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Cotidiano

Kayo, o amado de mais de 48 mil eleitores de São Vicente

Candidato da Rede cai nas graças do eleitor e tem mais votos que o deputado federal Alessandro Molon, no RJ, e Ricardo Young, em SP

Publicado em 08/10/2016 às 10:30

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Eleitores têm pedido que Kayo Amado dispute as eleições de 2018 como candidato a deputado / Rodrigo Montaldi/DL

A cada passo dado um pedido de foto, um abraço ou um aperto de mão. O motoqueiro grita: “Votei em você”. As moças da janela do escritório acenam. A criança comenta com a avó: “Minha mãe votou nele”. Andar pelas ruas de São Vicente sem ser abordado, depois do último domingo (2), é praticamente impossível. Kayo Amado, de 25 anos, o candidato que ficou em segundo lugar na corrida pela Prefeitura de São Vicente saiu do anonimato do início da disputa eleitoral e chamou a atenção de quase 50 mil eleitores da cidade. Com uma campanha de custo relativamente baixo – oficialmente R$ 12.081,41, até o momento declarado, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – ele fez das redes sociais da internet sua principal vitrine, já que tinha apenas 16 segundos na TV e no rádio.

“Quando a gente começou a campanha, a nossa página tinha por volta de três mil seguidores. Terminamos a campanha com quase 11 mil seguidores. Um engajamento maior que a página de candidatos que tinham mais seguidores, absurdamente maior. Nas redes sociais a gente dominou. A gente sabia o que fazer e sabia o que falar. A gente tinha credibilidade. Acho que essa é a palavra forte. Ter credibilidade faz as pessoas voltarem a acreditar”, afirmou Amado. Ele disputou a eleição ao lado do vice, professor Maykon Rodrigues (PSOL).

O candidato da Rede não contou com grandes estruturas para levar sua mensagem ao eleitor, como boa parte de seus adversários cujas despesas com comunicação representaram grande parcela dos investimentos de campanha. O apoio de amigos e voluntários foi fundamental para o desempenho do jovem. Nas redes sociais apostou nos vídeos ao vivo e em postagens com linguagem despojada e que mostravam as propostas do plano de governo. Mas foi na reta final, após a realização de dois debates televisivos, um ao qual precisou recorrer à Justiça para participar, que veio o crescimento. Por pouco menos de 800 votos, o pleito não foi para o segundo turno.

“A gente sempre acreditou na nossa mensagem. A gente tinha uma mensagem forte para passar. A gente só não tinha as grandes estruturas dos grandes financiadores e toda essa grande máquina que movimenta as campanhas eleitorais. E, sinceramente, a gente nem queria isso. A gente sabia que no momento exato conseguiríamos nos conectar com as pessoas. No caso da nossa campanha esse momento foi podermos ir aos dois debates. Eles foram cruciais. As pessoas começaram a nos reconhecer e a nos colocar como opção viável. No dia seguinte ao primeiro debate as pessoas começaram a me encontrar, perceber que era eu e acenar na rua”, afirmou o jovem.

Amado obteve 48.641 votos, passando à frente de nomes importantes de seu partido como o deputado federal Alessandro Molon, que concorreu à Prefeitura do Rio de Janeiro e obteve 43.426 votos, e do vereador paulistano Ricardo Young que conquistou 25.993 votos na disputa pelo Executivo de São Paulo. O resultado surpreendente tem feito o jovem receber ligações de políticos de variados partidos de todo o Brasil.

“O balanço é muito positivo. A gente conseguiu trazer de volta a esperança para muitas pessoas que estavam indignadas com a política, que iam votar nulo, em branco ou não iam votar. Eu não consigo contar a quantidade de pessoas de mais idade que disseram que não precisavam mais votar, mas que estavam indo votar porque tinham me visto ou porque os netos disseram que gostaram de mim. Isso é sem igual. Isso é a real vitória independente de qualquer resultado da urna, que também foi muito expressivo”, destacou Amado.

População sinaliza caminho para o Legislativo

Kayo Amado é formado em Gestão de Políticas Públicas pela Universidade de São Paulo (USP) com especialização em Ciência Política, qualidades que fez questão de ressaltar durante toda a campanha. Em 2012 saiu candidato a vereador pelo Partido Verde (PV), em São Vicente, e obteve um pouco mais de 800 votos. Diante da expressiva votação deste ano o caminho pode ser uma cadeira no Legislativo estadual ou federal. Ele não confirma a pretensão, mas diz que já tem sido cobrado pela população nas ruas.

“Eu tenho ido nas feiras agradecer a votação, e os feirantes só querem saber se eu vou ser deputado federal ou estadual. A gente ainda não teve tempo de fazer essa avaliação. Eu penso que é um caminho. As pessoas que a gente mobilizou de verdade e com o coração dizem que tenho sair candidato. Mas eu quero principalmente pensar na nossa cidade. A nossa cidade está vivendo uma grave crise”, destacou.

Amado também comentou a postura que deve adotar diante o governo do prefeito eleito Pedro Gouvêa (PMDB).

“Evidente que a gente tem uma responsabilidade absurda. Os nossos votos somados são mais que os votos do terceiro ao último colocado nessa eleição. Isso nos credencia como a principal força política de oposição na cidade, e é exatamente isso que vamos ser. Mas não uma oposição cega por oposição, porque isso a gente nunca foi. A gente sabe valorizar os bons projetos. A gente vai ficar no pé fiscalizando ato a ato, gasto a gasto, situação a situação que essa Prefeitura e essa Câmara decidirem fazer. Nós não entramos, mas eles vão ter que dormir com o barulho de 48.641 pessoas querendo falar”, destacou. 

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