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Bolsonaro diz que problemas no Brasil são de origem espiritual

Na plateia, muitos fiéis usavam faixas na cabeça com dizeres religiosos e camisas com imagens da cruz

Jeferson Marques

Publicado em 12/06/2022 às 12:47

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Facebook/Jair Bolsonaro

A praia de Copacabana está lotada, mas, no lugar de biquínis e sungas, o que se vê neste sábado (11) de céu fechado e temperatura baixa são cruzes no pescoço, bíblias debaixo do braço e uma multidão disposta a louvar o nome de Deus em um dos pontos turísticos mais famosos do Brasil.

No posto dois, em frente ao Copacabana Palace, milhares de fiéis se reuniram no evento evangélico Esperança Rio, que começou a partir das 16h e trazia na programação nomes célebres da música gospel, como a cantora Aline Barros e o rapper americano KB.

Por volta das 18h, o presidente Jair Bolsonaro apareceu em telões e fez um rápido pronunciamento a distância.

Após citar a questão econômica, disse: "Temos um outro problema, este espiritual que o Brasil não está ausente, que é a luta do bem contra o mal".

Também afirmou, sob forte aplauso do público: "Nós bem sabemos o que queremos e o que defendemos. Somos contra o aborto, a ideologia de gênero e contra a liberação das drogas".

E concluiu: "Defendo a família e a liberdade como bem maior, a incluir a liberdade religiosa."

Segundo o Datafolha, a parcela da população brasileira que quer proibir o aborto em qualquer circunstância caiu no período de quase quatro anos. De dezembro de 2018 até hoje, o índice daqueles que dizem concordar com a total restrição da interrupção da gravidez no país recuou de 41% para 32%.

Na plateia, muitos fiéis usavam faixas na cabeça com dizeres religiosos e camisas com imagens da cruz. Uma dessas pessoas era a dona de casa Rosângela de Oliveira, 47.

Moradora de Bangu, a 49 quilômetros de Copacabana, ela diz que a expectativa era grande para o evento. "Jesus vai fazer uma grande obra, um grande mover aqui. O objetivo aqui é salvar vidas."

Evangélica há quatro anos, a dona de casa diz que deve a própria vida à ação divina. Em 2018, ela sofreu uma depressão profunda. "Cheguei e falei com Deus. Perguntei: 'Se você é esse Deus mesmo que todo mundo fala, muda a minha vida."

Para ela, eventos como esse são uma forma de unir pessoas que querem exaltar o nome de Deus, independentemente da religião. "Deus não escolhe entre evangélico, católico ou espírita. Pode vir católico ou candomblecista. Deus só olha para o coração."

A católica Elizabeth Nunes, 63, diz que decidiu comparecer ao evento por entender que a religião não é uma fronteira para quem quer celebrar Deus.

"Nós somos filhos de Deus. Isso independe de religião. Você é meu irmão, também é filho do criador. Deus é um só. Jesus é um só", diz ela, que não escondia o entusiasmo.

No calçadão, ela pulava e cantava toda vez que uma câmera passava filmando o público. "Essa iniciativa é maravilhosa por trazer a energia de Jesus Cristo. É ele que traz a direção aos jovens e esperança aos idosos."

O evento que reuniu os fiéis foi organizado pela Associação Evangelística Billy Graham. A entidade foi fundada nos Estados Unidos pelo pastor Billy Graham, considerado uma das maiores lideranças evangélicas do mundo.

Tido como uma espécie de papa do movimento evangélico, ele pregou para mais de 200 milhões de pessoas em 185 países, inclusive no Brasil, e morreu em 2018, aos cem anos.

Para minimizar problemas no trânsito por causa do evento, a Prefeitura do Rio montou um esquema especial, com alterações em vias de Copacabana, Botafogo e do aterro do Flamengo. A operação conta com a participação de 250 pessoas, entre agentes da Guarda Municipal e da CET-Rio (Companhia de Engenharia de Tráfego).

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