalho vital, contamos com a generosidade daqueles que têm a capacidade de contribuir. Se você puder, ajude-nos com uma doação mensal ou única, a partir de apenas R$ 5. Leva menos de um minuto para você mostrar o seu apoio.

Obrigado por fazer parte do nosso compromisso com o jornalismo verdadeiro.

VEJA TAMBÉM

ÚLTIMAS

Cotidiano

Vai atravessar? Mau tempo e maré baixa elevam tempo de espera na balsa

As balsas são gratuitas para ciclistas. Idosos e pessoas com deficiência têm embarque prioritário

Cotidiano

Polícia Militar encontra três corpos em comunidade no Guarujá

Os cadáveres foram encontrados a partir de uma denúncia anônima feita a corporação

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software

Newsletter