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Entrevistas

Jilmar Tatto: A elite se utiliza de aparatos estatais para manter privilégios

Deputado estadual, federal, vice-presidente do Diretório Estadual e pré-candidato ao Senado pelo Partido dos Trabalhadores (PT), ele conversou com o Diáro

Carlos Ratton

Publicado em 25/06/2018 às 10:00

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Jilmar Tatto, como secretário estadual de Transportes em duas gestões beneficiou milhões de pessoas, e tornou-se referência em todo o Brasil / Carlos Ratton/DL

Deputado estadual, federal, vice-presidente do Diretório Estadual e pré-candidato ao Senado pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Jilmar Tatto, como secretário estadual de Transportes em duas gestões beneficiou milhões de pessoas, e tornou-se referência em todo o Brasil. Confira a entrevista:

Diário – Vale a pena ser político?
Tatto –
Sim, porque muda as vidas das pessoas. Se você tem seriedade, objetivo, ideologia, vale. Por que que a elite brasileira fala mal da política e dos políticos? Para que o povo cada vez mais se afaste dela e não participe.  O Lula (ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva), quando foi presidente, mudou a vida do povo. Tínhamos emprego, o Bolsa Família retirou milhares da miséria. Estávamos em pleno desenvolvimento econômico. Por isso, ainda acredito que vale a pena fazer política. 

Diário -  Mas está cada vez mais raro um político decente
Tatto –
Infelizmente. Quando ocorreu o impeachment da presidente Dilma (Rousseff), vi muita gente (deputados) com a bandeira e camisa do Brasil dizendo o seguinte antes do voto: pela família, pelos cristãos, por Deus, até por um torturador (Carlos Alberto Brilhante Ustra), enfim. Eu sempre desconfiei desses exageros moralistas. 

Diário – O PT paulista quer retomar duas vagas no Senado, eleger Luiz Marinho governador e garantir Lula presidente. É isso?
Tatto –
Temos duas vagas. Pretendemos eleger o vereador Eduardo Suplicy senador. Eu fui secretário com ele no Governo Fernando Haddad. Ele tem uma bandeira muito importante que é a da renda básica de cidadania. Então, pretendemos juntar experiência dele com a renovação, que seria meu nome. São estilos diferentes que se somarão. Outra coisa: foi Luiz Marinho, como ministro da Previdência do Governo Lula que acabou com as filas dos aposentados. O gatilho (aumento automático) do salário mínimo baseado na inflação também foi iniciativa do Marinho, quando ministro do Trabalho. 

Diário – O PT aprendeu alguma coisa durante o tempo que ficou no poder?
Tatto –
Espero que sim. Perdemos a oportunidade de fazer a reforma política. Parte do que ocorreu (escândalos envolvendo todos os partidos) tem a ver com o financiamento privado de campanhas. Fomos vítimas de algo que sempre defendemos e não fizemos. Deixamos de fazer uma reforma de Estado e fomos ingênuos em acreditar que a Polícia Federal, o Ministério Público e o Judiciário de forma geral fossem aparatos de Estado independentes. Eles têm lado, sim. O do poder econômico, da elite, de quem tem influência. A história sempre nos ensinou que a elite, quando percebe que não dá para defender seus interesses, se utiliza dos aparatos estatais para manter privilégios. 

Diário – Como você vê o processo de redemocratização, o povo e os partidos liberais? 
Tatto –
Não tivemos o devido cuidado de explicar o quanto os regimes ditatoriais foram ruins para o Brasil. O PT conseguiu incluir milhares de jovens no Ensino Superior, mas uma parte acabou não percebendo esse avanço e votando contra nós. Faltou consciência política. Há um movimento internacional, patrocinado por organismos americanos, injetando milhões de dólares na América Latina para formar uma juventude de direita, como o Instituto Milênio, o MBL e outros que estão entrando nas universidades, principalmente as caras e pagas. Esse movimento patrocina sites e outras ferramentas de comunicação para eleger vereadores, deputados, enfim. 

Diário – Estamos lutando para manter a democracia em pleno século 21? 
Tatto -
O pacto da democracia é que quem tem armas não pode participar da política. Por isso, é um erro quem defende intervenção militar. Democracia se faz no voto. Só eleições livres mudam a vida do povo. No dia que abandonarmos esse método de escolha, toda sociedade brasileira perderá. 

Diário – Você foi secretário de Transportes de São Paulo e promoveu avanços. Poderia citar alguns?
Tatto –
Implantei o Bilhete Único, que beneficiou sete milhões de pessoas que percorrem todo o sistema paulistano pagando apenas uma passagem. O controle é total da Prefeitura. Fizemos os corredores de ônibus, que também agilizou muito o fluxo pois são cerca de 500 quilômetros de faixas exclusivas de ônibus. Temos também 460 quilômetros de ciclovias. O que você imaginar de mobilidade e sistema de transportes na cidade de São Paulo tem minha mão. 

Diário – Qual serão suas bandeiras no Senado?
Tatto –
Não podemos mais penalizar o usuário do transporte público. Os usuários de carros têm que financiar uma parte do transporte e o vale-transporte tem que ser pago pelo empresário, sendo usado, ou não, pelo trabalhador. Isso porque o transporte está à disposição sempre. Vou defender a soberania nacional, pois acredito que o golpe que foi dado foi justamente para vender nossas riquezas naturais. Estão fazendo lotes e lotes do pré-sal. Não podemos privatizar a Eletrobrás. Temos que promover a Reforma Política urgente. Pacto Federativo também, além da acabar com a guerra fiscal. 

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