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Doria faz turnê da Coronavac pelo interior, ironiza Bolsonaro e pergunta onde está a vacina de Oxford

A vacina é a grande a aposta do governador de São Paulo, para nacionalizar seu nome, com objetivo de concorrer à Presidência da República contra Bolsonaro

Folhapress

Publicado em 19/01/2021 às 21:00

Atualizado em 20/01/2021 às 00:46

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O governador de São Paulo, João Doria, segurando um frasco da Coronavac / Reprodução/Twitter

O governos Jair Bolsonaro (sem partido) e João Doria (PSDB) travaram uma corrida pela primeira foto da vacina até os últimos minutos. O governador paulista venceu o páreo no domingo (17) e, desde então, não parou mais de tirar fotos como aquela.

A foto de Doria ao lado da primeira vacinada, a enfermeira Mônica Calazans, gerou irritação no governo Bolsonaro. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, classificou como jogada de marketing a ação, enquanto o presidente voltou a ironizar a vacina e dar declarações que desestimulam o uso do imunizante.

Doria, depois disso, iniciou uma turnê com a Coronavac, a vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan com a Sinovac, que até o momento é a única disponível no Brasil. Nos eventos, as imagens mimetizam a original, de Mônica, com Doria de pé ao lado de um profissional de sáude sendo vacinado.

O governador de São Paulo aproveitou para fazer uma série de ataques ao governo federal e ao presidente Jair Bolsonaro. Doria criticou o fato de o presidente ter colocado em dúvida a qualidade e eficácia do imunizante produzido pelo Instituto Butantan em diferentes ocasiões e lembrou que, até o momento, esta é a única vacina disponível no Brasil para vacinação contra Covid-19 -o governo federal negocia a importação de 2 milhões de doses da Oxford/AstraZeneca da Índia.

"Onde estão as outras vacinas? Será que mais uma vez, além de falta de seringas, agulhas, falta de logística, testes desperdiçados com prazo vencido... Até quando vamos ter a incompetência do governo federal diante de uma pandemia que já levou a vida de mais de 215 mil brasileiros?", questionou.

Doria ainda fez declaração de apoio à Fiocruz, instituição parceira no desenvolvimento da vacina Oxford/AstraZeneca, que também foi aprovada pela Anvisa neste domingo (17), mas cobrou o governo federal sobre a aquisição da vacina.

"Nós temos muito respeito pela Fiocruz e seus cientistas. Agora eu pergunto ao Ministério da Saúde: onde está a vacina da AstraZeneca? [...] O ministério nem considerava termos a vacina do Butantan, e hoje é a vacina do Butantan que está vacinando profissionais de saúde em todo o Brasil. Mas eu volto a perguntar ao presidente Jair Bolsonaro: onde estão as vacinas da AstraZeneca?", disse.

APOSTA - A vacina é a grande a aposta de Doria, para nacionalizar seu nome, com objetivo de concorrer à Presidência da República contra Bolsonaro.

Enquanto o governo Bolsonaro não consegue trazer da Índia 2 milhões de doses da vacina da Astrazeneca, em parceria com a Fiocruz, Doria segue viajando. No primeiro dia do tour do governador, ele passou por Botucatu e Campinas, onde técnicas em enfermagem também foram as primeiras vacinadas de suas cidades.

"Esse é o V da vacina, o V da vitória e principalmente o V da vida", disse Doria, em seu discurso no Hospital das Clínicas de Campinas.

Doria também aproveitou para alfinetar o governo Bolsonaro e dizer que o Brasil é o terceiro país do mundo em mortes.

"Nós temos aqueles que no Palácio do Planalto são negacionistas, dizem que é uma gripezinha, um resfriadozinho, pressa para quê?, e daí?, toma cloroquina que passa, não é comigo, fazendo aglomerações, não usando máscara. E, pior, ainda dizendo que quem usa máscara é maricas", disse Doria, em Botucatu.

No discurso, ele ainda disse que covarde é quem "comanda a república no Brasil, que não tem coragem de fazer o que tem que se fazer numa pandemia, que é proteger os brasileiros".

Nesta terça, Doria passou de manhã por Ribeirão Preto e ainda passaria por Rio Preto e Marília. Ele tem viajado acompanhado da responsável por imunizações no estado, Regiane de Paula, o diretor do Butantan, Dimas Covas, o secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, entre outros.

Questionado, o governo Doria não informou qual será o cronograma de viagens para os próximos dias.

Simultaneamente às ações de Doria, governadores também fizeram ações do gênero pelo país.

"Acho que os governos estão confundindo comunicação com marketing. A vacina merece uma boa política de comunicação, do ponto de vista do esclarecimento. Em muita medida, os governadores estão muito mais priorizando sair bem na foto, o que de certa forma acaba aumentando a politização da vacina", diz o cientista político Marco Antonio Teixeira.

Teixeira afirma que é natural que Doria leve o crédito por ter apostado na vacina, mas afirma que é preciso haver uma campanha esclarecedora, que não dê a impressão de que há vacina para todos.

"De um lado é legítimo que o Doria colha isso, não há dúvida nenhuma que a paternidade da vacina tem a ver com uma decisão política [dele]", diz ele, citando que políticas públicas de sucesso alavancaram carreiras como de Fernando Henrique Cardoso PSDB, no caso do Plano Real, e de Lula (PT), no caso do Bolsa Família.

"Mas a vacina não está disponível para todo mundo. É o momento de criar a boa comunicação, sobre o estoque real de vacina. Boa comunicação para a sociedade saber que os cuidados devem ser mantidos", acrescenta.

Para Teixeira, Bolsonaro, por sua vez, "ainda está sentindo a pancada". Ao investir na tentativa de capitalizar a distribuição da vacina pelos estados, acabou vendo sua imagem vinculada a uma ação desastrada do Ministério da Saúde.

Além disso, ele diz que agora o país colhe os resultados das ações desastradas de aliados do governo, como o deputado federal Eduardo Bolsonaro, que aumentaram as tensões com a China, onde estão parados insumos necessários à vacina no Brasil.

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