Odete e Cesar em Vale Tudo / Globo/Estevam Avellar
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O remake de "Vale Tudo", escrito por Manuela Dias, não apenas atualiza a trama original, mas também presta homenagens aos 60 anos da TV Globo. A novela faz referência a obras anteriores da emissora, incluindo elementos de folhetins clássicos como "Amor de Mãe", "Renascer" e "Belíssima".
Um dos momentos mais emblemáticos é a homenagem à vilã Odete Roitman, interpretada originalmente por Beatriz Segall. Na nova versão, a personagem de Débora Bloch é encontrada morta vestindo uma roupa inspirada na versão original, criando uma conexão direta com a memória afetiva dos telespectadores e reforçando o legado da atriz.
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A produção também incorporou referências sutis a outras novelas da Globo, permitindo que o público identifique conexões com produções antigas e contemporâneas da Globo. Essas inserções não alteram a trama principal, mas enriquecem a narrativa com camadas de história e tradição da teledramaturgia.
A novela reutilizou um cenário clássico de "Renascer" (2024) no capítulo marcado pela tensão crescente entre Maria de Fátima (Bella Campos) e o capanga Celso (Álamo Facó). Segundo internautas, o cativeiro era o mesmo em que Egídio (Vladimir Brichta) usava para esconder o cacau roubado de José Inocêncio (Marcos Palmeiras).
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A trama adaptada por Bruno Luperi também ganhou outra referência em um desabafo recente de Fátima, no qual ela dizer que "é injusto, é mais do que injusto" o fato de voltar à pobreza. A citação foi inspirada na frase "é justo, é mais do que justo, é justíssimo" do coronel Belarmino (Antonio Calloni).
A homenagem também se estende a outras personagens icônicas, como Bia Falcão (Fernanda Montenegro), uma mulher cruel, fria e manipuladora, que também tentava controlar a vida dos filhos depois de adultos. A vilã de "Belíssima" (2005) também forjava a própria morte ao lado de Mateus (Cauã Reymond).
Esta referência seria uma maneira de celebrar a contribuição de Reymond frente às câmeras, além de prestigiar o talento do diretor e roteirista Silvio de Abreu, que acumula várias novelas de sucesso na Globo, incluindo "A Próxima Vítima" (1995).
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Por falar nisso, o folhetim teria sido referenciado por Maria de Fátima em relação ao fato de Odete tentar exterminar seus rivais antes de morrer. A personagem não escondeu o medo de ser a "próxima" na mira da vilã das vilãs.
O legado do diretor ainda foi lembrado por meio de Cecília (Maeve Jinkings) e Laís (Lorena Lima), já que, no passado, o diretor sofreu represálias por incluir um casal lésbico no roteiro de "Torre de Babel" (1998). Embora não tenha destaque, a autora retrata o arco homoafetivo com a mesma sensibilidade.
Outra homenagem foi para "Laços de Família" (2000) e envolve a icônica cena em que a personagem Camila (Carolina Dieckmann) raspa o cabelo durante o tratamento de câncer. No remake, o personagem Afonso (Humberto Carrão) passa por uma situação similar ao descobrir que está com leucemia, porém a emissora amenizou a trama colocando uma prótese maquiada em sua cabeça.
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Manuela Dias não perdeu a chance de brincar com o próprio legado. A autora inseriu referências diretas a suas produções anteriores, como "Amor de Mãe" (2019), ao desenvolver a dinâmica intensa entre mãe e filha nos perfis de Maria de Fátima e Raquel Acioli (Taís Araújo).
E por falar em Raquel, a jornada da cozinheira ainda fez referência direta à novela "A Dona do Pedaço" (2019), protagonizada por Juliana Paes e dirigida por Walcyr Carrasco. A trama também incluiu conflitos familiares e realities de culinária.
Na reta final de "Vale Tudo", a autora ainda recriou uma cena emblemática de "Justiça 2" (2024), aplicando o mesmo tom investigativo e a montagem entrelaçada para revelar os suspeitos do assassinato de Odete Roitman, um aceno sagaz aos fãs atentos de sua obra.
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Com essas homenagens e atualizações no roteiro, a nova versão de "Vale Tudo" revisita a história clássica e ainda celebra a evolução da teledramaturgia brasileira e o legado eternizado pela TV Globo.