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Cotidiano

Prostíbulos se espalham por bairros residenciais de Santos

Morador chegou a pedir intervenção do Poder Público e das polícias por causa de casa no Canal 6

Carlos Ratton

Publicado em 18/06/2017 às 10:00

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Uma das imagens cedidas pelo denunciante mostra uma viatura da Guarda Municipal próximo do prostíbulo. Mas, segundo afirma, nenhuma autuação foi feita / Arquivo Pessoal

Bordel, casa de tolerância, inferninho. Não importa como são conhecidos, mas vários prostíbulos deixaram de ocupar somente a área central de Santos e passaram, também, a fazer parte da rotina de bairros como Marapé, Encruzilhada e Estuário.

A maioria não apresenta qualquer referência à atividade em sua fachada, funcionando em sobrados grandes, com vários cômodos. Para entrar, basta apertar uma campainha.

Outras possuem segurança na porta. As autoridades têm conhecimento da situação, mas pouco fazem para combater o crime de exploração sexual.

Cansado de reclamar na Ouvidoria da Prefeitura, no Comando da Polícia Militar (PM) e na Delegacia de Investigações Gerais (DIG) da Polícia Civil, um munícipe resolveu denunciar um prostíbulo que fica próximo à sua residência, localizada à Avenida Coronel Joaquim Montenegro (Canal 6), no Estuário. Detalhe, o quartel da Polícia Militar fica na mesma avenida.  O cidadão também apresentou o caso ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado ­(Gaeco).

Nela, ele revela que existem documentos que provariam que o estabelecimento tem como sócio um menor, filho do proprietário do negócio. “Menor não pode ­consumir bebida, não pode entrar em casas noturnas, mas pode ser sócio de prostíbulo?”, indaga­.

Barulho

Além do prostíbulo, que funciona já na parte da manhã, o proprietário do estabelecimento possui uma casa de shows que, segundo relata o munícipe, ­infringe o Código de Posturas do Município, pois a música alta começa às 19 horas e só termina às 7 do dia seguinte.

O munícipe, que prefere não se identificar  por medo de represálias, encaminhou gravações mostrando um veículo da Guarda Municipal no local, mas sem registrar qualquer atitude. Ele garante que viaturas da Polícia Militar já fizeram o mesmo.  

“Eles (guardas e policiais) chegam, conversam com os proprietários por cinco ou 10 minutos e vão embora, como se nada estivesse ocorrendo. O som alto continua, as mulheres também, os carros estacionados irregularmente permanecem”, garante.

Ele alerta que tem informações que a atividade funcionava em outro bairro e que encontrou,no final do Canal 6, um ambiente menos visível em função do pouco movimento­.   

Cadastro

O denunciante chegou a levantar os dados cadastrais do imóvel onde funciona o prostíbulo e descobriu que está registrado como bar e alojamento.

“Mas não precisa ser nenhum policial ou investigador para constatar que no local existem mulheres sendo exploradas. Elas ficam na porta desde às 9 horas. Tenho conhecidos que já frequentaram o local e confirmaram. Deve ter até menores”, acredita o denunciante.

Brigas

O munícipe ressalta que o ambiente vem tirando a paz da vizinhança por conta de brigas ocorridas no lado externo da casa, como ocorreu em 3 de junho último, em que até disparos de arma de fogo foram feitos.

Além da presença e permanência de mulheres fazendo programas no interior da casa, o morador confirma carros com som alto estacionado em via pública, consumo de bebidas alcoólicas e drogas ao ar livre, brigas, gritarias, e baderna até altas horas da madrugada.

Repórter no local

Não foi difícil confirmar a denúncia. Na última sexta-feira, por volta das 16 horas, a Reportagem esteve no local apontado pelo munícipe e descobriu  existência de até 10 mulheres em horários de maior movimento.  Segundo uma espécie de gerente, a Casa não aceita menores.  

No interior existe uma recepção, um bar, máquina de som, mesa de bilhar e outros equipamentos. Os quartos ficam na parte superior do imóvel.

O preço cobrado por programa é R$ 120,00 por meia hora e R$ 200,00 por uma hora. “Funciona em qualquer horário até às quatro horas da manhã, de segunda a sábado. Tem dias que temos oito, nove e até dez garotas”, informa a gerente.

Nos bairros

Também não é segredo outros locais semelhantes em Santos, principalmente do bairro do Marapé, como nas ruas Joaquim Távora, Benedito Ernesto Guimarães e Saturnino de Brito, esse último a poucos metros da Igreja São Judas Tadeu. Existe um próximo à Gota de Leite, na Encruzilhada.  Outros informados ao Diário do Litoral não puderam ser checados.     

Autoridades sabem

A denúncia de prostituição foi passada para a Ouvidoria da Prefeitura em dois momentos: no último dia 8, às 16h14; e dia 9, às 16h59. A Administração confirmou o registro.

O Diário procurou saber quais foram as providências e, como resposta, obteve o seguinte:  “o munícipe deve entrar em contato com a Ouvidoria Pública, nesta segunda-feira (amanhã), para passar detalhes sobre a ocorrência pelo 0800-112056.

Procurada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP-SP) informa que as polícias Civil e Militar utilizarão as informações para redirecionar o patrulhamento e investigar o crime de rufianismo na região.

Esse crime, informa  a  SSP-SP, consiste em manter um estabelecimento onde ocorra exploração sexual. O artigo 229 do Código Penal Brasileiro determina reclusão de dois a cinco anos e multa­.

A secretaria garante que as ações policiais são compartilhadas com o Poder Municipal (Executivo), responsável pela fiscalização de estabelecimentos comerciais que atuem de forma irregular­.

Finalizando, a pasta revela que nos quatro primeiros meses do ano, as polícias prenderam 107 criminosos na área do 7º Distrito Policial de Santos­.

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